Toyota dará férias a 5.700 trabalhadores, fará lay-off e vai manter salários após destruição em fábrica

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Toyota dará férias coletivas emergenciais a 5.700 trabalhadores de suas unidades no Brasil após o vendaval que destruiu, na segunda-feira (22), a fábrica de Porto Feliz (118 km de SP).

Os funcionários também terão lay-off -suspensão temporária do contrato de trabalho- a partir de outubro e receberão 100% do salário para quem ganha até R$ 10 mil.

A produção da montadora está parada. As propostas estão sendo votadas nos sindicatos das três plantas brasileiras, que incluem Sorocaba (99 km de SP) e Indaiatuba (98 km de SP). O resultado deve ser conhecido na segunda-feira (29).

À Folha a Toyota explica que a paralisação se dá porque é na fábrica de Porto Feliz que são produzidos os motores para os veículos fabricados em Sorocaba e Indaiatuba, onde são montados o Corolla e Yaris Cross, que chegaria às lojas em novembro.

A empresa ofereceu ainda aos trabalhadores pagamento de parte dos dias parados, com futura compensação por meio de banco de horas, e a manutenção de todos os benefícios como plano de saúde, vale-alimentação e PLR (Participação nos Lucros e Resultados), que chega a R$ 21,5 mil.

Para salários acima de R$ 10 mil, haverá um escalonamento do valor a ser pago pela montadora. As férias coletivas vão de 1º a 20 de outubro.

Durante o lay-off, que deve durar de 60 a 150 dias a partir de 21 de outubro, os contratos de trabalho ficam suspensos e os trabalhadores precisam estar inscritos no programa bolsa-qualificação. A Toyota está buscando cursos (presenciais ou online) e estrutura para manter proximidade com os empregados.

Neste período, o governo federal paga parte dos salários com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) por meio do seguro-desemprego. O restante da renda é custeado pela empresa. Os funcionários, no entanto, são obrigados a participar dos cursos.

“É importante enaltecer a conduta da empresa neste momento. Estão sendo transparentes e não estão medindo esforços para que sejam mantidos empregos”, afirma Leandro Duca, secretário de administração e finanças do Sindicato dos Metalúrgicos de Itu e Região, do qual Porto Feliz faz parte.

“Segunda-feira a gente vai apurar o conteúdo da votação [que está ocorrendo online], e através do setor de recursos humanos da empresa, vai notificar dos resultados ao trabalhadores e próximos passos a serem tomados”, diz.

Inicialmente, a Toyota havia proposto pagar 100% dos salários aos trabalhadores que ganham até R$ 4.500, mas os sindicatos não aceitaram e voltaram a negociar.

“Diante de toda a destruição que aconteceu, a direção estava muito preocupada com os trabalhadores e como ia ficar, e a gente tinha preocupação de não conseguir uma negociação como a que a gente conseguiu. Eu acho que foi uma negociação sensata e com nosso trabalho reconhecido pela empresa”, afirma Manoel Neres de Sousa, presidente do Sindicato de Itu.

Jair dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, que atende a planta de Indaiatuba, diz que historicamente o sindicato é contra a adoção do lay-off, medida que nunca ocorreu na sua base sindical, com 65 mil metalúrgicos. Contudo, diante do estrago, diz que não vê outra saída.

Toda a estrutura da fábrica de Porto Feliz foi abalada, e a previsão é que a produção só seja retomada em 2026.

Os sindicatos afirmam que uma das preocupações é com os sistemistas, que são trabalhadores de empresas na cadeia de produção da montadora, mas que não há muito a fazer. Há ao menos 5.000 profissionais envolvidos, parte deles deve ser demitida.

“Fica difícil porque mesmo que se adote o lay-off para os sistemistas, muitos deles vêm de situações nas quais já receberam o seguro-desemprego, então não podem participar. Neste sentido, teremos algumas demissões”, afirma Duca.

A montadora pretende manter os contratos de exportações de motores com Estados Unidos e Argentina enviando peças produzidas nas suas unidades na Ásia. Assim, quando retomar a produção, poderá manter o volume da atividade anterior.

Segundo a montadora, em uma primeira análise, a retomada da planta de motores deverá levar meses e, considerando a situação, a empresa disse estar buscando alternativas de fornecimento de motores junto a unidades da Toyota em outros países, com o objetivo de retomar a produção de veículos nas plantas de Sorocaba (SP) e Indaiatuba (SP).

O QUE A TOYOTA PROPÔS

– De 26 a 30 de setembro: Trabalhadores serão remunerados normalmente, assim como nos dias 23 até agora, e os dias não trabalhados entram em banco de horas, a ser pago no futuro

– De 1º a 20 de outubro: serão concedidas férias coletivas emergenciais

– A partir de 21 de outubro: Início do regime de lay-off, com previsão mínima de 60 dias e possibilidade de estender até 150 dias

COMO FICARIAM OS SALÁRIOS DURANTE O LAY-OFF

– Pagamento dividido entre a Toyota e o governo, por meio do bolsa-qualificação.

– Manutenção dos benefícios, como PLR, assistência médica e vale-refeição

FAIXAS SALARIAIS DURANTE O LAY-OFF

– Até R$ 10 mil: 100% do salário

– R$ 10.000,01 a R$ 13 mil: 95%

– R$ 13.000,01 a R$ 14,5 mil: 90%

– Acima de R$ 14,5 mil: 85%

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