BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os Estados Unidos retiraram a restrição imposta à Ucrânia para o uso de alguns mísseis ocidentais de longo alcance, nesta quarta-feira (22), segundo o jornal americano The Wall Street Journal. O presidente americano, Donald Trump, afirmou em seguida que a notícia era “fake news”, em publicação na rede Truth Social.
“Os EUA não têm nada a ver com esses mísseis, de qualquer lugar que eles venham ou sejam usados pela Ucrânia”, escreveu Trump.
Em agosto, o jornal havia relatado uma determinação do Departamento de Defesa americano que impedia Kiev de disparar qualquer sistema de mísseis com maior alcance fabricado nos EUA contra alvos na Rússia desde o final de junho.
Em pelo menos uma ocasião, a Ucrânia havia tentado usar o ATACMS contra um alvo em território russo, mas não obteve autorização, disseram dois funcionários do governo americano ao Wall Street Journal na ocasião.
O veto dos EUA a ataques de maior alcance restringiu as operações militares da Ucrânia enquanto a Casa Branca buscava atrair o governo da Rússia para iniciar negociações pouco depois, Donald Trump e Vladimir Putin se reuniram no Alasca.
Se a reportagem do jornal agora estiver correta, ela se refere a modelos franco-britânicos de cruzeiro Storm Shadow/Scalp-EG, dos quais Kiev dispõe de pouquíssimos número. Não fica claro que autorização seria necessária, por serem armas de outros países.
O jornal fala em veto sobre o sistema de guiagem, o que parece impreciso. Talvez estivesse tentando se referir aos dados para a obtenção e definição de alvos a serem inseridos no sistema do armamento, que aí seriam americanos.
Com a estagnação das conversas e novo aumento da intensidade do conflito, a nova determinação permite à Ucrânia usar mísseis americanos para atingir mais longe dentro do território russo e se soma à ameaça de novas sanções em novo movimento de pressão de Washington contra Moscou.
Ainda nesta quarta, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que deve anunciar hoje ou nesta quinta uma nova rodada de sanções contra a Rússia, que serão, segundo ele, poderosas e substanciais. O secretário instou aliados europeus, além de Canadá e Austrália, a se juntarem aos EUA nas novas sanções.
Bessent afirmou ainda que Putin não foi honesto e franco com Trump, e que o presidente americano estaria desapontado com o estado das negociações sobre a Guerra da Ucrânia.
A medida ocorre ainda poucos dias após Trump negar ao ucraniano Volodimir Zelenski o envio de mísseis de cruzeiro Tomahawk, que expandiriam o alcance das armas disponíveis a Kiev a pelo menos 1.600 km e colocando Moscou na linha de fogo de mísseis mais poderosos do que os métodos empregados até aqui pelos ucranianos para atingir território russo, como drones de produção nacional.
Nesta quarta, a Ucrânia afirmou ter empregado o míssil de cruzeiro franco-britânico Storm Shadow em ação conjunta com drones na região russa de Briansk, na fronteira. O alvo foi uma fábrica de produtos químicos que fornece pólvora às Forças Amadas russas.
O presidente americano recebe nesta quarta em Washington Mark Rutte, o secretário-geral da Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA, para discussões sobre a ajuda à Ucrânia. A jornalistas, Rutte afirmou mais cedo que Trump é o único que pode conseguir encerrar o conflito no Leste Europeu.