OMC revê para cima projeção do comércio global em 2025, mas alerta para impacto do tarifaço até 2026

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Desdobramentos das medidas anunciadas por Donald Trump acentuam ambiente de incerteza
(Casa Branca)
  • Organização estima alta de 0,9% neste ano, após prever -0,2% em abril. Mesmo assim, fica abaixo dos 2,7% esperados antes das medidas dos EUA
  • Para a diretora-geral da entidade, comércio mundial mostrou "resiliência", mas a incerteza ainda é grande
Por Vitor Nuzzi Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DC NEWS]. A Organização Mundial do Comércio (OMC) revisou para cima sua projeção para as transações globais em 2025. Agora, a entidade espera crescimento de 0,9%, após estimar queda de 0,2% em abril. Apesar da melhora, a estimativa fica abaixo da projeção inicial para o ano, de alta de 2,7%, calculada antes do tarifaço do governo norte-americano. No ano passado, o comércio cresceu 2,9%. Na atualização, divulgada nesta sexta-feira (8), a OMC leva em conta, principalmente, antecipação de importações nos Estados Unidos (+11% em volume no primeiro semestre em relação ao ano anterior). Ao mesmo tempo, a organização prevê impacto sobro o comércio global no próximo ano. Por isso, refez sua projeção para 2026 – de crescimento de 2,5% para 1,8%.

“O comércio global mostrou resiliência diante de choques persistentes, incluindo recentes aumentos de tarifas”, afirmou a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala. “As importações antecipadas e a melhoria das condições macroeconômicas proporcionaram impulso modesto às perspectivas para 2025. No entanto, o impacto total das recentes medidas tarifárias ainda está se desenrolando.” Segundo ela, a “sombra da incerteza tarifária” ainda paira sobre as empresas, influenciando a confiança e os planos de investimento. “A incerteza continua sendo uma das forças mais perturbadoras no ambiente comercial global.”

O crescimento das importações nos Estados Unidos no primeiro semestre, com comportamento distintos no primeiro e segundo trimestres, deve resultar em menor demanda daqui em diante, acredita a OMC. “Espera-se que essa correção ocorra no segundo semestre de 2025, mas algumas ocorrerão apenas em 2026 e depois”, afirmou a entidade. “Portanto, esse fator aumentará temporariamente as perspectivas para o comércio em 2025.” A organização acrescenta que isso aconteceu em outros países, embora cm menor intensidade, possivelmente “por temores de retaliação”.

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Além disso, a OMC avalia que as perspectivas macroeconômicas globais estão mais favoráveis do que em abril. A depreciação do dólar contribui para isso, na medida em que melhora as condições das economias em desenvolvimento. “A queda dos preços do petróleo também deve apoiar o crescimento nas economias manufatureiras, embora possa reduzir simultaneamente a demanda de importação nas regiões produtoras de petróleo.” Por fim, a reciprocidade de tarifas podem afetar as importações nos Estados Unidos e restringiras exportações de seus parceiros comerciais no segundo semestre deste ano e ao longo de 2026.

A diretora-geral observa que, pelo menos até agora, um “ciclo mais amplo de retaliação olho por olho, que poderia ser muito prejudicial ao comércio global”, foi evitado. Na projeção da OMC, as economias asiáticas continuam sendo o principal impulsionador do comércio mundial, mas com peso menor em 2026. A América do Norte pesará negativamente neste ano e no próximo, mesmo com impacto menos negativo do que o previsto. A Europa passou, em 2025, de “moderadamente positiva” para “ligeiramente negativa”. Não há dados específicos para a América Latina ou o Brasil, mas a entidade afirma que economia cujas exportações estão vinculadas à energia terão menor contribuição em 2025 e 2026, “na medida em que os preços mais baixos do petróleo reduzem as receitas de exportação e diminuem a demanda de importação”.

A OMC (confira quadro acima) estima que as importações para a América do Norte caiam 8,3% neste ano, projeção inferior à de abril (-9,6%). “Esse impacto positivo foi acompanhado por um aumento mais forte do que o esperado de 4,9% nas exportações da Ásia, acima dos 1,6% da previsão anterior”, disse a organização. “O crescimento das exportações e importações da Europa este ano, de -0,9% e 0,4%, respectivamente, será um pouco mais fraco do que prevíamos em abril, enquanto as exportações da América do Norte serão menos negativas (-4,2%).”

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