Defesa diz que único elemento contra Braga Netto é delação mentirosa

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São Paulo, 3 de setembro de 2025 – O advogado José Luis Mendes de Oliveira Lima, conhecido comoJuca, que defende o general Walter Braga Netto, afirmou nesta quarta-feira (3) que seu cliente podeser condenado a morrer na cadeia com base em uma “delação premiada mentirosa” do tenente-coronelMauro Cid, antigo ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Braga Netto foi ministro daCasa Civil e vice de Jair Bolsonaro na chapa que concorreu à presidência da República em 2022. Asinformações são da Agência Brasil.

Juca frisou que Mauro Cid prestou depoimento após ter ficado quatro meses preso, e que ele mesmodisse, em áudios publicados pela revista Veja, ter sido coagido a falar.

Não há a menor dúvida de que a voluntariedade nesse acordo de colaboração premiada ficou àmargem. [Mauro Cid] Foi coagido sim, e quem falou não foi este advogado, quem falou foi ele.

Segundo o advogado de Braga Netto, foram 15 versões diferentes dadas por Cid para os fatosinvestigados. Numa das acusações mais graves contra o general, o tenente-coronel disse terrecebido uma grande quantia em dinheiro, dentro de uma sacola de vinho, para financiar a execuçãodo golpe.

Juca apontou, contudo, que tal informação sobre o dinheiro somente apareceu 15 meses após oprimeiro depoimento de Cid e depois de sua delação ter sido colocada sob suspeita pelo ministroAlexandre de Moraes, em razão de mudança nas versões dos fatos.

É razoável imaginar que um delator demore 15 meses para trazer este fato ao eminente relator, aoMinistério Público, à polícia? É um escândalo!, exclamou o advogado em sustentação oral naPrimeira Turma do STF, onde ocorre o julgamento do caso.

É com essa mentira que meu cliente vai ser condenado por 20 anos, que meu cliente vai morrer nacadeia?, indagou.

Em ataque direto a Cid, o advogado de Braga Netto chamou o tenente-coronel de irresponsável eartista de péssima qualidade. Para o advogado, a delação é um pó, não para em pé, ela não énada.

Explorando as contradições de Cid sobre como teria ocorrido a entrega do dinheiro, que o delatordisse não se lembra onde ou quando teria ocorrido – o advogado de Braga Netto apontou ainda que asinvestigações mostraram que as ações tidas pela acusação como uma execução do golpe,incluindo o posicionamento de agentes próximos a alvos do grupo, tiveram as despesas pagas comcartão de crédito, e não dinheiro em espécie.

O advogado indicou que o procurador-geral da República, em mais de 500 páginas de suas alegaçõesfinais, não trouxe uma única prova além da palavra do colaborador para pedir a condenação deBraga Netto.

Acusação que fez um discurso muito bem lido aqui, mas não tem prova, é um discurso, é umanarrativa acusatória. Não se pode condenar alguém com base em narrativas, mas com base em provas,insistiu o advogado.

Julgamento

Nesta quarta-feira (3), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) deu continuidade aojulgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados por uma tramagolpista que teria tentado mantê-lo no poder mesmo após derrota eleitoral em 2022.

O grupo faz parte do núcleo crucial da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República(PGR). Na retomada, foram ouvidas as sustentações dos advogados de Bolsonaro; do ex-ministro doGabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; ex-ministro da Defesa, Paulo SérgioNogueira e do general Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022.

No primeiro dia de julgamento, o ministro Alexandre de Moraes abriu os trabalhos com um discurso emdefesa da soberania nacional e da independência da Justiça brasileira, antes de ler o relatóriosobre o andamento do processo.

Em seguida, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também proferiu fala contra a impunidadee afirmou ter ficado provado que Bolsonaro liderou uma tentativa de golpe de Estado.

Ao todo, estão previstas oito sessões para análise do caso, marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e12 de setembro, quando deverá ser conhecida a sentença com a condenação ou absolvição doisoito réus que são julgados.

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