Centro-Oeste, Norte e Nordeste recebem R$ 3,4 milhões do governo para estimular venda online

Uma image de notas de 20 reais
Iniciativa da ABDI selecionou empresas para receber incentivo do governo federal
(Freepik)
  • Setor cresce, desde anos 2000, acima de 10% ao ano e fatura R$ 225 bilhões, mas negócios se concentram (90%) no eixo Sul-Sudeste
  • Meta da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), vinculada ao MDIC, é facilitar comércio eletrônico para 1,1 mil empresas
Por Bruno Cirillo

[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
Ainda pouco desenvolvidos fora do Sudeste, os negócios de e-commerce estão sendo selecionados e incentivados pelo governo federal. Através do programa ecomerce.br, a iniciativa busca estruturar e desenvolver um setor que deslanchou nos anos 2000 e cresce num ritmo acima de 10% ano, mas ainda se concentra nos grandes centros. Embora as vendas de micro e pequenas empresas via comércio eletrônico tenham saltando de R$ 5 bilhões para R$ 67 bilhões, entre 2019 e 2024, segundo o governo federal, e as companhias que viabilizam as entregas ainda são escassas no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que representam apenas 10% do total.  À AGÊNCIA DC NEWS, Adryelle Pedrosa, gerente da Unidade de Transformação Digital (UTD) da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) afirmou que o plano é incentivar 1,1 mil empresas nessas regiões.

A ABDI, órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), selecionou nove iniciativas, em um edital de R$ 380 mil cada (R$ 3,4 milhões, no total). Os projetos-piloto terão duração de seis meses, e os três melhores serão premiados com mais R$ 500 mil por CNPJ para reproduzi-los em escala a partir de março do ano que vem. O edital foi aberto em janeiro e recebeu iniciativas de todos os estados. Entre os vencedores exitem protótipos, por exemplo, de capacitação para o ambiente digital, estímulo à venda online de produtos locais, integração de redes sociais às plataformas comerciais e profissionalização do atendimento digital, em cidades como Anápolis (GO), Viçosa (AL) e Teresina (PI) – confira abaixo a relação completa.     

O comércio eletrônico movimentou R$ 225 bilhões no ano passado, crescimento de 14,6% sobre 2023 e de 311% nos últimos cinco anos, de acordo com o Dashboard de Comércio Eletrônico Nacional, do MDIC. Desde 2016, data de início da série história, já foram negociados R$ 1 trilhão via comércio eletrônico, o equivalente a 3,5% do PIB em 2024. Há dez anos, o volume anual de negócios movimentado por via online girava em torno de R$ 30 bilhões. “No Brasil, o que verificamos é que a pandemia forçou as empresas a entrarem no varejo online”, afirma Adryelle Pedrosa, gerente da Unidade de Transformação Digital (UTD) da ABDI. De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABBCOM), até 2029 a evolução do faturamento do e-commerce deverá estar sempre acima de 10% por ano. 

Escolhas do Editor

“É preciso regionalizar e promover um mapa mais igualitário do e-commerce no Brasil”, disse Adryelle à AGÊNCIA DC NEWS. “Nossa ideia é superar os principais gargalos das regiões que participam menos dos negócios.” Segundo ela, um dos critérios adotados para a escolha dos projetos-pilotos, que podem ser tanto da iniciativa privada quanto do poder público, é que atendam pelo menos 50 empresas a partir do edital. A meta é beneficiar um total de 1,1 mil empresas nas regiões contempladas. “Algumas soluções já estão em prática”, disse ela. “O valor que determinamos para a primeira etapa é condizente com o que a gente espera dos projetos nessa fase.”

O MDIC destaca que outras iniciativas vêm fortalecendo o processo de digitalização do comércio, como a Lei de Informática, que disponibiliza cerca de R$ 7 bilhões em crédito para o ecossistema de inovação, e a linha de crédito Mais Inovação, com R$ 108 bilhões a uma taxa de juros subsidiada. “O Centro-Oeste pulsa com o agronegócio, o Nordeste desponta com grandes perspectivas de transição energética e o Norte pode inaugurar um novo ciclo de desenvolvimento com a Margem Equatorial”, disse o presidente da ABDI, Ricardo Capelli, durante a live da premiação, semana passada. Vale citar que os produtos mais vendidos no e-commerce nacional no ano passado foram smartphones (4,1%), livros (3,3%) e refrigeradores (2,6%).

