[AGÊNCIA DC NEWS]. O Índice de Confiança Empresarial (ICE) do FGV Ibre, que agrega os dados das sondagens da Indústria de Transformação, Serviços, Comércio e Construção, segmentos que representam mais de 50% da economia nacional, caiu 0,5 ponto em novembro comparado a outubro, fechando o mês com 97,4 pontos. O setor de Comércio, especificamente, é menos otimista: 92,7%. Os resultados refletem preocupações crescentes entre empresários. Aloisio Campelo Junior., superintendente de Estatísticas Públicas do FGV Ibre, explica que a elevação da taxa Selic, que passou de 10,75% ao ano para 11,25%, e a instabilidade fiscal foram os principais fatores para o recuo. “As sondagens retratam um nível de atividade ainda forte, mas com piora das expectativas para os próximos meses, pela alta dos juros e da incerteza fiscal”, afirmou Campelo.
O ICE é composto por dois indicadores – o Índice de Situação Atual Empresarial (ISA-E), que mede a percepção de momento dos negócios com a demanda corrente, e o Índice de Expectativas Empresariais (IE-E), que projeta a evolução em seis meses. Em novembro, eles tiveram comportamentos opostos. Enquanto o ISA-E teve leve variação positiva de 0,1 ponto, alcançando 98,7 pontos e registrando o maior nível desde setembro de 2022 (também 98,7 pontos), o IE-E teve queda de 1,0 ponto, para 96,2 pontos, deixando a média em 97,4. Em resumo, a leitura dos empresários é: o momento atual é bom, mas o futuro de curto prazo preocupa.
E o otimismo está mais forte na Indústria e menor no Comércio. Os indicadores medem quatro grandes eixos econômicos (Comércio, Construção, Indústria e Serviços). No ISA – a perspectiva atual –, a Indústria puxa a confiança (101,7 pontos), seguida por Serviços (97,7), Construção (95,5) e Comércio (94,9). Já em relação à expectativa de seis meses (IE) eles estão menores em todos os quatro setores. Construção neste caso (96,1 pontos) fica um pouco à frente de Indústria (95,4), com Serviços (92,2) e Comércio (90,7) atrás. Consolidando ISA mais IE, temos o Índice de Confiança Empresarial (ICE) por setor, que traz a Indústria na ponta (98,6 pontos), com Construção (95,7) e Serviços (94,9) no bloco intermediário, e Comércio no fim (92,7).
LIQUIDEZ – Em meio a cenários de menor otimismo para o curto prazo, os setores precisam ajustar estratégias para se adaptar. E aqui um ponto é decisivo: liquidez. Campelo fala sobre a importância de planejamento financeiro e renegociação de dívidas. O custo de obtenção de empréstimos deve continuar elevado e a gestão sob pente-fino deve ser a regra, em especial no Comércio. “É fundamental que os varejistas avaliem suas operações, ajustem estoques e negociem com fornecedores”, afirmou Campelo. “Especialmente em produtos com preços atrelados ao câmbio.” Isso será crucial, especialmente para evitar que os custos sejam repassados integralmente ao consumidor, o que poderia desacelerar ainda mais as vendas. Vale ressaltar que o índice de Confiança do Consumidor está ainda pior (95,6), quase 2 pontos abaixo da Confiança Empresarial (97,4).
A pressão nos custos financeiros reflete diretamente na demanda. “O consumidor muitas vezes não olha para a taxa de juros em si, mas para o valor da prestação que precisa pagar”, disse Campelo. “Com os juros em alta, as prestações ficam maiores, e isso pode inviabilizar a compra de bens duráveis e que dependem de parcelamento.” O próximo relatório do ICE será divulgado em janeiro de 2025.
Índices de Confiança Setoriais e do Consumidor