Bolsonaristas apostam no 7/9 com Tarcísio por fôlego no Congresso para anistia

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Bolsonaristas apostam nos atos de 7 de setembro, que acontecerão por todo o país neste domingo, para empurrar no Congresso o projeto de lei que concede anistia ampla a todos os condenados nos ataques golpistas do 8 de Janeiro, inclusive Jair Bolsonaro (PL).

A proposta ganhou fôlego na última semana, quando até mesmo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), admitiu pressão para pautá-la, com o embarque na articulação por caciques do centrão e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

No ano passado, Bolsonaro participou do ato na avenida Paulista e cobrou impeachment de Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a quem chamou de ditador. Neste ano, está em prisão domiciliar.

“Essa vai ser a última manifestação antes da farsa que Alexandre de Moraes armou para condenar meu pai a 40 anos de prisão, mesmo sem ter feito absolutamente nada”, disse o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em vídeo divulgado nas redes.

“Por isso, te peço, vem com a gente para a rua mais uma vez para mostrar que nos o povo de bem deste pais votamos para absolver Jair Bolsonaro e exigimos o direito de votar em Bolsonaro para presidente em 2026”, completou o filho mais velho do ex-presidente da República.

Flávio também disse que manifestações de apoiadores mudam o clima político em Brasília e citou apoio de partidos do centrão à proposta da anistia —PP, União Brasil, Republicanos e Podemos. “Quanto mais brasileiros nas ruas no 7 setembro, mais rápido vamos conseguir aprovar a anistia aqui no Congresso.”

A proposta apresentada pelo líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), libera Bolsonaro para concorrer na eleição de 2026 e perdoa crimes desde o inquérito das fake news, em 2019. Ela encontra maiores dificuldades hoje de tramitar na Casa por ser tão ampla, segundo integrantes do centrão.

As convocatórias aos atos feitas por parlamentares denotam um impulsionamento maior das manifestações, que serão as últimas antes da provável condenação no STF do ex-presidente a 40 anos de prisão por atuar na trama golpista de 2022.

Não à toa, os atos serão mais reforçados de autoridades que os anteriores. Tarcísio de Freitas já confirmou sua participação na avenida Paulista.

Ele é considerado hoje o principal nome à sucessão do ex-presidente por integrantes do mundo político, apesar de negar publicamente essa possibilidade e reafirmar intenção de concorrer ao Bandeirantes.

Outro presidenciável, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também estará na Paulista.

Nenhum deles esteve no último ato do dia 3 de agosto, e eles foram alvos de críticas por aliados, inclusive Flávio Bolsonaro. À época, ele classificou à Folha as ausências como “erro estratégico gigante”. Ele disse que nesse momento se vê quem está disposto a “resgatar a nossa democracia junto com a gente”.

Bolsonaro já estava com tornozeleira eletrônica e uma fala por vídeo dele no ato de Copacabana levou Moraes a determinar prisão domiciliar por descumprimento de medida cautelar. Naquele domingo de agosto, Tarcísio realizou um procedimento médico na data da mobilização. Ele recebeu alta à noite.

Também estarão na avenida Paulista no 7 de setembro o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que quer ser candidato ao Bandeirantes caso Tarcísio saia ao Palácio do Planalto, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ela participou do ato de Belém em agosto.

O pastor Silas Malafaia, organizador do ato em São Paulo, disse esperar grande público nas ruas por um conjunto de fatores, destacando o que ele disse ser covardia contra ele próprio. O religioso se refere ao indiciamento da PF (Polícia Federal) no mês passado, que levou seu telefone e anotações.

“O que acho que movimentou muito evangélicos para irem à rua é a covardia contra mim”, disse.

Malafaia é conhecido por ter os discursos mais inflamados nos atos bolsonaristas. Ele acredita que será um importante instrumento de pressão para fazer com que a proposta tramite no Congresso. “Se um político não sente a pressão do povo, não sei que politico é esse. Claro que o povo pressiona”, completou.

Há na Câmara um projeto de lei que concede anistia aos presos e condenados nos ataques golpistas de 8 de Janeiro.

Um novo relatório, muito mais abrangente, foi apresentado pelo líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), nesta semana. Se for avaliado no plenário, será apenas depois do julgamento no STF, cujo término será na próxima sexta-feira (12).

Mas a articulação que conta com apoio de dirigentes de partidos como PP, Republicanos e União Brasil, além de Tarcísio, avalia uma proposta mais enxuta, que enfrentaria menos resistência nas casas, em tese. Além disso, manteria a inelegibilidade de Bolsonaro, abrindo caminho para candidatura de Tarcísio.

Para ser aprovado, o texto tem de ultrapassar a resistência de Motta, que já recuou e admitiu essa possibilidade na Câmara, e de Davi Alcolumbre (União-AP), declaradamente contrário à proposta. Ele disse que vai votar projeto alternativo.

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