PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – A ministra da Cultura da França, Rachida Dati, causou surpresa nesta terça-feira (21) ao afirmar que o sistema de segurança do Louvre não falhou no roubo das joias da coroa francesa ocorrido à luz do dia no último domingo (19).
“Os dispositivos de segurança do Museu do Louvre falharam? Não, eles não falharam. É uma realidade. Os dispositivos de segurança funcionaram”, afirmou em sessão da Assembleia Nacional, o Parlamento francês.
A fala de Dati contradiz o discurso do ministro da Justiça, Gérald Darmanin, que disse um dia antes que o governo falhou. “O que é certo é que falhamos”, disse Darmanin à rádio France Inter.
Aparentemente a ministra da Cultura se referia ao fato de que os alarmes dispararam duas vezes, quando os quatro criminosos quebraram a janela por onde entraram e as vitrines de onde tiraram as joias. Seguranças e policiais, porém, não chegaram a tempo de impedir a fuga.
Dati respondia a uma pergunta de um deputado centrista. Tradicionalmente, às terças-feiras, os ministros vão à Assembleia para prestar contas das ações do governo em sessão pública.
A afirmação da ministra provocou gritos de protesto da oposição no plenário o crime reacendeu críticas da oposição, e o líder da ultradireita Jordan Bardella classificou o roubo de “uma insuportável humilhação para o país”.
Dati afirmou ter instaurado um inquérito administrativo “que irá detalhar, com total transparência, os eventos ocorridos no último domingo”. De forma genérica, ela disse que medidas de reforço da segurança vêm sendo implementadas nos últimos anos, depois que a presidente do Louvre, Laurence des Cars, pediu à polícia uma auditoria da segurança do museu.
“Recomendações não só foram apresentadas como estão em fase de implementação. Vou citar algumas: a modernização da vigilância por vídeo como sabem, havia salas em que não havia câmeras; a criação de um posto de controle central; a implementação de sistemas de proteção perimetral; a reformulação de todas as redes de fibra óptica, quilômetros de cabos. Mas tudo isso leva tempo, por duas razões: restrições patrimoniais e as regras dos contratos públicos”, explicou.
“Quanto às responsabilidades, eu não sou daqueles que se esquivam. As responsabilidades são assumidas. As investigações estão em curso”, declarou.
A direção do Louvre também defendeu nesta terça-feira a qualidade das vitrines que protegiam as joias roubadas, em resposta a um artigo publicado pelo jornal francês Le Canard Enchaîné, que criticou a estrutura da sala que abrigava as peças.
As vitrines, segundo uma nota do museu, foram instaladas em dezembro de 2019 e “representaram um avanço considerável em termos de segurança”.
No artigo, o Le Canard Enchaîné afirmou que o roubo das peças históricas na manhã de domingo “foi possível graças às vitrines ultramodernas”, que são “mais frágeis que as antigas”.
O roubo ocorreu meia hora depois da abertura do museu e durou apenas sete minutos. Segundo o governo francês, quatro criminosos utilizaram uma minisserra elétrica para quebrar várias vitrines instaladas e roubaram nove joias.
O Le Canard Enchaîné afirma que a antiga vitrine blindada, instalada na galeria na década de 1950 e equipada com um sistema que lhe permitia desaparecer “ao primeiro sinal de alerta” dentro de cofre embutido na base, teria evitado o roubo caso não tivesse sido substituída.
A direção do Louvre, no entanto, rebateu o argumento e afirmou que o sistema antigo estava “obsoleto e apresentava falhas de travamento durante o fechamento lateral”.
Após diversos estudos iniciados em 2014, foram encomendadas três novas vitrines, “que atendiam a todas as garantias necessárias”, incluindo as quebradas no domingo.