Bolsonaristas estão atacando Banco do Brasil, diz Haddad

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, disse neste sábado (23) que o bolsonarismo tem atacado o Banco do Brasil. “Tem bolsonaristas em rede social defendendo saques de valores”, afirmou.

Nesta semana, como a Folha mostrou, o BB enviou um ofício à AGU (Advocacia-Geral da União) em que solicita a adoção de medidas jurídicas cabíveis e tem sido pressionado por integrantes do Judiciário e por bancos a acionar a Polícia Federal.

O pano de fundo dos supostos ataques ao BB é a Lei Magnitsky dos Estados Unidos que foi aplicada contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. A norma impõe sanções financeiras, como congelamento de bens e proibição de negócios com cidadãos e empresas americanas, a estrangeiros acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos. Como mostrou a Folha de S.Paulo, um cartão de crédito de Moraes com bandeira americana foi bloqueado.

“Há projetos no Congresso para perdoar dívidas do agro, [setor] que não está com problemas. Está aumentando a inadimplência [no BB] por uma ação concertada, uma ação deliberada de bolsonaristas que estão tentando minar as instituições públicas”, disse o ministro ao canal de YouTube do jornalista Luiz Nassif, o TV GGN.

A alta na inadimplência do agronegócio foi um dos fatores para o tombo no lucro do Banco do Brasil no segundo trimestre (R$ 3,8 bilhões, 60% menos que no mesmo período do ano passado). Mas integrantes do governo a alta nas contas em atraso à expectativa que o setor tem de renegociação de suas dívidas após aprovação de uma “pauta-bomba” na Câmara dos Deputados que autorizou o uso de até R$ 30 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal para esse refinanciamento.

Em outros momentos da história, segundo Haddad, tanto BB quanto a Caixa Econômica Federal foram usados para reduzir o spread bancário, a diferença entre os juros pagos pelos bancos ao captar dinheiro no mercado e a taxa efetivamente cobrada quando esse mesmo dinheiro é emprestado aos clientes.

Hoje, porém, o ministro da Fazenda considera que “tem outras coisas acontecendo também que nós temos que ficar atentos”, como é o caso do que chamou de ataque ao BB.

Ele afirmou também que existe “abuso do crédito” e que o presidente Lula tem pedido providências para baratear os financiamentos. “No patamar que está [o crédito] piora a desigualdade”, disse em entrevista disse em entrevista ao canal de YouTube do jornalista Luiz Nassif, o TV GGN.

Na avaliação do ministro, com o número de instituições bancárias, fintechs e marketplaces de crédito atuando, o juro para o tomador não poderia estar no nível que está. “Está caindo, mas com o ambiente de negócios que temos hoje, a resposta não está sendo suficientemente satisfatória.”

Ele também disse que não é possível menosprezar o poder de fogo dos Estados Unidos na guerra comercial, mas que vai ficando “muito difícil defender esse ato de agressão ao Brasil”.

Segundo o chefe da equipe econômica, o tarifaço de 50% às exportações brasileiras já está criando constrangimento com empresários americanos, que assistem produtos como café e carne ficando mais caros. “Não vai faltar comprador para carne brasileira, é a carne mais barata do mundo.”

Haddad chamou a divulgação dos diálogos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), de vazamento e disse que o Brasil está tendo sorte, pois, tornar públicas as conversas entre os dois “vai criar um constrangimento internacional”.

Relatório da Polícia Federal que indiciou os Bolsonaro por tentativa de obstruir a investigação que apura responsabilidades pelos atos golpistas de 8 de janeiro, expõe brigas entre os dois e também a influência exercida pelo pastor Silas Malafaia sobre a família.

O ministro da Fazenda também defendeu na entrevista uma política nacional para instalação de datacenters. “Mandamos para processar 60% dos nossos dados para fora do Brasil. Imagina do ponto de vista de soberania, com as ameaças em curso, o que é que isso pode significar. Amanhã alguém com viés autoritário pode querer prejudicar o Brasil”, afirmou.

Um grupo de trabalho da Fazenda analisa possibilidades de parcerias com a iniciativa privada para nacionalizar o processamento de dados. Questionado sobre a possibilidade de os datacenters causarem problemas pelo consumo de energia que essas estruturas demandam, Haddad disse que eles “não estão causando problemas porque não tem datacenter” no Brasil.

Haddad destacou o volume de minerais críticos e terras raras em solo brasileiro e diz que tem insistido com o presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) a necessidade de organizar o setor.

O Brasil tem hoje uma mineradora em operação de terras raras e que comercializa para o exterior sua produção desde o ano passado. No primeiro semestre de 2025, registrou aumento de quase 700% nas exportações desses elementos em relação ao total vendido em 2024.

A Serra Verde, com operação em Minaçu, no norte de Goiás, inclusive, é propriedade de dois fundos americanos e um britânico, que veem a mineradora como uma alternativa à China nesse mercado.

Na entrevista, Haddad evitou defender uma nova reforma da Previdência, ao ser questionado se isso era uma possibilidade, mas disse que “se a gente continuar vivendo cada vez mais, é da lógica do sistema”.

O ministro da Fazenda de Lula também lembrou que as gestões petistas também fizeram reformas no sistema de aposentadorias públicas e que “você pode ter uma reforma boa ou uma reforma ruim”, e citou a tentativa mais recente de mexer na Previdência dos militares, que foi enviada ao Congresso Nacional no ano passado e cuja tramitação nem teve início ainda.

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