São Paulo, 13 de outubro de 2025 – A Federação Única dos Petroleiros (FUP) alerta para os custoscrescentes que os atrasos no licenciamento ambiental vêm impondo à Petrobras no bloco FZA-M-59, naMargem Equatorial, litoral do Amapá, onde a estatal visa realizar perfuração exploratória.
A FUP menciona que o contrato de aluguel da sonda de perfuração, firmado pela Petrobras com aForesea vence no próximo dia 21 e que o custo adicional, a cada dia de sonda parada, é de cerca deR$ 4 milhões.
Após a realização de uma Avaliação Pré-Operacional, em setembro, a expectativa era de que alicença para perfurar o primeiro poço de uma série de oito na região fosse concedida no iníciode outubro.
Desde 2022, quando a estatal assumiu a operação do bloco, foram aplicados mais de R$ 1 bilhão,somente com atividades relacionadas ao licenciamento ambiental, sendo R$ 543 milhões com aluguel dasonda de perfuração, R$ 327 milhões com embarcações e R$ 142 milhões com serviços aéreos,diz a FUP.
Esses valores demonstram o compromisso da Petrobras com a segurança ambiental, mas tambémreforçam a urgência de decisões técnicas ágeis por parte dos órgãos responsáveis. As etapasnecessárias para explorar com segurança essa nova fronteira energética do país não podem sertravadas por questões administrativas ou indefinições regulatórias, destaca o coordenador-geralda FUP, Deyvid Bacelar.
Ele observa que o cenário atual do setor de exploração da Petrobras traz uma preocupaçãoestratégica para o futuro da companhia. Projetos exploratórios de grande porte não avançamporque não conseguem licença ambiental para operar, enquanto projetos menores acabam sendopostergados, como SEAP (Sergipe Águas Profundas, na Bacia Sergipe-Alagoas) Albacora, Barracuda eMarlim Leste (na Bacia de Campos), cuja revitalização foi adiada para depois de 2030, afirmaBacelar.
Com isso, praticamente todos os projetos de exploração da Petrobras para 2028-2029 estãodirecionados para o exterior, deslocando investimentos e oportunidades que poderiam fortalecer aindústria e a soberania energética nacional. A questão é sempre a mesma: a dificuldade em obterlicenciamento ambiental na Foz do Amazonas e em outras áreas sensíveis. Por outro lado, a área deexploração da Petrobras não adquire blocos em bacias sedimentares já conhecidas, como Sergipe,Campos, Solimões e Espírito Santo, diz o dirigente da FUP.
Segundo ele, esse quadro traz uma preocupação central: Se nada mudar, o país terá enormesdificuldades para reverter a paralisia exploratória. A Petrobras corre o risco de perderprotagonismo no Brasil e ficar excessivamente dependente de ativos internacionais, enfraquecendo suacapacidade de gerar riqueza, empregos e desenvolvimento no país.
Não produzir petróleo no Brasil fará com que esse mercado seja ocupado por outros países.Significa que não teremos recursos para pesquisa e desenvolvimento. As bacias de Campos, doEspírito Santo e de Santos não são eternas, alerta Bacelar, lembrando que o Brasil hoje é opaís que produz petróleo com a menor pegada de carbono entre os grandes produtores do mundo,consequentemente emitindo menos gases de efeito estufa.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
Copyright 2025 – Grupo CMA