'Estão inventando uma guerra', diz Maduro ante mobilização militar dos EUA

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta sexta-feira (24) que os Estados Unidos estão “inventando uma guerra” com seu país, após Washington ordenar o envio do maior porta-aviões do mundo para a América Latina e Caribe e elevar a tensão na região.

“Eles estão inventando uma nova guerra eterna. Prometeram que nunca mais se envolveriam em uma guerra e estão inventando uma guerra que nós vamos evitar”, disse Maduro em uma transmissão de rádio e televisão.

O ditador tem criticado as declarações recente do presidente americano, Donald Trump, que justifica ações contra embarcações na região como necessárias ao combate ao narcotráfico. Nesta sexta, Maduro falou “não à guerra louca” e pediu “peace forever” (paz para sempre, em inglês), enquanto Washington anunciou seu décimo ataque a barcos supostamente tripulados por narcotraficantes.

Diante da mobilização militar americana, Maduro abriu o registro na reserva militar e ordenou exercícios quase diários. Na madrugada de quinta, o Exército organizou um exercício em 73 pontos das costas venezuelanas; na véspera o ditador havia dito que o país dispõe de 5.000 mísseis antiaéreos portáteis de fabricação russa Igla-S.

“Graças ao presidente [Vladimir] Putin, graças à Rússia, graças à China e graças a muitos amigos no mundo, a Venezuela tem um equipamento para garantir a paz”, disse durante um ato com sindicalistas alinhados ao regime. Foi durante este evento que ele fez mais um pedido de paz. “Peace, yes peace, forever, peace forever. No crazy war. Não à guerra louca. No crazy war”, afirmou o venezuelano.

O envio do USS Gerald R. Ford, o maior e mais poderoso porta-aviões do mundo, e outras embarcações que o acompanham para a América Latina e o Caribe, amplia a presença militar americana na região e dá forte sinalização de pressão à ditadura de Maduro.

O porta-aviões não chega sozinho. Sua escolta costuma conter de 3 a 6 destróieres, 1 cruzador, navios de apoio e 1 submarino nuclear de ataque com funções defensivas -poder de fogo que por si só é maior do que a maioria das aeronáuticas e marinhas do mundo. Além disso, os EUA mobilizaram em Porto Rico, território americano no Caribe, e em outras embarcações já posicionadas na região, caças e alguns milhares de soldados.

Embora Trump use sua nova guerra às drogas como argumento principal para a mobilização militar no hemisfério, o recado de pressão ao venezuelano é claro: o americano considera Maduro chefe de um grupo narcotraficante e elevou recompensa por informação que leve a sua captura a US$ 50 milhões.

Assim como são pouco claras as acusações de Trump contra Maduro, há também poucas evidências sobre os ataques a embarcações no Caribe e no oceano Pacífico executados pelas Forças Armadas americanas. O governo Trump diz se tratarem de barcos transportando drogas para o país, algo que, mesmo provado, não concede automaticamente a Washington o direito de explodir embarcações.

O republicano por outro lado deixa evidente sua intenção. Desde que voltou à Casa Branca, passou a classificar oficialmente uma série de grupos criminosos do continente de terroristas, o que em tese abre um leque maior de opções ofensivas contra eles. Ao mesmo tempo, denomina retoricamente líderes de que discorda de terem relações com o narcotráfico, casos de Maduro e do presidente da Colômbia, Gustavo Petro.

“Se você é um narcoterrorista que trafica drogas em nosso hemisfério, nós o trataremos como tratamos a Al-Qaeda. Dia ou noite, nós mapearemos suas redes, rastrearemos suas pessoas, iremos caçá-lo e matá-lo”, afirmou nesta sexta o secretário de Defesa, Pete Hegseth, após anunciar o décimo bombardeio contra embarcação no Caribe e oceano Pacífico.

Esse movimento tem gerado críticas de governos da região, que deploram as falas do presidente americano e as ações de seu governo e veem com temores a escalada militar em águas internacionais do continente, estas sob vigilância do Comando Sul dos EUA.

Petro acusou Trump de estar cometendo execuções extrajudiciais ao atacar as embarcações. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, fez coro ao colombiano e pediu respeito às leis internacionais.

Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula Silva (PT), afirmou que uma intervenção na Venezuela criaria “um ressentimento imenso”. “Pode incendiar a América do Sul e levar à radicalização da política em todo o continente”, afirmou Amorim à AFP.

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