Protesto pró-Palestina critica cobertura da imprensa sobre guerra em Gaza

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cerca de 80 pessoas participaram de um ato pró-Palestina nesta terça-feira (7) em frente à sede da Folha de S.Paulo, no centro de São Paulo. Os manifestantes fizeram declarações contra o que consideram um genocídio em curso na Faixa de Gaza e criticaram a cobertura da imprensa sobre o conflito. A data marca dois anos do ataque terrorista promovido pelo Hamas em Israel, que matou 1.200 pessoas e serviu de estopim para a ofensiva israelense no território.

O ato homenageou ainda os jornalistas mortos em Gaza durante os bombardeios israelenses. Em dois anos, pelo menos 252 profissionais morreram no exercício de sua profissão no território, e outros 535 foram feridos, de acordo com dados do Sindicato dos Jornalistas Palestinos.

“Somos contemporâneos de um genocídio transmitido ao vivo, legitimado pelas mídias digitais e pela grande mídia”, afirmou o padre Júlio Lancelotti, que discursou na manifestação. “Falamos de um terrorismo de Estado e de um discurso de limpeza étnica. Tudo isso vai para o tribunal da história.”

José Eduardo, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, afirmou que há cerceamento da verdade e do trabalho da imprensa em Gaza. O objetivo, acrescentou, é a tentativa de esconder uma matança indiscriminada.

“Se isso acontecesse com jornalistas da França, da Inglaterra ou da Alemanha, os veículos [de imprensa] dedicariam horas na televisão e páginas inteiras nos seus jornais denunciando essas mortes. Mas como é na Palestina, não importa”, disse, acrescentando que, caso estivesse vivo, o ditador nazista Adolf Hitler estaria orgulhoso do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e do seu Exército.

O número de profissionais da imprensa mortos em Gaza supera o de ao menos outros sete conflitos somados. Juntas, as guerras Civil Americana, da Coreia, do Vietnã, da Iugoslávia, do Afeganistão e as duas Guerras Mundiais deixaram 229 profissionais de mídia mortos. A compilação dos dados desde o século 19 foi publicada pela Universidade Brown, dos Estados Unidos, em abril deste ano.

Os manifestantes exibiram imagens dos jornalistas mortos em Gaza e fizeram um minuto de silêncio em homenagem a eles. O ato foi convocado pelas organizações Frente Palestina de São Paulo, o Coletivo Shireen Abu Akleh de Jornalistas Contra o Genocídio e o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. Militantes ligados a partidos de esquerda participaram da manifestação.

Durante o protesto, os ativistas gritaram palavras de ordem contra Israel, acusando-o de ser um Estado assassino, e repetiram o slogan “do rio ao mar”, frase que é uma defesa de que o território palestino se estenda oficialmente do rio Jordão, fronteira entre a Cisjordânia e a Jordânia, até o mar Mediterrâneo -hoje, essa área é, em grande parte, território israelense, o que pressupõe o fim do Estado de Israel.

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