Candidato de Milei para Buenos Aires evita responder sobre suposta ligação com narcotráfico

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BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – A ideia era que José Luis Espert fosse à TV dar uma explicação contundente aos argentinos para as acusações de que teria recebido US$ 200 mil (cerca de R$ 1 milhão) de um acusado de envolvimento em fraudes e narcotráfico, conforme aponta um tribunal dos Estados Unidos.

Porém, a entrevista ao canal A24, na noite de quarta-feira (1º), dada pelo principal candidato na província de Buenos Aires do partido de Javier Milei para as eleições legislativas de 26 de outubro, repercutiu pelos motivos errados para o governo.

O deputado, que busca um novo mandato, foi pressionado pelos jornalistas a responder se tinha ou não recebido os dólares de Fred Machado (acusado de narcotráfico e em prisão domiciliar na Argentina, enquanto aguarda um pedido de extradição da Justiça dos EUA). Mas preferiu sair pela tangente.

“Eu não vou participar desse jogo armado por [Juan] Grabois”, disse o partidário de Milei, em referência a um adversário peronista que entrou com uma ação para que ele também seja investigado na Argentina. “Vou responder a ele na Justiça.”

“Em 2020 não era candidato e nem político, trabalhava no setor privado. Posso justificar todo o dinheiro que tenho”, disse o deputado aos jornalistas, que seguiram insistindo para que ele respondesse claramente à acusação.

Ao ser questionado sobre o caso que tramita nos Estados Unidos, em que seu nome aparece em uma planilha contábil da empresa de Machado, Espert classificou como o documento como “um papel falso de uma contabilidade paralela” e se esquivou novamente da pergunta. Em seguida, ele foi questionado por uma terceira vez se havia ou não recebido dinheiro do empresário e reafirmou que não iria responder.

Segundo a Justiça dos EUA, Espert teria recebido os recursos durante a campanha de 2019, em que ele concorreu à Presidência. Machado também emprestou um avião particular ao deputado, para que ele apresentasse um livro no interior da Argentina.

Espert falou que, ao entrar na política, muitas pessoas se aproximaram dele, tanto apoiadores quanto detratores. Ele explicou que, ao iniciar sua carreira pública, utilizou veículos fornecidos por seu partido e que não administrava diretamente os fundos partidários.

Vindo, em 7 de setembro, de uma dura derrota que o governo sofreu nas eleições legislativas locais em Buenos Aires, o partido de Milei agora precisa lidar com um novo escândalo.

Milei, que se refere a Espert como “professor”, redobrou o apoio ao candidato. “Se eu acreditasse que alguém é sujo, eu o teria expulsado, mas não vou me deixar manipular ou dar a eles [peronistas] o direito de sujar pessoas honestas. É claro que é uma operação ridícula”, disse o presidente na quarta-feira à Rádio Mitre.

O incômodo com Espert, no entanto, já é evidente entre aliados de Milei. Patricia Bullrich, ministra da Segurança e candidata a senadora pela cidade de Buenos Aires, pediu em uma entrevista que ele volte à mídia para esclarecer as acusações.

“É importante esclarecer. Parece que quando ele participava de uma outra eleição, uma pessoa metida no narcotráfico se aproximou dele. Não podemos aceitar uma conduta de alguém assim”, disse a ministra.

Bullrich aproveitou para criticar a oposição, que ela alega estar manipulando as instituições para desgastar o governo desde a divulgação de áudios apontando uma suposta rede de corrupção na compra de medicamentos beneficiando a irmã de Milei, Karina.

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