Desaceleração da confiança do consumidor atinge extremos de renda em agosto, segundo FGV Ibre

Uma image de notas de 20 reais
Menor disposição para compras foi verificada entre as famílias com renda superior a R$ 9,6 mil
(Freepik)
  • Enquanto os consumidores de renda intermediária demonstraram leve otimismo, os extremos da pirâmide se mostram mais preocupados com o futuro
  • Confiança oscila pelo terceiro mês seguido e sugere manutenção das expectativas no campo do pessismismo; indicador é o menor desde 2021
Por Aryel Fernandes Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DC NEWS]. Em agosto o bom humor do brasileiro com a economia e com as próprias finanças parece ter esfriado. Pelo menos é o que indica o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas). No oitavo mês do ano a confiança tem caído 0,5 ponto, para 86,2 pontos. Segundo a instituição, a queda do ICC de agosto é influenciada exclusivamente pela deterioração nas expectativas para os próximos meses. A situação financeira futura das famílias atingiu o menor nível desde 2021. Cabe ressaltar que o aumento do pessimismo foi direcionado. Com quedas verificadas entre brasileiros das faixas de renda mais baixa (até R$ 2.100) e mais alta (acima de R$ 9.600), refletindo preocupações com o futuro financeiro das famílias. Enquanto os consumidores de renda intermediária demonstraram leve otimismo, os extremos da pirâmide foram impactados por expectativas negativas e aumento da cautela. “A confiança do consumidor tem flutuado numa estreita faixa nos últimos três meses, sem sinalizar uma tendência clara”, afirma economista do FGV Ibre Anna Carolina Gouveia.

A pesquisa, divulgada na segunda-feira (25), vai de zero a 200, sendo 100 a divisão entre pessimismo e otimismo. Segundo a FGV, ainda que a média do indicador aponte para uma onda de pessimismo se desenhando no horizonte, ao olhar no detalhe, o comportamento do consumidor, por classe social pode variar – e muito. Na base da pirâmide, enquanto a confiança entre as famílias com renda de até R$ 2,1 mil passou de 81,7 pontos para 79,6 pontos entre julho e agosto (-2,5%), os lares com proventos entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil seguem otimistas, com a confiança passando dos 84,1 pontos para 85,6 pontos no mesmo recorte temporal (+1,7%). No topo da pírâmide, a mesma dualidade. Famílias com rendimento mensal entre R$ 4,8 mil e R$ 9,6 mil tiveram aumento de 4,2% na confiança, passando de 85,3 pontos em julho para 88,9 em agosto. Por fim, entre as fmílias com renda superior a R$ 9,6 mil a confiança caiu dos 92,9 pontos em julho para os atuais 91 pontos (-2%). “Entre as faixas de renda, o resultado é heterogêneo, com queda na confiança nos extremos”, afirma Anna Carolina Gouveia.

De acordo com o indicador, ainda que a renda das famílias permaneçam estáveis, o temor com com a macroeconomia contamina o Índice de Situação Atual (ISA). Enquanto a situação atual do país recua 0,3 ponto (para 94,0 pontos), o indicador de situação financeira atual da família sobe em 2,6 pontos, (para 75,4 pontos). Outro termômetro é o Índice de Expectativa (IE). Nesse recorte, a situação econômica do país recua pelo terceiro mês consecutivo (agora em 2,8 pontos), para 97,7 pontos. No efeito dominó, a situação financeira futura da família também caiu (-2,6 pontos), atingindo 79,8, menor nível desde setembro de 2021. Segundo Anna Carolina Gouveia, os dados indicam um cenário de cautela e preocupação com o futuro, influenciado por altos níveis de endividamento e inadimplência das famílias.

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Ainda que a variação mensal sugira não ter havido grandes mudanças no comportamento do consumidor, quando analisado o resultado de um ano antes é possivel desenhar melhor o horizonte. O ICC, por exemplo, estava em 93,3 pontos em agosto de 2024, 7,6% inferior ao dado atual. As expectatvas estavam em 101,6 pontos (já no campo do otimismo), e apresentou queda de 15,3% em 12 meses. O único indicador que apresentou aumento foi o de situação atual, indo dos 81,8 pontos há um ano par aos atuais 84,5 pontos (+3,3%). Esses resultados, segundo Anna Carolina, sugerem um quadro de cautela e preocupação com o futuro, tendo em vista, principalmente, os altos níveis de endividamento e inadimplência das famílias.

Em julho, na comparação com junho, o ICC do FGV IBRE havia subido 0,8 ponto, para 86,7 pontos (e uma queda 6,4 pontos na comparação anual). Segundo Anna Carolina, o desempenho do indicador nos últimos três meses acompanha esse movimento de oscilação. “Notamos uma manutenção do indicador em níveis desfavoráveis”, disse. Apesar do momento de cautela, o indicador sugere um avanço na inclinação do consumidor em adquirir bens duráveis. Pelo levantamento a intenção subiu 1,3 ponto, chegando aos 88,2 pontos, maior nível desde dezembro de 2024 (91,0 pontos). A maior disposição pode estar atrelada tanto à Black Friday quanto ao Natal.

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