CNI propõe a governo Trump parceria em data centers e minerais críticos para negociar tarifas

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WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – A CNI (Confederação Nacional da Indústria) apresentou ao Departamento do Comércio dos Estados Unidos temas nos quais parcerias entre empresários brasileiros e os americanos podem acontecer.

O presidente da entidade, Ricardo Alban, afirma que sugeriu aos integrantes do governo Donald Trump que é possível discutir negócios conjuntos em relação a data centers, minerais críticos e etanol.

A estratégia foi a de ser propositivo para mostrar aos EUA que o Brasil teria o que oferecer num eventual acordo pela redução das tarifas de 50% impostas a produtos brasileiros.

O empresário frisou, porém, que o recado do governo americano foi claro de que a negociação a respeito das sobretaxas passa pela questão política, ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e decisões do STF mirando empresas de tecnologia.

“Nós temos capacidade de ser o principal fornecedor desse insumo, que são os data centers, é um ganha ganha”, afirmou.

Trump quer acelerar o desenvolvimento da inteligência artificial no país e para isso quer construir mais data centers. Essas instalações, porém, requerem energia e é nesse aspecto que o Brasil poderia contribuir, diz Alban, já que o país tem “excedente de energia limpa”, segundo ele.

Ele também acredita ser possível conversar sobre o desenvolvimento de tecnologias para explorar as terras raras e negociar questões ligadas ao etanol, sem se aprofundar no tema. O presidente da CNI disse que os americanos se mostraram entusiasmados com o que ouviram. “Eles querem que sejamos propositivos e arrojados. Saio [dos EUA] com uma confiança realista. Sabendo que há um impasse devido a questões políticas], mas [que a conversa] está em movimento”, avaliou.

O pacote foi submetido ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do Brasil, chefiado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), antes de ser levado aos EUA, segundo Alban. O secretário adjunto do Departamento de Estado, Christopher Landau, com quem ele se reuniu na quarta (3), disse que estaria aberto a conversar com Alckmin e que vai sugerir ao vice-presidente uma conversa entre eles. O diálogo, no entanto, teria a tônica de uma conversa política, o que a gestão Lula quer evitar.

O ex-diretor geral da OMC (Organização Mundial do Comércio) Roberto Azevêdo também ressaltou ter ouvido que a questão política é o cerne das tarifas aplicadas ao Brasil e que isso dificulta o andamento de tratativas. Disse, porém, ter ouvido em reuniões no Departamento de Comércio e no USTR (Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos).

“Ficou claro que a questão política é importante, mas também ficou claro que há o que possamos fazer”, disse, em relação ao Brasil sugerir temas que podem ser de interesse a ambos os países. “Os dois lados reconhecem que há dificuldades importantes na conversa, mas não leva ao imobilismo”, afirmou Azevêdo.

Mais de 120 empresários viajaram a Washington para participar da missão da CNI. Nesta quarta-feira (3), os empresários estiveram em audiência pública no USTR, representados por Azevêdo, para discutir a investigação comercial em curso contra o país, e também em reuniões no Capitólio.

Nesta quinta, o deputado Eduardo Bolsonaro foi ao hotel onde estão empresários de comitiva da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Ele disse ter sido convidado por empresários e conversou com dois representantes do setor da pesca.

A presença dele no local gerou incômodo entre outros integrantes de associações, que querem evitar dar uma conotação política à tentativa de negociar tarifas com outros empresários americanos e membros do governo Trump. A CNI afirma que não o convidou e seu presidente nega que tenha havido constrangimento.

Integrantes da comitiva, porém, não gostaram do fato de o deputado ter ido ao hotel, porque atribuem a ele a implementação das tarifas. No momento em que ele estava lá, ocorria um painel entre empresários numa sala fechada. Eduardo não entrou no local. Um empresário disse à Folha que caso ele tivesse entrado, ele teria se retirado da sala tamanho o incômodo com sua presença.

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