São Paulo, 15 de setembro de 2025 – O governo brasileiro ainda aguarda a liberação de vistos paraparte da delegação que vai a Nova York, nos Estados Unidos (EUA), participar da 80a. AssembleiaGeral das Nações Unidas (ONU). Isso a apenas uma semana do início do encontro. As informaçõessão da Agência Brasil.
A gente tem indicação do governo americano que os [vistos] que ainda não foram concedidos estãoem vias de processamento. Não tem como especular sobre qual vai ser o resultado desseprocessamento, admitiu, nesta segunda-feira (15), o diretor do Departamento de OrganismosInternacionais do Itamaraty, ministro Marcelo Marotta Viegas.
A Assembleia Geral da ONU ocorre entre os dias 22 a 26 de setembro e o presidente Luiz Inácio Lulada Silva discursa na abertura do encontro no dia 23 de setembro. Tradicionalmente, o presidente doBrasil abre os discursos oficiais das assembleias anuais da ONU.
O visto do presidente estaria garantido, mas outros membros da delegação que nunca foram aos EUAainda aguardam autorização para ingressar no território estadunidense.
Na semana passada, a agência de notícias dos EUA Associated Press (AP) disse ter tido acesso a ummemorando do Departamento de Estado dos EUA com suposta avaliação do governo Trump para limitar osvistos da delegação brasileira, iraniana, do Sudão e Zimbábue.
A suposta restrição vazada à AP ocorre no contexto de ataques do governo de Donald Trump contra adecisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativade golpe de Estado.
Como é o país sede da ONU, os EUA têm acordo com a organização para não limitar os vistos dasdelegações dos países representados na Assembleia Geral, regra que costumava ser respeitada mesmonos momentos mais tensos da Guerra Fria.
O representante do Ministério das Relações Exteriores (MRE) ponderou que a expectativa é quetodos os vistos sejam concedidos.
Qualquer medida que não se conforme com o que está estabelecido no acordo [entre ONU e EUA] é umaviolação legal, o que não quer dizer que ela não ocorra. De qualquer forma, não temos por queachar que os EUA não observarão suas obrigações legais com relação à concessão de vistos,completou Marcelo Marotta.
Vistos palestinos
No final de agosto, os EUA revogaram os vistos da Autoridade Palestina (AP) e do seu presidente, opalestino Mahmoud Abbas. A Autoridade Palestina controla parte da Cisjordânia, enquanto o Hamastinha o controle da Faixa de Gaza. O governo Trump acusou a organização de Abbas de associaçãocom o terrorismo no contexto do conflito com Israel.
Na semana passada, um Comitê da ONU discutiu a suspensão dos vistos das autoridades palestinas.Mesmo sendo um Estado observador da ONU, não tendo o mesmo status de Estado membro, a AutoridadePalestina teria a prerrogativa de acesso aos vistos dos demais países.
A representação brasileira expressou sua preocupação contra qualquer medida que viole o acordode país sede da ONU. O Brasil não é membro do comitê, mas participou dessa sessão e levantoupreocupações quanto ao não cumprimento das obrigações do Estado-Sede, disse Marcelo.
Existe a expectativa de que países europeus reconheçam, oficialmente, a Palestina como um Estadona Assembleia Geral da ONU deste mês. Países como a França e o Reino Unido manifestaram aintenção de reconhecer a Palestina nessa ocasião. Os Estados Unidos (EUA) e Israel têm semanifestado contra esse reconhecimento.