Empresa de hospedagem em beira de estrada planeja expansão e quer preencher lacuna do setor

Uma image de notas de 20 reais

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – De tanto viajar de carro e dormir em postos de gasolina nas margens de rodovias, Anderson Souza, 32, teve uma ideia.

Se as grandes redes de hotéis não estavam dispostas a oferecer opções em beiras de estradas, por que ele não poderia fazer algo quanto a isso?

Assim que montou o primeiro protótipo, percebeu que seu projeto poderia dar certo. Ele examinava o módulo, instalado ao lado do posto em Irati, no interior do Paraná, quando chegou um casal perguntando se já poderia se hospedar.

“É surreal a demanda que existe. E é uma demanda que redes como o Íbis não vão conseguir atender”, afirma Souza, criador e CEO do Hotel Inbox.

A empresa começou em 2021 e hoje são três unidades na região Sul. Nove estão em construção e outras 30 franquias foram vendidas, afirma o fundador. A primeira no estado em São Paulo será em Aparecida (170 km da capital), no posto Arc-Íris. Souza afirma ter fechado acordo com uma rede de postos de combustíveis Monte Carlo, em Santa Catarina e Paraná, para instalar o Hotel Inbox.

Também estão em obras unidades no Nordeste e há negociação com representantes de outros postos, diz ele.

O Hotel Inbox é feito de estruturas pré-moldadas individuais de steel frame, sistema formado por peças de aço galvanizado. Unidas, elas formam a base da unidade. Seu funcionamento é 100% autônomo. Não há contato humano. O cliente faz a reserva e pagamento por WhatsApp ou site, recebe um código, se hospeda e vai embora. Cada uma tem 15 metros quadrados e é uma suíte com roupa de cama, travesseiros e toalha, ar-condicionado, TV e banheiro com espaço para banho.

Há um funcionário em cada posto para fazer a limpeza e trocar a roupa de cama e toalhas quando cada hóspede sai, diz Souza.

“É uma alternativa de tecnologia e inovação no segmento da hotelaria, que é bem antigo. É um setor muito carente de inovação.”

O valor da hospedagem varia de acordo com o local e a época do ano. Segundo o CEO, gira entre R$ 130 e R$ 150 por noite para diária que começa às 16 horas e termina ao meio-dia seguinte.

“Estamos planejando incluir um preço intermediário, para quem quer apenas descansar depois do almoço. Por enquanto, 100% do nosso público chega entre às 21h e 22h e vai embora por volta das 7h na manhã seguinte”, completa.

O Hotel Inbox possui uma característica principal: estar instalado em um posto que fique aberto por 24 horas.

A tese de Souza é que existe uma lacuna no mercado de hotelaria. Dos 5.570 municípios do Brasil, 5.251 têm menos de 100 mil habitantes. Isso, em teoria, os torna menos atrativos para as principais companhias do setor.

Pelos dados do Ministério do Turismo, a estimativa é que existam cerca de 31 mil hotéis, pousadas ou outros meios de hospedagem no país.

Por enquanto, a empresa se desdobrou para investir com recursos próprios. Para expandir a operação, o CEO decidiu adotar o modelo de franquias. O projeto é mandar para os franqueados uma construção modular em que um novo Hotel Inbox fique pronto em menos de um mês. No início, ele pensou em utilizar contêineres. Chegou a comprar um para testar, mas achou que a qualidade da hospedagem oferecida não era boa.

Para o executivo que abandonou o trabalho de vendedor de software para investir em sua ideia, as últimas semanas têm sido insanas. Ele planeja seu casamento, passa os dias em reuniões para vender seu projeto e expandir a rede e responde a e-mails. Ou a quase todos.

“A partir da virada do ano, vamos conversar com pessoas do exterior, porque temos mensagens dos Estados Unidos, de Portugal, da Espanha, Polônia e Grécia. Sempre tem também gente se dizendo de fundos de investimentos. Mas esse não é o caminho que quero, por enquanto. Eu vejo que a conta do nosso negócio fecha. É lucrativo. Isso é o que interessa”, diz, animado.

Ele atribui a atenção no exterior a um vídeo que postou da unidade na rodovia Régis Bittencourt, depois repostado por influenciador polonês e chegou a 7,5 milhões de visualizações.

“Empreender no Brasil é uma aventura, na construção civil é mais ainda. Mas se você não enfartar, pode dar certo. Tem muita gente fazendo construção modular e buscando soluções que deem agilidade. Muitas construções de chalés, a China entrando forte vendendo cápsulas, empresas americanas com casas dobráveis… Estamos nessa briga”, conclui Anderson Souza.

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