BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usaram as contas de suas esposas em transações para evitar bloqueios de recursos, segundo a Polícia Federal.
Os investigadores ainda afirmam que Eduardo fez dois repasses para Heloísa Bolsonaro “como forma de escamotear” os valores antes encaminhados a ele pelo pai. O ex-presidente transferiu ao menos R$ 2 milhões ao filho em maio, e antes havia realizado seis repasses por Pix a Eduardo que totalizam R$ 110 mil.
Bolsonaro também transferiu R$ 2 milhões para Michelle Bolsonaro em 4 de junho, um dia antes de prestar depoimento à PF. Ele não informou aos investigadores sobre os repasses por Pix a Eduardo e sobre a transferência para Michelle, diz a PF.
As movimentações financeiras foram citadas no relatório em que a PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sob suspeita de obstrução do julgamento da trama golpista, em curso no STF (Supremo Tribunal Federal).
Para a PF, a análise das transações aponta que Jair e Eduardo utilizaram “diversos artifícios para dissimular a origem e o destino de recursos financeiros, com o intuito de financiamento e suporte das atividades de natureza ilícita do parlamentar licenciado no exterior”.
Os investigadores ainda afirmam que o ex-presidente atuou desde o início de 2025 para se desfazer de seus recursos para evitar possíveis medidas judiciais que o impedissem de apoiar financeiramente Eduardo Bolsonaro.
A PF ainda narra que, depois de receber R$ 2 milhões do pai, Eduardo Bolsonaro fez uma operação de câmbio de disponibilidade unilateral, no valor de R$ 1.661.835,76, com destino aos Estados Unidos. Ele informou à corretora que o valor tinha origem na transação feita por seu pai.
Em depoimento à polícia, Bolsonaro disse que as transferências a Eduardo foram abastecidas por campanhas de doação feitas por apoiadores do ex-presidente.
A investigação também afirma que de janeiro a julho de 2025 Bolsonaro realizou 40 transações, entre saques em caixas eletrônicos e atendimento presencial em guichê bancário.
“No total, foram contabilizados R$ 130.800,00. Não se ignora a eventual necessidade do ex-presidente em realizar despesas de pequeno vulto, sobretudo durante deslocamentos e viagens realizadas ao longo de agendas públicas. Entretanto, o grande volume de transações em dinheiro físico é indício relevante no contexto probatório, considerando os riscos associados à falta de rastreabilidade e a possibilidade de financiamento de ações de caráter ilícito”, disse a PF.