WASHINGTON, EUA, E CAIRO, EGITO (FOLHAPRESS) – O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou neste domingo (5) que a ofensiva militar para tomar a Cidade de Gaza segue em andamento e que já deslocou aproximadamente 900 mil palestinos de suas casas. Antes do conflito, cerca de 1 milhão de pessoas viviam no maior centro urbano do território.
As declarações foram feitas durante preparações para uma rodada de negociações no Egito após o grupo terrorista Hamas anunciar que aceita parte do plano dos Estados Unidos para o fim da guerra em Gaza. Apesar das conversas indiretas, Tel Aviv continua bombardeando o território.
A ofensiva destruiu vários edifícios residenciais, de acordo com relatos feitos à agência Reuters. As autoridades de saúde palestinas, controladas pelo Hamas, afirmaram que ao menos 16 pessoas morreram no domingo.
“A decisão de ocupar Gaza, o desabamento de edifícios de vários andares e a intensidade das operações das Forças de Defesa de Israel na cidade provocaram a evacuação de cerca de 900 mil residentes em direção ao sul”, declarou Katz em um discurso em Jerusalém. O presidente dos EUA, Donald Trump, que pediu pelo fim dos bombardeios devido às negociações, afirmou que Israel havia concordado com uma “linha inicial de retirada” dentro de Gaza.
Um porta-voz do governo israelense disse neste domingo que não há cessar-fogo em vigor, apenas uma suspensão temporária de certos bombardeios. O Exército pode continuar a agir em Gaza por motivos de defesa, acrescentou Shosh Bedrosian.
O chefe da diplomacia dos EUA, Marco Rubio, afirmou neste domingo que a guerra “não terminou”, mas que o Hamas concordou com a proposta do presidente Donald Trump e com o plano para a libertação dos reféns, enquanto ocorrem reuniões para coordenar a logística desse processo.
“Eles também concordaram, em princípio e de forma geral, em entrar nessa ideia sobre o que vai acontecer depois”, disse Rubio. “Muitos detalhes ainda precisarão ser resolvidos.” Ele afirmou que os EUA saberão “muito rapidamente” se o Hamas está falando sério ou não durante as atuais conversas.
O Hamas declarou também neste domingo que deseja alcançar um acordo e iniciar “imediatamente” uma entrega de reféns antes mesmo do início das negociações no Egito.
Os mediadores das conversas indiretas entre Tel Aviv e o grupo terrorista afirmaram que esse movimento representa uma oportunidade real para alcançar um cessar-fogo concreto após quase dois anos de guerra.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou no sábado que instruiu seus negociadores a concluírem os “detalhes técnicos” do pacto. O Egito confirmou que receberá uma delegação do Hamas. O enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e Jared Kushner, genro de Trump, foram escalados para participar.
As tratativas começam às vésperas de se completarem dois anos desde o início do conflito em Gaza, com o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. Netanyahu declarou que espera que os reféns israelenses sejam libertados para a festa judaica de Sucot, que começa na segunda-feira (6) e dura sete dias.
O Hamas aceitou na sexta-feira (3) partes da proposta de Trump, e no mesmo dia o gabinete de Netanyahu afirmou que “Israel está preparado” para a implementação imediata da primeira fase do plano.
Várias questões, no entanto, continuam sem solução, como se o Hamas aceitará se desarmar –uma das principais exigências de Israel.
O Hamas concordou também com uma das exigências vistas como mais trabalhosas do plano: aceitou abrir mão do poder na Faixa de Gaza e entregá-lo a um governo tecnocrático, como queria Trump.