SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As provas do CNU 2025 (Concurso Nacional Unificado) mantiveram o estilo característico da FGV Conhecimento, com enunciados longos e questões que exigem interpretação e aplicação prática de conteúdos.
Professores de cursos preparatórios ouvidos pela reportagem afirmam que os exames aplicados neste domingo (5) valorizaram a interpretação dos textos, com menos ‘decoreba’ e mais leitura e compreensão de casos.
Nos blocos de nível superior, os especialistas avaliaram que a prova foi mais cansativa do que difícil. Segundo os professores, o formato favoreceu candidatos que mantiveram uma rotina consistente de estudos e estavam acostumados à leitura de textos longos.
Alguns especialistas observaram que o tempo de prova foi suficiente para quem se preparou adequadamente, mas que, devido aos enunciados extensos, muitos candidatos precisaram acelerar o ritmo na parte final.
Com relação às provas de nível médio, Luiz Rezende, coordenador pedagógico do Qconcursos, afirma que os temas de interpretação de texto em português e de mudanças climáticas seguiram o que já era esperado da banca.
Segundo ele, a prova manteve o padrão da FGV, com enunciados mais interpretativos e menos voltados à memorização. O formato, diz, se diferencia da edição anterior do concurso, organizada pela Cesgranrio.
Sobre as provas de nível superior, o coordenador considerou o exame de “altíssima complexidade”. Ele destacou que as questões específicas foram bastante detalhadas tecnicamente, assim como as de conhecimentos gerais.
“As questões cobraram muito sobre administração financeira e orçamentária e sobre sistemas estruturantes da administração pública”, afirma. Segundo Rezende, muitos candidatos relataram que a prova foi cansativa e que não conseguiram finalizá-la no tempo previsto.
A professora Aline Menezes, fez a prova do bloco 1 e disse que o exame não foi um dos mais difíceis já elaborados pela FGV, mas que também não pode ser avaliado como fácil. Segundo ela, a extensão dos textos testou não só o conhecimento, mas também a resistência e a estratégia dos candidatos.
Aline também destacou que o formato da prova objetiva já indica o caminho das próximas etapas. Com isso, as provas discursivas devem seguir cobrando casos hipotéticos que peçam análise a partir do conhecimento técnico.
Carlinhos Costa, coordenador das carreiras educacionais do Gran Concursos, fez a prova do bloco 2 e avaliou que o exame não apresentou um nível muito alto de cobrança, mas exigiu bastante dos candidatos por conta da extensão dos textos.
Segundo ele, as questões sobre digitalização do serviço público e proteção de dados ganharam destaque. Também houve forte presença de temas ligados a políticas públicas -tanto nos conhecimentos gerais quanto nos específicos. No eixo de educação, prevaleceram questões sobre legislação.
Raylton Carvalho, professor do Gran Concursos que fez a prova do bloco 4 (área de engenharia), diz que as questões foram bem elaboradas e técnicas, exigindo dos candidatos domínio de diferentes áreas do conhecimento. Segundo ele, o exame apresentou qualidade superior à da primeira edição do CNU.
Os professores do Gran Concursos Eduardo Cambuy e Andrielle Capote fizeram a prova do Bloco 5 -de administração- e também consideraram o exame complexo e cansativo.
Cambuy destacou que a parte de conhecimentos gerais foi apresentada dentro do previsto, enquanto os eixos específicos se destacaram pelo peso maior na abordagem doutrinária e conceitual.
Andrielle disse ainda que os enunciados longos realmente exigiam bastante dos candidatos. Ela reforçou a cobrança em temas de políticas públicas, o que já era esperado, mas também apontou a presença de questões sobre inovação e transformação digital.
No geral, segundo a professora, a prova manteve o “estilo FGV”, que costuma deixar o candidato em dúvida entre duas alternativas muito próximas. Ela afirma também que quem não conseguiu administrar bem o tempo provavelmente precisou “acelerar no final”.
Júlio Cezar Silva, professor do Gran Concurso que fez a prova do bloco 6, diz que o exame foi extremamente extenso para o tempo disponível e contou com poucas questões consideradas fáceis. Segundo ele, houve uma forte inter-relação entre os conteúdos, com destaque para temas ligados à desigualdade social e à economia brasileira.
O professor observou que a prova poderia ter sido mais enxuta em relação aos textos e classificou o exame como bastante técnico -o que favoreceu os candidatos que realmente se prepararam.
Luciana Guimarães, professora do Gran Concursos que realizou a prova do bloco 7, afirmou que o exame não fugiu do esperado dentro dos temas de tecnologias emergentes, inteligência artificial, cibersegurança e biosegurança.
Herbert Almeida, professor do Estratégia Concursos, fez a prova do bloco 9, voltado à área de regulação, e avaliou que as questões de língua portuguesa seguiram um formato diferente do habitual da FGV -mais objetivas e relativamente mais tranquilas.
Na parte de realidade brasileira, o exame trouxe gráficos e análises diversas. Já as questões de direito mantiveram o padrão tradicional da banca, com textos longos e interpretativos, mas sem cobrança de jurisprudência. “Entendo, na minha visão, que a prova de direito estava relativamente tranquila”, afirma.
Sobre a parte específica de regulação e agências reguladoras, Almeida destacou o caráter técnico e os enunciados extensos. “Quem está habituado na pegada do estudo consegue dominar bem isso, mas quem não estava numa boa pegada ia sofrer ao longo da aplicação da prova”, afirma o professor.