Com Vance em Israel, Trump diz que aliados no Oriente Médio estão prontos para confrontar Hamas

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (21) que países aliados de Washington no Oriente Médio estão prontos para enviar tropas à Faixa de Gaza caso o grupo terrorista Hamas volte a violar o plano de paz em vigor. A declaração foi feita no momento em que seu vice, J.D. Vance, visita Israel para apoiar os esforços diplomáticos americanos na manutenção do cessar-fogo.

“Muitos dos nossos grandes aliados no Oriente Médio, e áreas ao redor do Oriente Médio, me informaram de forma explícita e forte, com grande entusiasmo, que receberiam de bom grado a oportunidade, a meu pedido, de entrar em Gaza com uma força intensa para ‘colocar o Hamas em ordem’, caso o Hamas continue agindo mal, em violação ao acordo deles conosco”, escreveu Trump na plataforma Truth Social.

A mensagem reforça o tom de pressão adotado pela Casa Branca desde que Israel passou a acusar o Hamas de violar o acordo para cessar-fogo e atacar as tropas do país em Gaza. O texto foi divulgado enquanto Vance se reunia em solo israelense com o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e com Jared Kushner, genro do presidente, para discutir formas de fortalecer o plano de paz mediado pelos EUA.

Trump afirmou ainda que tanto Israel quanto os países aliados foram avisados de que as forças estrangeiras só agirão caso o Hamas volte a atacar. “AINDA NÃO!”, escreveu ele, com as habituais letras maiúsculas. Segundo o presidente, há esperança de que a facção faça o que é certo. “Se não fizerem, o fim do Hamas será rápido, furioso e brutal”, afirmou.

Israel e Hamas se acusam de repetidas violações da trégua assinada por Trump no último dia 13, com relatos de episódios de violência e críticas sobre o ritmo da devolução de corpos de reféns, da entrada de ajuda em Gaza e da abertura de fronteiras.

Apesar das acusações, Vance afirmou que o plano para cessar-fogo em Gaza está avançando melhor do que o esperado. “O governo israelense tem sido notavelmente útil na implementação [do pacto]”, disse ele.

O plano de cessar-fogo em 20 pontos de Donald Trump exigirá ainda etapas muito mais difíceis com as quais as partes ainda não se comprometeram totalmente, incluindo o desarmamento do Hamas e medidas em direção a um Estado palestino.

Vance deve se reunir também com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Eles devem falar sobre “os desafios de segurança e as oportunidades diplomáticas que se apresentam”, segundo o premiê israelense.

A viagem ocorre após as conversas de segunda-feira (20) entre Netanyahu e os enviados americanos Steven Witkoff e Jared Kushner. E coincide com reuniões de representantes do Hamas com mediadores no Cairo.

Um alto funcionário israelense disse que o objetivo da visita de Vance era avançar as negociações sobre Gaza para a segunda fase do cessar-fogo. Israel pressiona por garantias mais fortes sobre o desarmamento do Hamas.

As negociações envolvendo a facção palestina no Cairo, lideradas pelo dirigente exilado Khalil al-Hayya, também analisam as perspectivas da próxima fase da trégua e os arranjos pós-guerra em Gaza, além de buscar estabilizar o cessar-fogo existente.

O chefe da inteligência do Egito e figura considerada mediador-chave em Gaza, Hassan Mahmoud Rashad, reuniu-se com Netanyahu mais cedo nesta terça para discutir o avanço do plano de cessar-fogo e outras questões, informou Israel.

Evidenciando a fragilidade da trégua, o Qatar, outro mediador, acusou Israel nesta terça de “violações contínuas”. Qatar e Turquia —que tem usado seu papel para reforçar sua posição regional— têm sido interlocutores-chave junto ao Hamas.

O plano de Trump prevê a criação de um comitê palestino tecnocrático supervisionado por um conselho internacional, sem que o Hamas tenha papel algum no governo.

Um funcionário palestino próximo às negociações disse que o Hamas apoiou a formação de tal comitê para administrar Gaza sem representantes seus, mas com o consentimento do grupo, da Autoridade Palestina e de outras facções.

Na semana passada, o alto dirigente do Hamas Mohammed Nazzal disse à Reuters que o grupo esperava manter um papel de segurança em Gaza durante um período de transição indefinido.

Na mesma semana, a facção entrou em confronto com gangues rivais nas ruas de Gaza e assassinou publicamente homens acusados de colaborar com Israel. O comando militar dos EUA no Oriente Médio pediu ao Hamas que encerrasse a violência imediatamente.

Em entrevista à televisão egípcia na noite de segunda, o dirigente Hayya reafirmou o compromisso do Hamas com a trégua e disse que cumpriria suas obrigações na primeira fase, incluindo a devolução de mais corpos de reféns.

Mais um corpo de refém sequestrado pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro de 2023 —que desencadearam a guerra— foi devolvido na segunda-feira e identificado pelas autoridades israelenses. Cerca de 15 corpos ainda estariam em Gaza, e Israel espera que cinco deles sejam devolvidos em breve.

Israel devolveu nesta terça outros 15 corpos palestinos, informaram autoridades de saúde locais, aumentando para 165 o total de cadáveres repatriados a Gaza.

Dentro do território palestino, mais ajuda estava chegando nesta terça por meio de duas passagens controladas por Israel, segundo autoridades palestinas e da ONU. No entanto, com os moradores de Gaza enfrentando condições catastróficas, as agências humanitárias afirmam que é preciso muito mais.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU afirmou que o fornecimento está aumentando, mas continua muito abaixo de sua meta diária de 2.000 toneladas, devido ao fato de apenas duas passagens estarem abertas. O órgão disse que nenhuma ajuda havia chegado ainda ao norte de Gaza, onde há relatos de fome generalizada.

A violência em Gaza desde a trégua tem se concentrado principalmente em torno da chamada “linha amarela”, que demarca a retirada militar israelense. Nesta terça, a rádio pública israelense Kan informou que tropas mataram uma pessoa que cruzou a demarcação e se aproximava dos militares.

Palestinos próximos à linha, que atravessa áreas devastadas perto das principais cidades, disseram que ela não está claramente demarcada, sendo difícil saber onde começa a zona de exclusão. Escavadeiras israelenses começaram a colocar blocos de concreto amarelos ao longo da rota na segunda.

O ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou nesta terça que pelo menos sete palestinos foram mortos por disparos israelenses nas últimas 24 horas, aumentando para 68.229 o número total de mortos desde o início da guerra.

Os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023 mataram cerca de 1.200 pessoas, segundo registros israelenses, e outras 251 foram levadas como reféns para Gaza.

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