BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Às 8h deste domingo (26), começou uma prova de fogo para definir como serão os próximos dois anos de governo do presidente Javier Milei: as eleições legislativas na Argentina, quando os cidadãos poderão votar até as 18h. Pela primeira vez, será utilizada a Cédula Única de Papel, com o objetivo de reduzir custos nas eleições.
Ao meio-dia, 23% dos eleitores haviam votado, uma participação mais baixa que em outras nas eleições legislativas, que costuma ser de 30% no mesmo intervalo.
Milei votou por volta das 11h na região central de Buenos Aires. Apoiadores o esperavam em frente a uma universidade, no bairro de Almagro. Sua atitude foi mais austera do que na votação de 2023, quando ele foi eleito. O presidente entrou sem falar com os eleitores e esperou por cinco minutos antes de depositar seu voto. Na saída, tirou fotos com militantes, ouviu aplausos e algumas vaias, evitou perguntas dos jornalistas e foi escoltado pelo serviço de segurança até um carro da comitiva presidencial.
Também por volta das 11h20, o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, votou em La Plata. Ele chegou cerca de 20 minutos antes com sua mulher, Soledad Quereilhac, e foi parado por apoiadores, que pediram para tirar fotos. Em seguida, o político falou aos jornalistas que esta é uma eleição crítica para o futuro dos argentinos, após um resultado positivo para os peronistas, de 13 pontos de vantagem nas eleições legislativas da província de Buenos Aires, em setembro.
“Vamos definir uma agenda importante para a vida nacional”, disse o governador. “Todos os dias, desde que assumi como governador, me coloco à disposição para dialogar com a autoridade nacional. Eles têm o meu telefone”, afirmou Kicillof, ao responder sobre a falta de contato com o governo Milei.
O governo e a principal força de oposição estão lutando pelo primeiro lugar em nível nacional; o resultado terá impacto político e econômico; 127 deputados e 24 senadores são eleitos.
Após o socorro dos Estados Unidos, para evitar uma crise cambial, Milei precisa provar que o governo tem respaldo da população, ao mesmo tempo em que define mudanças no gabinete e indica como será a segunda metade de seu mandato.
O voto é obrigatório na Argentina. O partido no poder tentará conquistar ao menos um terço da Câmara, buscando aumentar o número de cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado. A expectativa é que a Liberdade Avança conquiste vários assentos, mas dependerá de alianças para governar.
As últimas pesquisas apontavam um cenário equilibrado a nível nacional, com o governismo ampliando sua presença no Legislativo, mas sem alcançar a maioria.
Seja qual for o resultado, a representação governista vai crescer em ambas as Casas. O partido no poder não coloca assentos em jogo no Senado e renova menos cadeiras na Câmara dos Deputados que a oposição. No entanto, o próprio presidente e Luis Caputo, ministro da Economia, descrevem as eleições como mais decisivas do que as presidenciais de 2027.
Para os peronistas do Força Pátria, as eleições são críticas para medir a força do peronismo e se preparar para 2027. A performance do bloco Províncias Unidas, que se formou com governadores e apoio antilibertário e anti-kirchnerista, também será observada, já que é a sua primeira eleição e eles almejam crescer politicamente.
Mais de 36 milhões de eleitores estão aptos para votar em todo o país, de acordo com dados oficiais da Câmara Nacional Eleitoral e da Direção Nacional Eleitoral. Eles vão escolher deputados e senadores nacionais nas províncias e na cidade de Buenos Aires. Além disso, a estreia em nível nacional do sistema de cédula única de papel muda a forma de contagem dos votos.
Todas as 23 províncias mais o Distrito Federal votam para deputados e 8 irão também escolher senadores.
Os primeiros resultados estão previstos para as 21h deste domingo.