Câmara dos EUA antecipa recesso e adia possível votação sobre caso Epstein

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara dos Estados Unidos, o republicano Mike Johnson, decidiu nesta terça-feira (22) antecipar o recesso parlamentar. A movimentação é vista como uma manobra para adiar uma possível votação que poderia obrigar o governo Donald Trump a divulgar documentos relacionados ao caso Jeffrey Epstein, acusado de tráfico de pessoas e abuso sexual de menores de idade.

A decisão, que interrompeu os trabalhos legislativos, também ocorre após o Comitê de Supervisão da Câmara aprovar por unanimidade uma intimação para que Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein, preste novo depoimento. A proposta foi apresentada pelo republicano Tim Burchett. Maxwell está presa desde 2020, e em 2022 foi condenada a 20 anos de prisão.

O início do recesso da Câmara foi antecipado em um dia para esta quarta-feira (23) e terá duração de cinco semanas. Johnson afirmou que a decisão é para evitar o que chamou de “jogos políticos”.

Trump vem sendo criticado pela forma como tratou a liberação de informações sobre o caso Epstein e enfrenta uma das maiores crises em sua base. O magnata foi preso em julho de 2019 e se suicidou dentro da cadeia em Nova York pouco mais de um mês depois, enquanto aguardava julgamento.

O episódio gerou uma série de teorias da conspiração sugerindo que ele teria sido assassinado devido a interesses de poderosos que desejavam esconder sua relação com o esquema de pedofilia e exploração sexual de menores.

As teorias foram estimuladas ao longo dos anos por figuras importantes da base de Trump, incluindo várias que hoje ocupam cargos no governo, como o diretor do FBI, Kash Patel, e a secretária de Justiça, Pam Bondi. Eles disseram várias vezes que, se chegassem ao poder, publicariam a “lista de Epstein” -um suposto arquivo detalhando clientes do magnata.

Entretanto, no último dia 7, o FBI e o Departamento de Justiça vieram a público dizer que essa lista não existe e que todos os materiais indicam que Epstein morreu mesmo por suicídio.

A admissão caiu como uma bomba entre trumpistas adeptos das teorias da conspiração. O presidente chegou a atacar seus apoiadores por continuarem pressionando a divulgação.

Na última sexta-feira, numa possível tentativa de conter seus apoiadores, Trump ordenou que o Departamento de Justiça liberasse testemunhos do júri, mas sem abrir o processo por completo.

Dias depois, um dos ex-advogados de Epstein pediu que sejam liberados registros adicionais da investigação relacionada ao tráfico sexual. Ele também instou o governo a conceder imunidade a Ghislaine Maxwell para que ela testemunhe sobre os crimes.

Nos Estados Unidos, réus em processos criminais não são obrigados a testemunhar em sua própria defesa. Durante seu julgamento, Maxwell não subiu ao banco das testemunhas. Ela recorreu de sua condenação à Suprema Corte dos EUA.

O subsecretário de Justiça dos Estados Unidos, Todd Blanche, anunciou nesta terça que deverá se reunir com Maxwell nos próximos dias para sondar se ela quer dar seu depoimento a promotores do governo.

“O presidente [Donald] Trump nos disse para divulgar todas as provas confiáveis. Se Ghislaine Maxwell tiver informações sobre qualquer pessoa que tenha cometido crimes contra vítimas, o FBI e o Departamento de Justiça ouvirão o que ela tiver a dizer”, disse ele em um post na rede social X.

Blanche afirmou ainda que o Departamento de Justiça “não se esquiva de verdades desconfortáveis” e que a pasta e o FBI revisitaram as provas contra Epstein e que não encontraram nada “que pudesse justificar uma investigação de terceiros não indiciados”.

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