SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Bolsonaristas voltaram a protestar em diversas cidades do país, neste domingo (3), com pedidos pela anistia de Jair Bolsonaro (PL), réu acusado de golpismo, e ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e ao presidente Lula (PT).
O principal deles, em São Paulo, começou nesta tarde sem a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) –que marcou um procedimento médico para a mesma data. O prefeito Ricardo Nunes (MDB), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o pastor Silas Malafaia estiveram entre os destaques.
Os atos acontecem na esteira das medidas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, por influência de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para pressionar o STF a livrar o ex-presidente. A aplicação de sanções financeiras a Moraes, pela Lei Magnitsky, animou bolsonaristas, já o tarifaço provoca desgaste por atingir a economia do país.
O próprio ex-presidente, no entanto, não pôde participar dos atos pois, desde o último dia 18, tem que cumprir medidas restritivas impostas por Moraes, como usar tornozeleira eletrônica e não sair de sua casa, em Brasília, aos fins de semana. As medidas cautelares foram impostas no âmbito das investigações que apuram a atuação de Eduardo nos EUA.
Com o uso de redes sociais também proibido, o ex-presidente tampouco pode gravar um vídeo ou discursar.
Cotado para substituir o inelegível Bolsonaro na corrida presidencial de 2026, Tarcísio tenta se equilibrar entre a lealdade ao bolsonarismo e o verniz de moderação, o que lhe causou arranhões na imagem na crise do tarifaço.
No fim de semana, políticos bolsonaristas usaram os motes “Brasil acima do STF” e “Brasil com Bolsonaro” nas redes sociais para convocar apoiadores.
Sob o slogan de “Reaja, Brasil”, as manifestações ocorreram em diferentes cidades simultaneamente, marcando uma diferença para a estratégia que vinha sendo adotada nesses protestos desde que Bolsonaro retornou ao Brasil em 2023. A ideia é tornar mais acessíveis as manifestações e que parlamentares possam ter protagonismo em seus redutos.
Com agenda no Pará, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro compareceu à manifestação em Belém. Em São Paulo, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), estarão no carro de som, organizado pelo pastor Silas Malafaia.
Conhecido por forte presença nas redes sociais, Nikolas gravou um vídeo convidando as pessoas para a manifestação, direcionado a quem talvez não compareça. “Só vale quando tem multidões e multidões? Jesus apenas com 12 [apóstolos] mudou a história dele. Você só vai se simplesmente for e resolver?”, questionou.
“Se você não for, como se fosse bala de prata tudo na vida, simplesmente não vamos conseguir. Não estamos numa corrida de 100 metros, estamos numa maratona”, completou.
Bolsonaristas querem um calendário de manifestações, visto como a única reação possível de apoio ao ex-presidente, que será julgado pela trama golpista no STF provavelmente no mês que vem.
As principais demandas são “anistia ampla, geral e irrestrita”, por meio do projeto de lei que está na Câmara dos Deputados, e impeachment de Moraes, via Senado –duas pautas hoje consideradas improváveis de prosperar no Congresso.