Microcrédito injeta R$ 566 milhões na economia. Volume financiado, número de tomadores e tíquete médio crescem enquanto inadimplência cai

Uma image de notas de 20 reais
Tíquete médio dos empréstimos chegou a R$ 7 mil, alta de 46% em um ano
  • O número de clientes dessas operações subiu este ano, segundo a ABCRED, passando de 141 mil para 149 mil
  • Nos primeiros seis meses de 2024, as instituições que operam com microcrédito liberaram R$ 566 milhões, ante os R$ 479 milhões registrados em 2023
Por Bruna Galati

A concessão de microcrédito orientado aumentou 18% no Brasil no primeiro semestre de 2024 sobre o mesmo período do ano passado, conforme dados da Associação Brasileira das Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (ABCRED). Nos primeiros seis meses de 2024, as instituições que operam com microcrédito liberaram R$ 566 milhões, ante os R$ 479 milhões registrados no primeiro semestre de 2023 – alta de 18,2%. O número de clientes dessas operações também subiu, passando de 141 mil para 149 mil (+5,7%). Trabalhadores informais que têm pequenos negócios, prestadores de serviços e mulheres (pessoas físicas) representam 56% do total dos tomadores. Paralelamente, a inadimplência apresentou queda, de 4,23% para 3,49%.

No Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos (Ceape) Brasil, que oferece este tipo de microcrédito, o valor médio das concessões também subiu. Em julho de 2024, o tíquete médio dos empréstimos chegou a R$ 7 mil, representando alta de 45,8% em comparação com os R$ 4,8 mil registrados em julho de 2023. Claudia Cisneiros, diretora-executiva do Ceape Brasil, disse que o aumento da demanda por microcrédito reflete o interesse pelo empreendedorismo no país, mas faz uma ressalva. “O microcrédito oferecido por instituições comerciais é muitas vezes voltado ao consumo, como um Crédito Direto ao Consumidor (CDC)”, disse Claudia. “Nós focamos em educar financeiramente os empreendedores para que seus negócios cresçam, gerem mais renda e empregos e contribuam para o desenvolvimento econômico.”

Ela também afirmou que mesmo pequenos empreendedores sem dívidas enfrentam dificuldades para acessar crédito bancário, pois é exigida a formalização completa do negócio para obter linhas mais acessíveis. Já no modelo de microcrédito orientado há combinação de crédito com educação financeira, que visa não apenas expandir os negócios, mas também torná-los sustentáveis a longo prazo. “O problema é que, na maioria das vezes, o empreendedor precisa do dinheiro justamente para estruturar e formalizar sua empresa”, afirmou. “Sem os recursos, ele não consegue arcar com as taxas e atender às exigências para a formalização.”

Escolhas do Editor

IMPACTO  – De acordo com a diretora do Ceape Brasil, o microcrédito tem um impacto direto na economia brasileira, especialmente em termos de inclusão financeira e geração de renda. O microcrédito é um instrumento para atender a parcela mais vulnerável da população – as classes C, D e E, que compõem a base da pirâmide econômica. Esses grupos muitas vezes não têm acesso aos serviços financeiros tradicionais. “O microcrédito oferece a chance de empreendedorismo para aqueles que, muitas vezes, foram forçados a essa jornada por falta de oportunidades formais de emprego”, afirmou Claudia. As mulheres estão entre os principais tomadoras e através do microcrédito orientado conseguem dar pequenos passos na direção da renda. “Aquela mãe de família que cuida dos filhos sozinha, sem apoio algum, ao conseguir recursos por meio do microcrédito consegue montar um pequeno negócio e obter renda para manter a família. A formalização é o passo seguinte.”

Voltar ao topo