CONHEÇA AS SOLUÇÕES 

Goiás – “GO+Ecommerce” – O GO+Ecommerce foi concebido para capacitar e apoiar pequenos negócios na estruturação, operação e otimização de canais de vendas on-line. O projeto atenderá 65 empresas de Goiás estruturado em módulos de capacitação focados em áreas específicas do e-commerce, como o uso de plataformas, a exemplo de Shopify e Nuvem Shop, integração de soluções de pagamento, estratégias de marketing digital e melhoria na experiência do cliente.

Goiás – “Elo Digital” – Com o propósito de atuar como ponte entre o comércio local e a economia digital de Anápolis (GO), o Elo Digital tem por objetivo enfrentar a “invisibilidade digital” das micro, pequenas e médias empresas. O projeto oferece tecnologia acessível, suporte próximo e estratégias de fidelização voltadas ao fortalecimento da chamada economia de vizinhança. Os seis meses de piloto serão dedicados a 150 micro, pequenas e médias empresas do município goiano.

Mato Grosso do Sul – “Ecommerce Mais Produtivo” – A Ecommerce Mais Produtivo tem a missão de resolver um grande desafio entre as micro e pequenas empresas: a comunicação descentralizada e ineficiente com o cliente final. Para isso, centraliza todos os canais de contato numa única plataforma, possibilitando aplicação de automação, com apoio da rede de inovação, que faz o diagnóstico, implementação e acompanhamento ao longo do projeto piloto. O projeto-piloto prevê o atendimento de pelo menos 70 empresas em Mato Grosso do Sul.

Mato Grosso do Sul – “Projeto LicitAI” – Buscando democratizar o acesso das MPMEs às compras públicas, a plataforma LicitAI utiliza inteligência artificial de ponta para automatizar a busca, interpretação e resumo de editais, eliminando barreiras burocráticas e informacionais que tradicionalmente afastam os pequenos negócios desse mercado. A meta é atender 400 empresas no estado de Mato Grosso do Sul no primeiro ano de operação.

Alagoas – “Agreste Digital” – Micro e pequenas empresas do agreste alagoano, especialmente as lideradas por mulheres, jovens e grupos de baixa renda, passam a contar com apoio para ingressar no comércio eletrônico. A iniciativa Agreste Digital oferece acesso gratuito ao SeverinoPro, software que simplifica a gestão de estoque, finanças, emissão de notas fiscais e vendas on-line. No piloto, 100 empresas serão capacitadas e 61 receberão gratuitamente uma assinatura de 12 meses do software.

Bahia – “Quipu” – Uma solução criada na Bahia que aplica inteligência artificial para transformar interações comerciais em relatórios, insights práticos e vendas. Essa é a ideia da Quipu, que, com o aporte da ABDI e MDIC, vai beneficiar inicialmente 60 empresas baianas, com previsão de expansão para 120 negócios na etapa de escala.

Paraíba – “Saúde Positiva” – Na Paraíba, o projeto Saúde Positiva cria um marketplace digital para clínicas e consultórios de pequeno e médio porte, oferecendo soluções como agendamento inteligente, prontuário eletrônico, gestão de pacientes e integração com WhatsApp. A ação piloto será implementada junto a 100 clínicas e consultórios do estado.

Piauí – “Made in Piauí” – A plataforma Made in Piauí foi criada para impulsionar a venda on-line de produtos locais, como castanha, mel, cajuína, cachaça e artesanato, para todo o país. Lançado em abril pelo governo estadual e parceiros, o marketplace já reúne 61 vendedores ativos e cerca de 500 itens disponíveis para compra direta. A meta é atender 100 empresas em seis meses, no período piloto.

Rondônia – “Rede SocialSync” – Único projeto do Norte selecionado no edital, o SocialSync centraliza a gestão de redes sociais e canais digitais — como WhatsApp, Instagram, Facebook e LinkedIn — em uma única plataforma, permitindo automação de interações, agendamento de postagens e relatórios inteligentes com IA. No piloto, a solução será testada em 80 empresas de Rondônia, com expansão para 160 negócios na fase seguinte de escala.

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