[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
A Black Friday 2025 deve consolidar a transição do varejo brasileiro rumo a um modelo mais estratégico e digital, em que planejamento e segurança cibernética ganham protagonismo. Pelo menos é o que avalia professor e coordenador do Núcleo de Varejo da ESPM Ricardo Pastore. Para o acadêmico, o evento deixou de ser uma “corrida desenfreada por descontos”, e se solidificou como uma data estratégica de fortalecimento de marcas e crescimento. “O varejista aprendeu que vender nem sempre significa obter o melhor resultado”, afirmou. “[A Black Friday] vem se tornando mais diluída e planejada, e o setor amadureceu a duras penas.” Apesar disso, ainda há um alerta: o pequeno varejista pouco se preocupa com a cibersegurança do negócio. O especialista afirma que a proteção ainda é vista como despesa, o que faz com que muitos subestimem riscos de ataques e sequestros virtuais. “Um ataque pode deixar a loja fora do ar e causar prejuízos enormes.” A Clear Sale, braço do Serasa Experian especializado em soluções antifraude, apontou que na Black Friday 2023 houve mais de 41 mil tentativas de fraude com tíquete médio de R$ 1.494.
Pastore afirmou que a automação e a inovação são “caminhos inevitáveis”. Com o crescimento de plataformas como TikTok Shop, o especialista defende que as empresas modernizem processos internos para acompanhar o ritmo digital. Porém, ele destaca que as mudanças devem ser estruturais, não apenas readequações. “Os modelos de negócio mudaram, mas muitos continuam os mesmos de 20 ou 30 anos atrás”, disse. “É preciso investir para integrar inovação e operação.” O recado é um alerta: em 2024, as perdas ligadas à falta de automação somaram cerca de R$ 35 bilhões, destes, R$ 5 bilhões são fruto de perdas administrativas, conforme relatório da Associação Brasileira de Proteção de Perdas (Abrappe) em parceria com a KPMG. Segundo ele, na Black Friday, destaca-se quem tem a melhor logística, em especial, na hora da entrega.
Um dos maiores desafios do varejo atualmente é a busca por mão de obra qualificada. “Tenho me encontrado com entidades varejistas e esse é um tema comum”, disse. E isso se intensifica na Black Friday, quando há o aumento da demanda por trabalhadores, em especial os temporários, que irão atuar desde as áreas operacionais até a logística. O professor disse que a falta de coordenação coletiva é hoje um “gargalo estrutural” do comércio brasileiro. “Seria ideal a criação de uma entidade que formasse antecipadamente um banco de talentos para o período da Black Friday”, afirmou. “É uma oportunidade para jovens entrarem no mercado, mas exige preparo e articulação entre empresas, associações e instituições.”
Para 2025, Pastore não vê um “produto campeão” de vendas, mas aponta que a Copa do Mundo pode impulsionar a venda de televisores, enquanto o setor de bebidas deve enfrentar resistência por conta de recentes polêmicas envolvendo metanol. Como sugestão, ele aposta em um nicho pouco explorado: o de instrumentos musicais. “Seria interessante ver a Black Friday incentivar esse consumo cultural”, disse.
DADOS – Segundo a Clear Sale, o sexo masculino foi o mais visado pelos fraudadores durante a Black Friday 2023. Em relação à faixa etária, o grupo mais vulnerável foi o de até 25 anos, seguido pelo de acima de 51 anos. Carolina Nacle, executiva comercial da iniciativa, afirma que uma das alternativas para revisar a segurança desses perfis seria através de “campanhas específicas para orientar essas duas gerações tão diferentes a se protegerem”. A sexta-feira da Black Friday 2023 registrou o maior número de pedidos naquele final de semana, 2,5 milhões.
Ricardo Pastore, ESPM