Incêndio no Paraná causa apagão em ao menos oito estados do país e no DF

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um incêndio em reator da subestação de Bateias, no município de Campo Largo (PR), à 0h32 desta terça (14), desligou toda a instalação, provocando apagões em vários estados do país, em todas as regiões.

De acordo com o ONS (Operador Nacional do Sistema), os principais estados afetados foram São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. Mas, na madrugada, houve também relatos de moradores de Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Santa Catarina e Distrito Federal.

Em alguns casos foi notada uma queda de apenas alguns minutos da energia elétrica. Em outros, as ruas e os imóveis ficaram até 20 minutos sem luz. Em São Paulo, o apagão afetou 937 mil clientes da Enel.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, o retorno dos equipamentos e a recomposição das cargas se deu de maneira controlada e o sistema voltou ao normal até a 1h30 nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste e por volta das 2h30 na região Sul.

O complexo de Bateias, na área de Copel, tem mais de um pátio, com proprietários diferentes. Em nota, a Copel informou que o reator da subestação de Bateias onde ocorreu o incêndio é de Furnas, do sistema Eletrobras, e levou ao desligamento de toda a operação no local. O fogo foi controlado pelos bombeiros ainda na madrugada. Segundo a empresa, nenhum equipamento da Copel nem de nenhuma outra empresa que fica instalada na subestação foi danificado.

Também em nota, a Eletrobras disse que as causas do incêndio estão sendo investigadas.

O diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, disse à reportagem que a agência vai instalar procedimento para detalhar o que provocou o incêndio. Ele reforçou que as interrupções fazem parte do sistema de proteção, e as quedas de energia indicam que ele funcionou.

Naquele momento, uma boa parte do abastecimento do Brasil era feito pela região Sul. O incêndio e a subsequente interrupção de energia acionou esse sistema de proteção, que faz cortes pré-estabelecidos. Ocorreu um corte de cerca de 10 GW (gigawatts).

Bateias é um ponto estratégico de conexão. Recebe energia em alta tensão e converte para ser utilizada na distribuição. Faz a conexão de várias linhas de transmissão com outras subestações, assegurando o fluxo de energia para todo o sistema elétrico da região sul do Paraná. Também serve como ponto de segurança operacional. Em caso de falhas em outras rotas, a energia pode ser redirecionada por meio dela, evitando apagões e garantindo continuidade do abastecimento.

Em entrevista, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o apagão aconteceu por problemas na infraestrutura elétrica e não por falta de energia. “Quando se fala sobre apagão, a gente lembra aqueles tristes episódios de 2001 e 2021, que aconteceram por falta de energia e planejamento”, afirmou ao programa Bom dia, Ministro, do CanalGov. “Hoje temos muita energia.”

Está programada para as 11h desta terça reunião preliminar com os principais agentes envolvidos para identificar as causas; o ONS deve divulgar informações sobre o problema até sexta (17).

Por enquanto, sabe-se que, com a interrupção do fornecimento de energia, o subsistema Sul ficou com excesso de geração de energia e o restante do país com falta, o que provocou o acionamento do Erac (Esquema Regional de Alívio de Carga), sistema de proteção do ONS que visa restabelecer o equilíbrio entre a carga e a geração do sistema após a ocorrência de contingências severas.

O ONS informou que na região Sul houve perda de cerca 1.600 MW (megawatts) de carga, enquanto no Nordeste a interrupção foi de 1.900 MW, no Norte, de 1.600 MW e no Sudeste, de 4.800 MW. Para fins de comparação, a usina de Itaipu tem capacidade de gerar 14.000 MW, ainda que não explore sua potência máxima de forma contínua.

Assim que identificou a situação, o ONS iniciou ação conjunta com os agentes para restabelecer a energia nas regiões. O retorno dos equipamentos e a recomposição das cargas se deu de maneira segura, logo nos primeiros minutos, sendo que em até 1h30min todas as cargas das Regiões Norte, Nordeste, Sudeste/Centro – Oeste foram restabelecidas. As cargas da Região Sul foram recompostas totalmente por volta de 2h30min após a ocorrência.

De acordo com a Enel, em oito minutos, por volta das 0h40, os 937 mil clientes afetados em São Paulo tiveram o serviço normalizado.

No Rio, a interrupção de energia afetou onze estações da Light, o que deixou 450 mil imóveis sem energia elétrica nas zonas norte e oeste da cidade e na Baixada Fluminense.

A Light também informou que o apagão foi causado por um Erac, “devido a contingência no SIN”. O fornecimento voltou ao normal pouco depois da 1h.

Em nota, a Amazonas Energia informou que às 23h32 de segunda-feira (13) ocorreu uma “perturbação no SIN”, interrompendo o fornecimento de energia em bairros de Manaus, Parintins e Itacoatiara.

Pouco depois da meia-noite houve a autorização do SIN para início do processo de normalização do sistema.

Em Santo André, no ABC paulista, moradores publicaram vídeos de bairros sem luz no início da madrugada. O mesmo ocorreu em regiões do Rio de Janeiro, como o Complexo da Maré, a Ilha do Governador e a Baixada Fluminense.

“Participamos da falta de luz nacional”, escreveu no X (ex-Twitter) uma moradora de Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

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