São Paulo, 18 de setembro de 2025 – O Banco da Inglaterra (BoE) manteve a taxa básica de jurosem 4%, como amplamente previsto pelo mercado. A decisão contou com dois votos dissidentes a favorde um corte de 0,25 ponto percentual (pp), mas o comitê reforçou que eventuais reduções futurasserão graduais e cautelosas. Além disso, foi anunciado que o programa de quantitative tighteningcontinuará, com redução de 70 bilhões de libras em títulos públicos ao longo dos próximos 12meses, em linha com as expectativas dos investidores.
“O cenário mais recente não trouxe novidades que justificassem uma mudança de postura maisagressiva. Os dados sobre o mercado de trabalho e a inflação vieram dentro das projeções dobanco central. No entanto, as decisões recentes mostram maior relutância da instituição emcontinuar os cortes de juros, o que levou parte dos analistas a sugerir que o ciclo de afrouxamentopode já ter chegado ao fim”, afirma James Smith, economista de mercado desenvolvido no Reino Unidoda ING.
Mesmo assim, segundo ele, alguns economistas discordam dessa visão e acreditam que há espaçopara novas reduções. Com a taxa em 4%, ainda acima do nível considerado neutro, eles projetam dedois a três cortes adicionais de 0,25 pp até meados de 2026. “Esse cenário conta com fatores comoa expectativa de desaceleração da inflação de serviços, queda no crescimento dos salários paraperto de 3,5% ao final do ano e a perspectiva de um orçamento de novembro mais restritivo, que deveelevar impostos e pesar sobre a atividade em 2026”.
O mercado de trabalho segue em posição frágil, embora os sinais ainda apontem para umarrefecimento gradual em vez de uma recessão aguda. “Assim como ocorre nos Estados Unidos, osriscos para o emprego no Reino Unido são vistos predominantemente no sentido de maiorenfraquecimento, o que reforça os argumentos a favor de novas reduções da taxa de juros em2025-2026”, acrescenta.
A incerteza, contudo, gira em torno do calendário. O próximo corte pode acontecer em novembro,se o relatório de inflação vier abaixo das previsões do Banco da Inglaterra, especialmente nosserviços. “Porém, como a decisão coincidirá com a proximidade da apresentação do orçamento,há dúvidas sobre se o banco esperará até fevereiro, quando terá novas projeções revisadas. Nomomento, os analistas veem uma chance próxima de 50% para uma redução ainda este ano”, conclui.
Vanessa Zampronho / Safras News
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