Com desinflação pontual de 0,11% e alta acumulada de 5,13%, IPCA mantém-se acima do teto da inflação

Uma image de notas de 20 reais
Sazonalidade de produtos in natura favoreceu a desinflação
(Adriano Vizoni/Folhapress)
  • Se continuar nesse ritmo, o IPCA chegará ao final do ano acima do teto da inflação, segundo economista da Blue3 Investimentos
  • Dos nove tipos de produtos avaliados pelo indicador, cinco registram queda neste mês, como Habitação, Alimentação e Transportes
Por Bruno Cirillo

[AGÊNCIA DC NEWS]. A inflação teve queda de 0,11% em agosto, após uma alta de 0,26% no mês anterior. Divulgado nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula um aumento de 5,13% nos últimos doze meses. O resultado anual permanece acima da meta fixada em 3% para 2025, com teto de 4,5%, e economistas avaliam que a desaceleração, nesse momento, é pontual e não significa o início de um processo deflacionário.

“O que mais impactou a inflação foram fatores em grupos de mercadorias que têm maior peso no IPCA”, diz a economista Bruna Centeno, da Blue3 Investimentos, em São Paulo. Dos nove tipos de produtos avaliados pelo indicador, cinco fecharam o mês em queda. Habitação, com menos 0,90%, porque os bônus anuais emitidos pela Usina Hidrelétrica de Itaipu geraram queda de 4,21% nas cotações da energia elétrica. Em Alimentação e Bebidas, que vinha acumulando meses de valorização, a sazonalidade de alguns produtos in natura, como o café, resultou numa queda de 0,27%. Já Transportes, com passagens aéreas mais baratas por ser um período de baixa procura, registrou déficit de 0,27%.  

Se continuar nesse ritmo, o IPCA chegará ao final do ano acima do teto da inflação, na avaliação da assessoria de investimentos, entre 5,23% e 5,13%. O boletim Focus, do Banco Central, acredita que conseguirá, com uma política restritiva, de alta nos juros — a Selic atualmente está em 15%, para debelar a inflação —, encerrar o ano com a inflação controlada, entre 4,52% e 4,62%. “No curto prazo, deve haver um ânimo maior do mercado por causa do dado positivo de agosto”, disse Centeno. Segundo ela, contudo, essa redução não deve acarretar nenhuma mudança na orientação do BC, que vem elevando os juros há sete reuniões do Comitê de Política Monetário (Copom). “O ajuste (redução da taxa de juros) só deve vir no segundo trimestre de 2026.”

Escolhas do Editor

Para Pablo Spyer, conselheiro da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (ANCORD), o resultado do IPCA de agosto revela uma acomodação da inflação, ainda que o arrefecimento do indicador se deva a pressões pontuais em alguns setores. “Apesar disso, o resultado veio um pouco pior do que o esperado (0,14% na estimativa prévia) e é importante destacar que a inflação subjacente ainda se mantém elevada”, disse o economista. “Sinal que a desinflação não se consolidou, e o cenário requer cautela.”

“O resultado de agosto foi em linha ao que projetávamos na APAS, que era uma deflação apoiada, principalmente, em alimentos”, disse o economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados, Felipe Queiroz. “Vemos uma queda consistente que abre espaço para um afrouxamento da política monetária”, disse ele, “porém, hoje, o nível da taxa Selic é excessivamente alto, tendo em vista a conjuntura”, afirmou.   

MAIS LIDAS

Voltar ao topo