Conselheiro de Trump é aprovado pelo Senado dos EUA para integrar diretoria do Fed

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Senado dos Estados Unidos confirmou por margem apertada nesta segunda-feira (15) a indicação de Stephen Miran para o Conselho de Governadores do Federal Reserve, ampliando a influência do presidente Donald Trump sobre o banco central.

A aprovação também garante ao principal assessor econômico de Trump um dos 12 votos que definem a taxa de juros, na véspera de uma reunião crucial de política monetária.

O placar de 48 a 47, em grande parte seguindo linhas partidárias no Senado controlado pelos republicanos, encerrou um processo iniciado em agosto, quando Adriana Kugler renunciou de forma inesperada ao cargo de diretora do Fed.

A renúncia abriu espaço no colegiado de sete membros para que Trump preenchesse a vaga com alguém mais favorável a cortes de juros, como ele vem exigindo há meses. A única dissidência republicana foi da senadora Lisa Murkowski, do Alasca.

Normalmente, a confirmação de um nome para o conselho do Fed leva meses; no caso de Miran, o processo durou menos de seis semanas.

Com a papelada concluída e o juramento realizado, Miran deverá participar da reunião de dois dias do banco central que começa nesta terça-feira (16). A expectativa é que as autoridades monetárias aprovem um corte de 0,25 ponto percentual para apoiar um mercado de trabalho em desaceleração na votação de quarta (17).

Analistas preveem que Miran poderá divergir da decisão e defender uma redução maior dos juros, embora não chegue necessariamente ao corte de vários pontos percentuais exigido por Trump.

Como chefe do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, Miran tem repetido que as pesadas tarifas de importação do presidente não vão provocar inflação e que outras medidas, incluindo o endurecimento contra a imigração, devem aliviar pressões de preços ao reduzir a demanda por moradia.

No Fed, o novo diretor terá responsabilidades que vão além da votação de juros. Membros do conselho costumam integrar comitês encarregados de temas como regulação e supervisão financeira, bancos comunitários, além de decisões sobre orçamento e pessoal do sistema do banco central e de seus 12 bancos regionais.

Miran manterá o cargo na Casa Branca, mas ficará em licença não remunerada enquanto exercer o mandato no Fed, que expira em 31 de janeiro. Ele, porém, pode continuar indefinidamente se um sucessor não for nomeado e confirmado a tempo.

Democratas afirmam que esse arranjo faz dele um “fantoche” de Trump, acusação que Miran nega.

Outros dois diretores indicados por Trump em seu primeiro mandato -Michelle Bowman e Christopher Waller- já votaram em dissidência na reunião de 29 e 30 de julho, defendendo uma política monetária mais frouxa.

Analistas dizem que os dados mais fracos do mercado de trabalho desde então podem levá-los a repetir a posição em setembro, desta vez apoiando um corte maior do que os 0,25 ponto percentual esperado pelos mercados financeiros.

Um cenário de três dissidências simultâneas entre diretores do Fed não ocorre desde 1988, no início do mandato de Alan Greenspan como presidente da instituição.

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