Confiança dos empresários e dos consumidores tem leve alta, mas cautela ainda é a palavra de ordem

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Consumidor atento aos preços e empresários de olho nos custos: orientação é por cautela
(Fernando Frazão/Agência Brasil)
  • Indicadores da FGV IBRE e ACSP registram altas moderadas, refletindo cenário econômico de incerteza e juros elevados
  • Melhora dos indicadores é atrelada a ajustes pontuais, como a queda na inflação em agosto, e ainda precisa ser confirmada nos próximos meses
Por Aryel Fernandes

[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
A confiança dos empresários e consumidores brasileiros apresentou melhora em setembro, mas ainda prevalece um clima de cautela diante de incertezas econômicas. Os três principais indicadores acompanhados pelo mercado – o Índice de Confiança do Comércio (ICOM) e o Índice de Confiança de Serviços (ICS), ambos da FGV IBRE, e o Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC), elaborado para a ACSP pela PiniOn – registraram altas de 1,6 ponto, 1,9 ponto e 1%, respectivamente. Apesar dos avanços, especialistas destacam que a recuperação é moderada e que fatores como juros elevados, endividamento das famílias e expectativas restritas limitam o otimismo e tornam a cautela a palavra imperativa na entrada do último trimestre de 2025. Para a economista Geórgia Veloso, do FGV IBRE, e para o economista da ACSP Ulisses Ruiz de Gamboa, a melhora nos indicadores reflete ajustes pontuais, mas ainda não sinaliza reversão da tendência de cautela do mercado.

No comércio, a alta do ICOM, que subiu 1,6 ponto em setembro, para 84,7 pontos, após duas quedas consecutivas, reflete melhoras pontuais nos principais segmentos do setor. O Índice de Situação Atual (ISA-COM) avançou 1,7 ponto, para 88,2 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE-COM) teve alta de 1,7 ponto, atingindo 82 pontos. Apesar disso, a média móvel trimestral ainda registra recuo, sinalizando que o setor opera em patamar moderado. Geórgia Veloso explicou que “a deterioração anterior foi puxada principalmente pelas expectativas, que seguem em zona de pessimismo, indicando grande incerteza sobre o ritmo”.

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) apresentou crescimento de 1,9 ponto, para 89 pontos, interrompendo sequência de três quedas. O ISA-S avançou 2,7 pontos, para 93,9 pontos, maior nível desde maio de 2025, e o IE-S subiu 1,1 ponto, para 84,2 pontos. O economista do FGV IBRE Stéfano Pacini destacou que a melhora reflete ajustes nos indicadores de presente e de futuro, mas “os empresários devem permanecer com um olhar mais pessimista para o ano, em linha com a política monetária contracionista”.

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Já o Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC), elaborado para a ACSP, registrou leve alta de 1% em setembro, alcançando 96 pontos. Apesar do avanço, o indicador continua abaixo de 100 pontos, permanecendo em patamar pessimista. Ulisses Ruiz de Gamboa afirmou que “o elevado endividamento das famílias e os efeitos negativos das altas taxas de juros podem reduzir a confiança”, mesmo diante de aumento de renda e emprego. Regionalmente, os resultados foram heterogêneos, com estabilidade no Sul, queda no Nordeste e alta no Centro-Oeste, Norte e Sudeste, enquanto a confiança por classe socioeconômica e gênero também apresentou variações mistas.

No cenário macroeconômico, os analistas apontam que a alta recente nos índices de confiança não é suficiente para indicar reversão do pessimismo, mas sinaliza ajustes pontuais frente ao ritmo de crescimento da economia. A combinação de juros altos, endividamento das famílias e percepção de risco influencia a cautela de empresários e consumidores, reforçando a necessidade de monitoramento contínuo do humor econômico.

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