BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Gerardo Werthein, renunciou ao cargo, segundo a imprensa local afirmou nesta quarta-feira (22). O chanceler vinha sendo alvo de críticas dos apoiadores de Javier Milei às vésperas das eleições legislativas no país em que o governo chega desgastado por escândalos envolvendo aliados do presidente.
Milei e seu gabinete queriam que a reunião com o presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca, na semana passada, pudesse beneficiar a campanha pelas eleições legislativas na Argentina, no próximo dia 26, especialmente após um escândalo envolvendo um de seus principais candidatos.
O saldo, no entanto, não foi positivo, com declaração de Trump de que, se a oposição a Milei vencesse, deixaria de apoiar a Argentina. Apoiadores de Milei passaram a aumentar as críticas a Werthein após o episódio.
Militante do mileísmo nas redes sociais, o apresentador do canal de streaming Daniel Parisini disse que Trump tinha confundido as eleições e atribuiu a Werthein o resultado negativo da reunião. “Donald acha que as próximas eleições argentinas são as eleições presidenciais”, disse ele. “Se ao menos tivéssemos um ministro das Relações Exteriores, as coisas teriam sido diferentes.”
Se confirmada a demissão de Werthein, este será o segundo chanceler fora do governo Milei em quase dois anos de governo. O atual titular ascendeu ao cargo no fim de 2024, após a demissão da então chanceler Diana Mondino, que estava no governo desde o início da gestão de Milei.
Mondino era uma ministra de grande projeção no início do governo do ultraliberal, na ocasião ainda pouco desgastado por escândalos que arranharam a gestão principalmente em 2025.
A então chanceler foi demitida em meio a clima de caça às bruxas na diplomacia argentina. Milei cobrava comprometimento integral às suas posições, entre elas a oposição a tudo que tem relação com a Agenda 2030 da ONU.
No fim de outubro do ano passado, já em meio ao desgaste, a delegação argentina na ONU votou contra o embargo a Cuba vista como a gota d’água para Milei, que forçou a renúncia de Mondino.