São Paulo, 5 de AGOSTO de 2025 – No mês de julho houve correção dos ativos de risco dos mercadosemergentes, penalizando a rentabilidade mensal de ambos os fundos. O motivo foi o tarifaçoamericano e a péssima condução do governo brasileiro junto à política americana. Vemos esteresultado do mês como pontual, uma vez que que a janela internacional permanece positiva para oBrasil e o aumento de popularidade do atual governo, que pressiona câmbio e bolsa, é algomomentâneo, uma vez que pesquisas mais recentes já mostram estabilidade da rejeição. Acreditamosque a queda da atividade doméstica decorrente desta disputa política internacional enfraqueceráainda mais a popularidade do atual governo, principalmente quando iniciar o processo de demissões egreves dos setores afetados (café, complexo carnes, indústria).
O cenário internacional continua favorável para o Brasil, apesar das novas tarifas comerciaisamericanas. Os Estados Unidos criaram apenas 73 mil empregos em julho, resultado bem abaixo dasestimativas de mercado. O payroll americano reflete um mercado de trabalho fraco, alinhando-se aoutros indicadores da economia. Este cenário de enfraquecimento permite ao Fed iniciar a reduçãode juros a partir de setembro, o que beneficia o câmbio e juros brasileiro. O tarifaço aosprodutos brasileiros sofreu certo esvaziamento com uma lista de exceções que cobre 45% dasexportações do Brasil para os Estados Unidos. Considerando a totalidade dos produtos, o Brasilficou com uma taxa consolidada de 30%. Mesmo com esta lista de exceções, o feito no PIB brasileiroserá sentido no segundo semestre, prejudicando a atividade econômica futura, que já tem viés debaixa, perante o mercado financeiro.
Apesar do cenário complexo para atividade econômica brasileira, o mercado precifica mudança degoverno em 2026 na média, somado a um cenário internacional que pressiona os juros futuros parabaixo, beneficiando ativos de risco como bolsa e dívida pública de longo prazo. A recenteapreciação do real ajuda a controlar a inflação e ajuda o Copom a iniciar o processo deafrouxamento monetário ainda neste ano.
No atual portfólio, acrescentamos posição vendida em soja, uma vez que o cenário macro para acommodity segue negativo, diante das movimentações globais de oferta. Atualmente, a safraamericana se desenvolve bem em termos climáticos, com boa evolução nas lavouras e sem indicativosde quebra, reforçando a expectativa de uma safra cheia nos Estados Unidos. O Brasil deve novamenteampliar a área plantada, e se o clima colaborar, o potencial produtivo pode alcançar até 180milhões de toneladas. Os modelos climáticos, inclusive para o período de plantio, seguemfavoráveis. Esse contexto aponta para uma nova safra global volumosa, reforçando a relaçãoestoque/consumo mundial, exercendo pressão vendedora para a commodity.
O cenário atual de investimento é incerto e requer cautela, justificando nossa maior posição emrenda fixa.
Ambiente Macroeconômico
Internacional
A inflação dos Estados Unidos começa a mostrar os efeitos do aumento das tarifas comerciais com oCPI (Indice de Preços ao Consumidor) tendo alta de 0,3%. O número veio em linha com asestimativas, mostrando maior pressão em bens de consumo, que teve alta de 0,20% no mês. Estemovimento de alta na inflação deverá continuar nos próximos meses e colabora com o modo deespera pelo Fed, para sentir o real impacto das tarifas do governo Trump.
O Fed manteve o juro inalterado na reunião da semana passada. O comunicado da decisão de políticamonetária destacou que a economia cresceu moderadamente e que o ambiente de incerteza persiste.Houve uma mudança no tom do comunicado com o comitê colocando maior ênfase na atividadeeconômica, que começa a demonstar sinais de fraqueza. Houve um dissenso histórico, que nãoocorria desde 1993, onde dois membros importantes votaram a favor da redução imediata dos juros em0,25p.p. Este cenário demonstra o momento de incerteza vivido pela economia americana. O relatórioCME Watch que demonstra a visão do mercado para a taxa de juros está com uma probabilidade de 67 ínicio do afrouxamento monetário já em setembro. Este percentual era de 37% antes da reuniãodo Fed.
Acreditamos que em breve o Fed iniciará sua politica de redução de juros devido à fragilidade daatividade econômica.
Nacional
O IPCA-15 registrou alta de 0,33% em julho, acelerando em relação ao mês anterior, ficando emlinha com a estimativa de mercado. A inflação de serviços veio forte, registrando alta de 5,7% emdoze meses. Já os bens industriais começam a sentir o efeito da valorização do real, mantendouma inflação de 3,7% em doze meses. Acreditamos que o efeito da desaceleração da atividadeeconômica começará a ser sentida na inflação futura, permitindo ao Copom iniciar o afrouxamentomonetário ainda em 2025.
O Copom (Comitê de Política Monetária) manteve, de forma unânime, a taxa Selic em 15% ao ano,como era fortemente esperado pelo mercado. Houve poucas alterações em relação ao comunicado dareunião anterior, com destaque ao cenário externo que está mais adverso. No mercado doméstico,não houve alteração do cenário base. Esperamos que os efeitos da atividade passem a ser notadosdaqui em diante, somados a uma inflação que deve começar a convergir ao centro da meta, abrindoespaço para o inicio do afrouxamento monetário ao final de 2025.
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A coluna Palavra do Gestor é publicada mensalmente pela Agência CMA e escrita por Raphael Juan,sócio-fundador da BBT Asset Management, responsável pela gestão de portfólios e corresponsávelpela área de gestão de risco e trading.
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