São Paulo, 25 de agosto de 2025 – A Petrobras e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis (Ibama) devem iniciar nesta semana a avaliação pré-operacional(APO) no bloco marítimo FZA-M-59, localizado na Bacia da Foz do Amazonas, na chamada MargemEquatorial. As informações são da Agência Brasil.
A APO é um amplo simulado de emergência, exigência que é a última etapa do processo deobtenção de licença ambiental para exploração de petróleo. O exercício simulado foi agendadodepois de meses de negociação entre a empresa estatal e o órgão do Ministério do Meio Ambientee Mudança do Clima (MMA) que concede a autorização.
A Margem Equatorial é vista pela indústria do petróleo como nova fronteira de exploração, comgigante potencial de produção. A proximidade de ecossistemas sensíveis na região, porém, gerapreocupações sobre os impactos da atividade. O bloco marítimo FZA-M-59 fica em águas profundas,a 175 quilômetros da costa do Oiapoque, no Amapá.
A sonda NS-42 está posicionada, desde a noite da última segunda-feira (18), no poço Morpho1-APS-57, onde será feita a perfuração, caso autorizada. Diversos outros equipamentos eestruturas também entrarão em atuação no simulado.
O procedimento simulado deve durar de três a quatro dias, podendo variar, conforme as condiçõesde execução das atividades planejadas. Durante a APO, é verificada, por meio de simulações, aefetividade do plano de emergência proposto pela Petrobras ao Ibama.
As simulações testarão, na prática, a capacidade de resposta em caso de acidentes comderramamento de óleo, incluindo a eficiência dos equipamentos, agilidade na resposta, cumprimentodos tempos de atendimento à fauna previstos e a comunicação com autoridades e partesinteressadas. De acordo com a Petrobras, o exercício simulado envolverá mais de 400 pessoas.
As aeronaves poderão ser utilizadas para resgate aeromédico, de fauna e monitoramento. Mais de 100profissionais estarão dedicados à proteção animal, incluindo médicos veterinários, biólogos eoutros profissionais, habilitados para atuar com fauna, segundo a Petrobras.
O procedimento é semelhante ao que a estatal realizou em 2023 para obter licença de perfuraçãodos poços Pitu Oeste e Anhangá, no litoral do Rio Grande do Norte.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, tem dito que a empresa levará para o Amapá “a maiorestrutura de resposta a ocorrências já mobilizada pela companhia”.
Nova fronteira
A Margem Equatorial ganhou notoriedade nos últimos anos, por ser tratada como nova e promissoraárea de exploração de petróleo e gás. Descobertas recentes de petróleo nas costas da Guiana,da Guiana Francesa e do Suriname, países vizinhos ao Norte do país, mostraram o potencialexploratório da região, localizada próxima à linha do Equador.
No Brasil, a área se estende do Rio Grande do Norte até o Amapá. A Petrobras tem poços na novafronteira exploratória, mas, por enquanto, só tem autorização do Ibama para perfurar os dois dacosta do Rio Grande do Norte.
Em maio de 2023, o Ibama chegou a negar a licença para outras áreas, como a da Bacia da Foz doAmazonas. A Petrobras pediu uma reconsideração e espera a decisão.
Além da companhia, setores do governo, incluindo o Ministério de Minas e Energia e o própriopresidente Luiz Inácio Lula da Silva, defendem a liberação da licença. No Congresso, presidentedo senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tem sido um dos principais articuladores para apressar eautorizar a licença.
Segundo a Petrobras, a espera pela licença de exploração custa R$ 4 milhões por dia à empresa.
Pressão de ambientalistas
A exploração é criticada por ambientalistas, preocupados com possíveis impactos ao meioambiente. Há também a percepção, por parte deles, de que se trata de uma contradição àtransição energética, que significa a substituição dos combustíveis fósseis por fontes deenergia renováveis, que emitam menos gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.
A Petrobras insiste que a produção de óleo a partir da Margem Equatorial é uma decisãoestratégica para que o país não tenha que importar petróleo na próxima década. A estatal frisaque, apesar do nome Foz do Amazonas, o local fica a 540 quilômetros da desembocadura do riopropriamente dita.
No início de agosto, um comunicado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) defendeu maispesquisas antes de se autorizar perfurações em busca de óleo.
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