Ameaça de taxas sobre UE não deve alterar decisão do BCE de manutenção dos juros em julho - Reuters

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São Paulo, 14 de julho de 2025 – A ameaça de uma tarifa de 30% sobre importações da UniãoEuropeia, feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está tornando mais complexa atomada de decisões do Banco Central Europeu (BCE), mas não deve alterar os planos já sinalizadosde pausar os cortes de juros na reunião marcada para 23 e 24 de julho, segundo fontes ouvidas pelaagência Reuters. Após o encontro de junho, o BCE indicou que manteria as taxas inalteradas nestemês, mesmo diante do cenário mais negativo considerado anteriormente para a economia da zona doeuro.

A proposta de tarifa de Trump é mais severa do que qualquer cenário previsto pelo BCE em suasprojeções recentes, o que obrigou a instituição a revisar estimativas e considerarconsequências econômicas ainda mais desfavoráveis do que as avaliadas em junho. Cinco membros doConselho do BCE relataram que, apesar do novo risco, os governadores preferem não agir com base emuma ameaça que ainda não se concretizou, especialmente diante de declarações contraditórias dogoverno americano desde abril. Assim, discussões sobre eventuais cortes adicionais de juros devemficar para a reunião de setembro.

Trump afirmou que as tarifas entrariam em vigor em 1 de agosto, e a Comissão Europeia tambémdecidiu adiar suas contramedidas até essa data. Economistas de mercado, no entanto, consideramimprovável que o presidente americano leve a ameaça adiante, já que isso poderia prejudicar aeconomia dos EUA ao elevar a inflação e reduzir o crescimento. Caso a tarifa de 30% sejaimplementada, a expectativa é que o BCE reaja com novos cortes nas taxas de juros. Analistas doBarclays, por exemplo, estimam que, se a tarifa média sobre produtos europeus subir para 35%, o BCEpoderá reduzir sua taxa de depósito para 1% até março do próximo ano, diante do impactonegativo sobre o crescimento da zona do euro.

As projeções macroeconômicas mais recentes do BCE, divulgadas em junho, apontavam para umarecuperação gradual da economia europeia, com inflação próxima da meta de 2%. Essas projeçõesconsideravam, como cenário-base, uma tarifa de 10% sobre exportações europeias para os EUA, o queresultaria em crescimento de 0,9% este ano, 1,1% em 2026 e 1,3% em 2027. Em um cenário alternativo,com tarifa de 20%, o crescimento seria reduzido em 1 ponto percentual no mesmo período, e ainflação cairia para 1,8% em 2027, abaixo da meta estabelecida.

Vanessa Zampronho / Safras News

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