Tabata Amaral (PSB) esteve na tarde desta quinta-feira (15) na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e abriu o Ciclo de Palestras dos candidatos à prefeitura paulistana. A deputada federal de 30 anos, nascida na Vila Missionária, periferia da Zona Sul, falou de suas propostas e respondeu a perguntas. Seu Plano de Governo de 39 páginas – cujo Conselho inclui nomes como os de Arminio Fraga, Celso Lafer e Marisa Moreira Salles – reuniu dezenas de especialistas, num trabalho “intersetorial, transversal e colaborativo”, e elenca 35 eixos programáticos. “Não dá para aceitar que um paulistano que nasce no Alto de Pinheiros tenha 23 anos a mais de expectativa de vida do que um paulistano que nasce em Cidade Tiradentes”, afirmou no documento. Filha de uma diarista e um cobrador de ônibus, migrantes nordestinos, formou-se em Harvard. Durante sua exposição na ACSP, resumiu sua proposta de governo a cuidar do “social e do fiscal”, e afirmou em entrevista no fim da palestra que não irá aumentar tributos municipais. “A solução para São Paulo é fazer o básico bem-feito.” A seguir, os principais trechos de sua proposta em cinco núcleos (educação, saúde, segurança pública, Centro e economia).
EDUCAÇÃO – “Vim de uma escola pública. Isso é a primeira coisa que quero dizer. Foi o que me trouxe aqui. A segunda é que tudo o que a educação me deu não está disponível a quem é de onde eu venho. Então sei o que uma oportunidade traz para a vida de um jovem. Irei investir na formação técnica, porque ela vai ser transformadora, e criar o programa Jovem Tech, voltado a jovens de baixa renda entre 14 e 24 nos para capacitação em tecnologia. Assim como universalizar gradualmente o ensino em tempo integral e alfabetizar 100% das crianças na idade certa. Também propomos dobrar a carga de aulas de inglês. Toda escola municipal mandará um aluno para intercâmbio internacional.”
SAÚDE – “Um dado: hoje, as pessoas faltam a um terço das consultas marcadas. Outro dado: num posto de saúde falta determinado remédio que em outro posto existe, mas está vencendo. Ou seja, é preciso integrar dados. Isso já tornará o sistema mais eficaz. A proposta também é ampliar para 75% a cobertura da Estratégia de Saúde da Família aos cidadãos SUS dependentes e universalizar a eles os serviços de telemedicina. Também será preciso atenção especial à saúde mental, uma área totalmente descoberta em São Paulo.”
SEGURANÇA PÚBLICA – “Ouvi ex-comandantes, e todos disseram: ‘Cuide dos pancadões, porque eles são o principal motivo de chamados para a PM’. Mas isso é ruído, é tarefa da prefeitura. Cuidar disso já deixaria espaço para a polícia fazer o trabalho dela onde é preciso. Falta coordenação. E vamos replicar em parceria com o governo do estado modelos de sucesso, como o do Piauí, em que a prefeitura [de Teresina] cassa as licenças de funcionamento de estabelecimentos que fazem parte da teia do crime.”
CENTRO-SP – “Não dá para falar do Centro sem tratar da questão da população em situação de rua e da Cracolândia. Mas hoje elas não existem apenas no Centro, estão em 70 áreas da cidade. Na região central, no entanto, para os moradores em situação de rua é preciso de duas abordagens: uma é a política emergencial, que é acolher, dar abrigo, sem separar esse morador de sua família, de seus animais de estimação. A segunda é uma política estruturante, encontrar para eles uma porta de saída, que muitas vezes é a qualificação a quem está na rua porque perdeu o trabalho, que é tratar a quem está na rua por questão de saúde. E isso tudo vai refletir no Centro de São Paulo. Mas especificamente para essa região, a prefeitura deve comprar os 20% de imóveis que estão desocupados. E vamos criar uma plataforma em que o poder público seja fiador para que pessoas aluguem e comprem os imóveis.”
ECONOMIA & EMPREENDEDORISMO – “O compromisso é não aumentar nenhuma taxa ou tributo, pois a cidade já cobra o dobro de impostos de qualquer capital no Brasil. Mesmo assim, depois de muito tempo São Paulo fecha o ano no vermelho. Estamos com R$ 8 bilhões a menos. A arrecadação dos impostos é muito grande e não condiz com a qualidade dos serviços prestados ao cidadão. O social anda junto do fiscal. Vamos levantar o potencial econômico de alguns territórios e investir neles, como ter um polo tecnológico na região da rua Santa Ifigênia e atrair startups e empresas desse ecossistema com uma política agressiva de isenção. Sobre o empreendedor, em especial o pequeno, fazer negócio em São Paulo não pode ser a tortura que é hoje. Temos uma ótima infraestrutura, mas está longe de ter o melhor ambiente de negócio das capitais do Brasil. Uma das propostas é o resgate do Portal do Licenciamento. Queremos tirá-lo da gaveta. Reforço também o compromisso com a desburocratização, especialmente para pequenos e médios empreendedores de regiões periféricas. Para isso, a ideia é isentar os impostos pelo período de um ano dos empreendedores pequenos e periféricos que participarem das capacitações da prefeitura. Ainda no âmbito da economia da cidade está a qualificação e formação de trabalhadores. Tenho conversado com diversos setores, como moda, eletrônicos, bares & restaurantes e teatros. Todos falam que têm dificuldade em encontrar profissionais qualificados. Para resolver isso, em quatro anos vamos formar 100 mil pessoas. Os cursos serão curtos, de 60 a 120 horas, com os custos subsidiados pela prefeitura.”