Bolsonaro chega a véspera de julgamento fragilizado e recebe visitas de ex-ministra e Lira

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chega à véspera do julgamento da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal) fragilizado. Nas 24 horas que antecederam o início do capítulo final do processo na corte, ele passou em oração com a senadora Damares Alves (Republicanos-PB) e conversou com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Segundo aliados, ele não está bem psicologicamente, nem de saúde.

Desde que está preso, há quase um mês, as visitas só eram autorizadas em uma por dia pelo ministro Alexandre de Moraes. A exceção foi nesta segunda-feira (1º), quando liberou as duas, numa ação incomum -até mesmo porque o pedido de Lira chegou na própria segunda.

Segundo aliados, foi o próprio ex-presidente da Câmara que solicitou a visita para prestar solidariedade. O encontro durou cerca de uma hora.

Enquanto esteve à frente da Câmara e Bolsonaro no Planalto, os dois eram aliados. Já ao governo Lula (PT), Lira imputou derrotas importantes e, no seu estado, será oposição aos petistas em 2026, quando deve concorrer ao Senado -a Casa é hoje considerada prioridade ao ex-presidente.

Já com Damares, Bolsonaro ficou por cerca de duas horas. Ela contou à Folha de S.Paulo que o ex-presidente está sereno, mas soluçando muito. Enquanto esteve lá, conversou com Bolsonaro e sua mulher, Michelle, fez uma oração com os dois e comeu bolo de lanche.

“Ele está soluçando muito, acho que não é viável [a ida dele ao julgamento]. Mas vamos ver, ele está fazendo o que os advogados estão mandando”, disse à Folha.

Uma das amigas mais próximas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a senadora participa de uma corrente de orações pela vida e saúde de Bolsonaro. Ao Painel, no domingo, Damares disse que iria visitá-lo apenas para orar e dar um abraço.

Por estar mal de saúde e abalado psicologicamente, foi aconselhado por sua defesa a não acompanhar presencialmente o início do julgamento nesta terça.

Ele está em prisão domiciliar desde 4 de agosto e só deixou o local no último dia 16, para realizar exames médicos. O boletim divulgado na ocasião informou que ele segue com tratamento para hipertensão arterial e refluxo, além de tomar medidas preventivas contra broncoaspiração.

Bolsonaro conversou nas últimas semanas com aliados para definir se participaria presencialmente do julgamento ou não.

Ele disse a pessoas próximas que gostaria de estar na corte em algumas das sessões, quando ficaria frente a frente com os ministros que ele considera seus algozes, mas à época aliados já citavam a possibilidade de seu quadro de saúde ser um empecilho para esse plano.

Nessas últimas semanas, seus aliados se revezaram em visitas autorizadas pela corte. Nem todos puderam ir nas datas apontadas pelo STF, e os que foram ficaram algumas poucas horas.

Não foram poucas as trocas de acusação no seu grupo político de falta de fidelidade ou de abandono, como seus filhos expuseram nas últimas semanas.

Houve um racha no bolsonarismo e no centro da disputa está o espólio eleitoral do ex-presidente.

Até quando pôde falar publicamente, ele disse que manteria sua candidatura ao Palácio do Planalto, a despeito da inelegibilidade.

O mundo político intensificou a pressão para uma nova candidatura de direita, mais notadamente a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, por sua vez, reforçou demonstração de apoio a Bolsonaro mais recentemente. Ele também nega a possibilidade de candidatura, o que hoje seria visto como indelicado e insensível, porque o ex-presidente precisa de apoio.

No geral, os relatos dos visitantes a Bolsonaro são de pessimismo. Ele se sente injustiçado, vítima de perseguição do Judiciário -é um dos réus acusados de liderar trama golpista de 2022.

Bolsonaro não reconheceu a vitória de Lula (PT) e viajou para os Estados Unidos. Ele admite conversas sobre o que chama de “alternativas”, que seriam forma de não passar a presidência, porque ele não acreditava no resultado das urnas.

Em prisão domiciliar desde o início do mês, quando investigadores e o tribunal identificaram o que seria um risco de fuga, Bolsonaro dá como certa a sua condenação.

Embora prevejam uma condenação, aliados esperam que a Primeira Turma do Supremo não aplique a pena máxima pelos crimes que devem ser imputados a ele. A expectativa é de que a defesa consiga atuar pela contenção de danos e tenha sucesso na dosimetria, momento de definição do tempo de detenção.

Uma reversão mais acentuada do cenário, na avaliação de bolsonaristas, só seria possível com uma mudança do ambiente político, que levasse à aprovação de uma anistia aos condenados nos ataques golpistas do 8 de Janeiro, incluindo o ex-presidente. O Congresso, no entanto, permanece dividido sobre o tema.

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