Comitê da ACSP lança o Roteiro Histórico da Mooca: viagem pela memória ajuda a conhecer a cidade
Estádio da rua Javari, do centenário Juventus: um dos cartões-postais da Mooca
(Arquivo/Clube Atlético Juventus)
É o oitavo volume do roteiros organizados pelo Comitê de Civismo e Cidadania da Associação Comercial. Lançamento será nesta 5ª, às 19h30
Roteiro da Mooca traz seis sugestões de roteiros em 35 locais selecionados, além de eventos como a Festa de San Gennaro
Por Vitor Nuzzi
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[AGÊNCIA DC NEWS]. O Comitê de Civismo e Cidadania (Coccid) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) lança nesta quinta-feira (7), às 19h30, o Roteiro Histórico da Mooca, em comemoração aos 469 anos do tradicional bairro da zona leste. É o oitavo documento sobre as macrorregiões da cidade, lembra o coordenador do Coccid, Samir Nakhle Khoury, também vice-presidente da ACSP. Ao visitar locais – ou conhecer fatos –marcantes de cada área, o trabalho oferece um painel diversificado da história da cidade. O lançamento será na Distrital Mooca (rua Madre de Deus, 222).
Samir não é um moquense. “Mas já joguei no campos de várzea lá”, disse. No texto de apresentação, ele fala de sua paixão pelo Clube Atlético Juventus, apelidado de Moleque Travesso no futebol, por complicar a vida dos principais times de São Paulo. Com 101 anos de existência, o Juventus manda suas partidas na Rua Javari, como é conhecido o estádio Conde Rodolfo Crespi, empresário italiano e dono do cotonifício que levava o seu nome. Foram os operários da fábrica que criaram o time. Criada em 1897, com o nome de Regoli, Crespi & Cia., o local foi palco de greve em 1917 e bombardeio pelo governo federal em 1924. Chegou a ter 6 mil funcionários.
Em suas 54 páginas, o interessado vai encontrar seis sugestões de roteiros em 35 locais selecionados, entre empresas, entidades, monumentos, igrejas, marcos, escolas. Ou a conhecida Festa de San Gennaro, que neste ano foi realizada de 7 de junho a 19 de julho. Ou pequenas vilas, com casas originais. Os responsáveis pelo roteiro esclarecem que essas vilas concentram moradias particulares e são fechadas ao público. Mesmo assim, acrescentam, vale a pena passar por lá. Há mais projetos em andamento, envolvendo as 15 Distritais da ACSP. “O objetivo é mobilizar as Distritais e aproximá-las das respectivas comunidades, e para isso já temos outros Roteiros em fase de prospecção”, disse Samir.
Os roteiros servem mesmo para quem já conhece as regiões, lembra o coordenador. Segundo ele, antes do trabalho de campo são convocadas “pessoas de notório saber” de cada região para definir os pontos a serem apresentados nos volumes (veja abaixo quais já foram lançados). São escolhidos lugares ou eventos que tenham importância para a origem daquele ponto. “Não é um roteiro comercial.” As possíveis exceções a essa regra são os estabelecimentos mais antigos das regiões escolhidas. A organizadora e historiadora Elizabeth Florido observa que o roteiro não é um fim em si mesmo, mas uma obra aberta, que pode ser complementada e aprimorada. E traz “pontos e locais imprescindíveis para mostrar a história da cidade a partir do palco Mooca, que, por sinal protagonizou momentos que extrapolaram seu território geográfico”. Como a Hospedaria dos Imigrantes, “primeiro endereço de milhões de gentes vindas de várias partes do globo”. Atualmente, o local abriga o Museu da Imigração.
Mesmo quem está à frente do trabalho se surpreende às vezes, segundo Samir. “No Ipiranga, por exemplo, a gente detectou uma coisa bastante interessante: os moradores da região não conheciam boa parte dos ícones que a gente apresentou no roteiro”, afirmou. Na rua Silva Bueno, uma das mais movimentadas do bairro, fica um pedaço de concreto que moradores e comerciantes queriam destruir. Era um dos Marcos Quilométricos da cidade, implementados em 1916 pelo então prefeito da capital, Washington Luís (que depois se tornaria presidente da República). “A Subprefeitura acabou fazendo um gradil para proteger.”
Para o coordenador do Coccid e vice-presidente da ACSP, os roteiros de certa forma tornaram-se fundamentais para a cidade. “Não só por resgatar a memória, mas sobretudo por revitalizar o espírito comunitário através do civismo e cidadania, tão ausentes nos dias de hoje”, afirmou. Além disso, o trabalho enfatiza a necessidade, para o empreendedor, de ter mais consciência sobre seu papel como protagonista na sociedade em que vive e trabalha. “Ninguém pode considerar-se uma ‘ilha’, pois sempre haverá quem esteja ao seu lado, em sintonia para juntar forças que possam conduzir ao objetivo almejado”, afirmou. “É nesse sentido que a ACSP se propõe a apoiar o empreendedorismo sadio, fazendo com que o somatório de ideias e ideais seja a mola propulsora alavancando o progresso pessoal e também dessa cidade vocacionada para crescer.”
Alguns dos roteiros lançados até agora: pedaços da história da cidade (Reprodução)
Roteiros Históricos Comitê de Civismo e Cidadania Associação Comercial de São Paulo