Bolsonaristas comemoram sanção de Trump, mas tarifaço ofusca 'grande dia' contra Moraes

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Políticos bolsonaristas comemoraram, nesta quarta-feira (30), as sanções financeiras aplicadas pelo presidente Donald Trump contra Alexandre Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), por meio da Lei Magnitsky.

Parlamentares voltaram a defender o impeachment do ministro no Senado e passaram a agradecer a Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelo “grande dia”, já que o deputado fez uma campanha junto a autoridades nos EUA para exercerem pressão pela anistia de Jair Bolsonaro (PL).

Menos de duas horas depois, porém, Trump assinou o decreto que implementa a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros -assunto que divide membros do PL e é visto por alguns aliados como um tiro no pé por parte de Eduardo, já que a sobretaxa de Trump prejudica a economia como um todo.

O tarifaço ganhou menos destaque nas redes bolsonaristas e foi rapidamente tratado como um fracasso de Lula (PT). O discurso é de concentrar a culpa no governo petista por falhar nas negociações, apesar de o presidente americano vincular a medida ao que enxerga como perseguição de Moraes a Bolsonaro.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), saiu em defesa de Moraes, mas sem mencionar o ministro. “Como país soberano não podemos apoiar nenhum tipo de sanção por parte de nações estrangeiras dirigida a membros de qualquer Poder constituído da República”, publicou.

Entre deputados do PL, a sanção ao ministro foi lida como uma confirmação de que o país não vive uma democracia, já que a violação de direitos humanos e a censura contra os bolsonaristas foram atestadas pelas autoridades americanas.

“Ele rasgou a Constituição. Pisou no devido processo legal. Calou brasileiros, censurou jornalistas, prendeu sem crime. O Senado foi omisso. […] E o que o Senado brasileiro não teve coragem de fazer… os EUA fizeram com força”, escreveu o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).

A respeito do tarifaço, Sóstenes afirmou que “Lula afundou o Brasil”.

Nos bastidores, porém, integrantes do partido admitem que a anistia aos suspeitos de golpismo e o impeachment de Moraes, embora tenham ganhado impulso a partir das ações de Trump nesta quarta, seguem sem ampla adesão no Congresso.

Um dos principais porta-vozes do bolsonarismo, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que protocolou um novo pedido de impeachment contra Moraes. “Se o Senado Federal não submeter o Alexandre de Moraes ao processo de impeachment, o povo vai submeter os senadores ao processo de reprovação eleitoral nas urnas”, publicou. O tarifaço, porém, foi praticamente ignorado em suas redes.

“A aplicação da Lei Magnitsky por parte dos EUA representa um marco na denúncia internacional contra abusos de autoridade no Brasil. É simbólico, e contundente, que uma das maiores democracias do mundo tenha reconhecido os sinais alarmantes de autoritarismo vindos de nossa própria Suprema Corte, especialmente de Moraes”, escreveu Nikolas.

“Nosso foco permanece: anistia ampla aos presos políticos do 8 de janeiro, aprovação da PEC 333 e o impeachment de Alexandre de Moraes. Nenhuma pressão externa substitui a nossa responsabilidade interna. Mas quando a verdade ultrapassa fronteiras, é sinal de que não estamos sozinhos”, completou.

Líder do partido Novo, o deputado Marcel van Hattem (RS) cobrou ainda a CPI do Abuso de Autoridade para que Moraes seja responsabilizado pelo Congresso “por todos os abusos, ilegalidades e maldades”.

“A aplicação da Lei Magnitsky é resposta legítima, necessária e urgente contra o autoritarismo que, sob o falso pretexto de proteger a democracia, viola direitos individuais, persegue opositores, censura críticas e transforma o Brasil em vergonha internacional”, escreveu o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).

O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) chamou Moraes de “violador de direitos humanos” e atribuiu a medida ao ativismo de Eduardo Bolsonaro. Já a deputada Julia Zanatta (PL-SC) postou um vídeo soltando fogos de artifício, mas também ignorou o tarifaço.

Já na esquerda, que vem apostando no discurso da soberania, a sanção ao ministro foi considerada um ataque não só a ele, mas à nação. Petistas classificaram a medida como intimidação do Judiciário e chantagem. O líder do partido na Câmara, Lindbergh Farias (PT), pediu Motta a cassação de Eduardo Bolsonaro.

Moraes foi defendido também por nomes de fora desse campo, como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD).

“Antes de mais nada Alexandre de Moraes é um cidadão brasileiro. Não é necessário concordar com todas as decisões do ministro para repudiar a medida imposta pelos EUA contra ele. […] O ministro Moraes tem, a meu ver, acertos e erros, mas não podemos concordar que outro país tente interferir em nossas instituições impondo sanções aos seus membros”, escreveu nas redes sociais.

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