SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Um terremoto de magnitude 8,8 o mais forte no mundo desde o de 2011, atingiu a península de Kamchatka, na Rússia, nesta quarta-feira (30). O tremor teve epicentro a cerca de 19 km de profundidade. Segundo o USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos), a região está em uma zona de subducção, responsável por alguns dos terremotos mais fortes já registrados.
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COMO SE SABE O QUÃO FORTE FOI UM TERREMOTO?
Tremor levou a tsunami com ondas de até quatro metros e alertas em diversos países do Pacífico, incluindo os EUA. Epicentro foi a cerca de 126 km a sudeste da cidade de Petropavlovsk-Kamchatsky. Moradores foram retirados de regiões costeiras na Rússia, Japão, Havaí, e outros territórios.
Tremores são registrados por uma rede sismográfica. Cada estação espalhada por diferentes pontos do globo possui variantes de um aparelho chamado sismógrafo, capaz de medir o quanto o solo se movimentou.
Sismógrafos, no geral, têm uma base ligada ao solo e um peso pendurado. Quando o terremoto faz o chão começar a tremer, a base do sismógrafo também vibra, mas o peso não. Em vez disso, o fio ligado a ele é que recebe a energia do movimento, explica o Serviço Geológico dos EUA.
Este fio, ligado a uma agulha, registra no papel o sismograma. As ondas representam a diferença em posição entre a parte do sismógrafo que treme e aquela que segue imóvel. Linhas curtas representam um terremoto menor, enquanto linhas longas no sismograma indicam um grande tremor.
A partir dos comprimentos de ondas registradas pelo sismógrafo, os cientistas são capazes de determinar a magnitude e a intensidade do terremoto. Magnitude indica o tamanho do terremoto no ponto que iniciou o abalo, por isso, terremotos têm apenas uma magnitude e isso não depende de onde as medidas são feitas.
Já a intensidade do terremoto reflete a quantidade de vibrações em um local. As pessoas além de animais e estruturas “sentem” diferentes intensidades, dependendo do quão perto do epicentro do terremoto estão. Por isso, um terremoto é medido com escalas diferentes.
A escala Richter, a mais “famosa”, foi criada pelo cientista Charles Richter nos anos 30, e já é considerada ultrapassada por cientistas. Ela não reflete bem as nuances de grandes tremores. Esta escala atribuía números próximos a zero aos tremores mais leves, mas hoje sismógrafos são mais sensíveis e capazes de captar tremores ainda mais discretos, que acabam entrando tendo “magnitude negativa” na escala.
Esta escala é logarítmica, ou seja, cada ponto a mais na Richter representa um aumento de 10 vezes na magnitude do terremoto e uma liberação de cerca de 31 vezes mais energia do que no nível anterior. Na prática, a escala Richter não tem um limite máximo; o maior terremoto já registrado nela foi o chileno de 1960, com magnitude 8,6 (ou 9,5 na escala de magnitude de momento).
Hoje, cientistas utilizam mais a escala de magnitude de momento, também conhecida como MMS ou Mw. Criada nos anos 70 pelos sismólogos Hiroo Kanamori, do Japão, e Thomas C. Hanks, dos EUA, ela mede a energia liberada pelo terremoto. Ao contrário da Richter, ela abandonou o uso de amplitudes máximas das ondas em seus cálculos e considera o momento sísmico do tremor.
O que é o tal momento sísmico do tremor? Na prática, a nova escala calcula a distância de deslocamento da falha geológica em toda a área do terremoto multiplicada pela força utilizada para mover o chão. Assim como a Richter, esta escala é logarítmica, o que permite a comparação e até resultados semelhantes entre as escalas de terremotos, ao menos para tremores de magnitude inferior a 8, segundo a Encyclopædia Britannica.
ESCALA DE MAGNITUDE DOS TERREMOTOS
(Tabela da Michigan Tech University; MMS e Richter são, na sua maioria, equivalentes)
Até 2,5 – Terremoto geralmente não é sentido, mas registrado pelo sismógrafo;
2,5 a 5,4 – Frequentemente sentidos, mas causam apenas pequenos danos;
5,5 a 6,0 – Pequenos danos a prédios e outras estruturas;
6,1 a 6,9 – Muitos danos são causados em áreas bem povoadas;
7,0 a 7,9 – Grande terremoto, causa sérios danos;
8,0 ou mais – Enorme terremoto, pode destruir comunidades inteiras próximas ao epicentro.
Os geólogos e geofísicos ainda utilizam outras escalas, como a Mercalli Modificada (MMI) e a Rossi-Forel, para medir a intensidade do tremor em um determinado ponto. O Serviço Geológico dos EUA, por exemplo, adota a MMI para descrever os danos causados por um terremoto dos níveis I a XII (1 a 12). Os sismogramas ainda ajudam os cientistas a determinar, através das medições comparadas entre eles, onde o terremoto aconteceu e quanto tempo durou.
ESCALA DE MERCALLI MODIFICADA
I – Sentido por muito poucas pessoas, mal pode ser notado;
II – Sentido por poucas pessoas, especialmente em andares superiores;
III – Notável dentro de prédios, especialmente em andares superiores, mas não é reconhecido como terremoto;
IV – Sentido por muitos do lado de dentro, por poucas pessoas ao ar livre. Pode parecer como um caminhão pesado passando por perto;
V – Sentido por quase todos, algumas pessoas se acordam. Objetos pequenos se movem, árvores e postes podem tremer;
VI – Sentido por todos. Difícil se manter em pé. Móveis pesados se movem, gesso cai. Chaminés podem ser danificadas;
VII – Dano leve a moderado em estruturas bem construídas. Dano considerável a estruturas mal construídas. Paredes podem cair;
VIII – Pequeno dano a estruturas especialmente robustas. Dano considerável a prédios comuns, dano grave a estruturas mal construídas. Algumas paredes podem entrar em colapso;
IX – Dano considerável a estruturas especialmente robustas, prédios podem ter fundações movidas. Chão se parte notavelmente. Destruição em massa e deslizamento de terra;
X – Maioria de construções de alvenaria, estruturas e fundações são destruídas. Chão se parte gravemente. Deslizamentos de terra e destruição em massa;
XI – Dano total. Poucas, se alguma, estrutura ainda de pé. Pontes destruídas, grandes aberturas no solo. Ondas são vistas no chão;
XII – Dano total. Ondas são vistas no chão e objetos são jogados nos ares.