Caso Marielle gera atrito em aliança de Ramagem e faz Paes usar Anielle para se defender

Uma image de notas de 20 reais

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O caso Marielle Franco ganhou força no debate eleitoral do Rio de Janeiro nesta semana com inserções feitas pela campanha do deputado federal Alexandre Ramagem (PL), candidato à prefeitura.

Propaganda do bolsonarista na TV critica o prefeito Eduardo Paes (PSD), que tenta a reeleição, pela nomeação do deputado federal Chiquinho Brazão (hoje sem partido) como secretário em sua gestão. A peça, porém, gerou reveses na Justiça Eleitoral e dentro da própria aliança.

O prefeito conseguiu na Justiça Eleitoral retirar as inserções do ar. Assim como fez em outras oportunidades, ele afirmou que a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) e seus pais o apoiam e disse que o adversário fez uma associação “baixa e irresponsável” entre seu governo e o crime.

“Todos já sabem que quando tomei conhecimento do suposto envolvimento do então político, ele foi sumariamente demitido e coloquei o partido dele para correr da minha aliança para prefeito”, disse ele, em vídeo em suas redes sociais.

Chiquinho Brazão foi exonerado em fevereiro, um mês antes da prisão. Ainda assim, manteve aliados em cargos na prefeitura com seu sucessor, também indicado por seu grupo político. Todos só foram exonerados após a prisão, em março, do deputado e seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão.

“Ramagem fez justamente o contrário. Votou na Câmara dos Deputados para que ele [Chiquinho] fosse solto e fechou aliança com o partido e grupo político dos assassinos da Marielle”, disse Paes.

Além de lembrar a nomeação de Chiquinho, a peça publicitária fazia um ataque direto ao prefeito e ao deputado: “Não tem como o Eduardo combater o crime, se ele dá emprego para bandido.”

A propaganda também foi criticada pelo Republicanos, partido ao qual Chiquinho estava prestes a se filiar antes da prisão.

O presidente municipal da sigla, o ex-deputado Eduardo Cunha, emitiu uma nota criticando os “responsáveis pela programação de TV e rádio da campanha de Alexandre Ramagem” por utilizar “de forma covarde a situação envolvendo a família Brazão”.

“O fato do atual prefeito Eduardo Paes se utilizar de instrumentos baixos e sujos nos seus ataques não dá o direito da campanha de Ramagem se utilizar dos mesmos expedientes sujos”, disse Cunha na nota.

Posteriormente, Cunha afirmou que a nota não criticava o candidato, mas os responsáveis pela propaganda.

“Nós continuamos a apoiar a campanha de Ramagem, até porque a campanha do adversário não pode ser vitoriosa com os ataques sujos desferidos por ele. Nós continuamos a ter a mesma opinião de que Paes é mentiroso, enganador, sem escrúpulos, sem palavra e sem caráter. Foi o partido que não quis continuar a aliança pela qual ele implorava em seguidas visitas a minha casa” afirmou o ex-deputado.

Correligionário e amigo de Marielle, o deputado Tarcísio Motta (PSOL) não conseguiu capitalizar para sua campanha os deslizes dos adversários no episódio. Ele tem criticado Ramagem por fazer parte de um grupo com vínculos ideológicos com a milícia e Paes, pela proximidade com políticos suspeitos.

“Se, de um lado, nós temos um grupo político que homenageia, tenta naturalizar e até legalizar a milícia, que é o bolsonarismo, do outro lado temos o Eduardo, que bota milicianos no seu secretariado. Brazão era secretario do Paes até recentemente. A família da Lucinha, madrinha da milícia, sempre teve lugar cativo”, disse ele, na sabatina Folha/UOL, em agosto.