Festival de Finos Filmes reúne diretores internacionais e exibe 10 curtas selecionados

Uma image de notas de 20 reais
Há sessões gratuitas e pagas; destaque para exibição da animação Tartaruga Vermelha
(Divulgação)
  • Programação vai de 26 a 30 de setembro e inclui masterclasses gratuitas com os holandeses Job, Joris e Marieke, e Miquel Martí Freixas
  • Felipe Poroger, criador do evento, afirma que festival também ajuda a consolidar filmes no mercado e espera 60 pessoas por sessão
Por Anna Scudeller

[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
Entre esta sexta-feira (26) e a próxima terça-feira (30), São Paulo recebe o 12º Festival de Finos Filmes, com a exibição de curtas-metragens premiados no Brasil e ao redor do mundo, além de masterclasses gratuitas abordando o fazer cinematográfico, como curadoria e distribuição. Felipe Poroger, criador e organizador, espera impactar cerca de 100 pessoas por turma nos cursos rápidos. Nas sessões, que abrangem Reag Belas Artes, Cinusp, Museu de Imagem e Som (MIS), a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e, no Centro, o Cineclube Cortina, na República, a expectativa é manter a média de 60 presentes por exibição. “Analisamos mais de 300 filmes inscritos e chegamos a dez”, afirmou em entrevista à AGÊNCIA DC NEWS. Ele define o evento como uma tentativa de entender “a partir dos filmes que tipos de temas, de imagens e de Brasil estão sendo veiculados aqui e no exterior”.

Embora não sejam um evento fixo anual, as masterclasses – chamadas de Encontros Cinemália, nome da incubadora de filmes e co-produtora do festival, também de Poroger – são incorporadas à programação sempre que há oportunidade. A aposta na atual edição é a parceria com o Consulado Geral do Reino dos Países Baixos em São Paulo, que traz turmas sobre cinema de animação com os diretores holandeses Job, Joris e Marieke, indicados ao Oscar e ao Emmy em 2015 com a animação Uma Vida Única. Haverá ainda um encontro para tratar sobre curadoria de festivais, com Miquel Martí Freixas, curador do Festival de Rotterdam. Segundo Poroger, a colaboração do festival com a Cinemália garante que os filmes selecionados não apenas sejam exibidos, mas também recebam o apoio necessário para se consolidarem no mercado.

O festival se divide em sessões gratuitas e outras com a renda revertida para instituições solidárias, algo iniciado durante a pandemia, quando o evento ocorreu remotamente. “Entendemos que poderíamos também ser um veículo para contribuir de forma financeira para todo aquele momento de calamidade”, disse. A edição ainda sela a parceria com o Cinema Sem Sulfito, iniciativa que une a sétima arte e gastronomia sustentável: será exibido o longa-metragem indicado ao Oscar em 2017, Tartaruga Vermelha, no sábado (27), com degustação de produtos do Projeto A.MAR e Vivente Vinhos Vivos. Devido ao caráter da sessão, os ingressos estão a R$ 95. Os ingressos das outras exibições pagas estão a R$ 12,90, disponíveis na plataforma Sympla. O Fininhos, sessão infantil com atividade lúdica para as crianças, terá a curadoria do Festival d’Annecy (França) – o mais importante evento de animação do mundo –, com uma seleção de curtas-metragens que se destacaram na edição de 2025 do festival francês.

Escolhas do Editor

Apesar de ser um festival de curtas, a sessão final do festival é de um longa-metragem: A Hora e Vez de Augusto Matraga, clássico de Roberto Santos de 1965. Após a sessão, haverá um bate-papo com o escritor José Bortoluci sobre a obra de Guimarães Rosa, na qual o filme se baseia. O motivo da escolha é uma confluência de fatores: a história do festival, originalmente pensado para e por universitários e jovens do ramo, a demanda por exibições de filmes tidos como clássicos e a trajetória profissional de Poroger. “É sempre uma questão de oportunidade como as coisas aparecem”, disse. “Piscou ali em Veneza esse filme e falei, ‘caramba’. E nos últimos tempos, estou mais próximo da literatura.” Felipe Poroger lançou o romance Alguém Sobrevive Nesta História em fevereiro pela editora Todavia. “Pensei como esse filme é genial e me deu vontade de fazer uma sessão que entrelaçasse cinema e literatura”, afirmou. Ele conta que ao ir à mostra recente no Reag Belas Artes do cineasta russo Andrei Tarkovski, morto em 1986, apenas mostrou que a decisão foi acertada. “Estava em uma sala de 200 lugares lotada e isso é genial.”

COMEÇO – Seguindo a frase icônica do diretor brasileiro Glauber Rocha (1939-1981) de que se faz cinema com “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, a ideia de Poroger promover um festival do tipo é de 2013. A primeira edição, no ano seguinte, ocorreu num contexto que ele lembra como “um momento de otimismo geral”, em especial pelo foco em jovens cineastas. O motivo para isso, ele diz, é que o curta-metragem exige um tempo de pós-produção menor que um longa-metragem tradicional. “Ele responde até que muito rápido à realidade. Então era muito claro o tipo de ânimo”, disse.

Desde então, o festival se sustenta por meio de uma rede robusta de parcerias e apoios, mas nenhum aporte. Em especial do MIS, que com ele entrou o apoio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo e da CultSP que, assim como o Cinusp, integra o quadro de cinemas exibidores do festival desde a primeira edição. A inclusão mais recente é o Cineclube Cortina, bar e cinema de rua localizado na República, que abriu em 2022 no lugar de um estacionamento. “A partir do MIS, fomos conseguindo mais apoio com o tempo.”

Voltar ao topo