PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Cinquenta e oito pessoas foram detidas na manhã desta quinta-feira (18) na França, nas primeiras horas de uma greve geral convocada em protesto contra o governo do presidente Emmanuel Macron.
O ministro do Interior, Bruno Retailleau, responsável pela segurança pública, afirmou que o policiamento preventivo impediu bloqueios de estradas, escolas e pátios de ônibus.
As maiores manifestações, porém, devem ocorrer à tarde em Paris e outras grandes cidades francesas. Um novo balanço estava previsto para 19h (14h de Brasília).
Foram mobilizados 80 mil policiais e “gendarmes”, polícia militar francesa. “Onde houver depredação, seremos intratáveis, implacáveis”, disse o ministro Retailleau, que advertiu para o risco da ação de “black blocs”, grupos de vândalos que se vestem de preto.
Segundo o Ministério dos Transportes, estavam circulando 90% dos TGVs, os trens de alta velocidade. A paralisação era maior no metrô de Paris, onde apenas 3 das 16 linhas estavam funcionando normalmente. As três operam automaticamente, sem condutor.
No ensino médio, 45% das escolas estão em greve, segundo o sindicato dos professores. Farmacêuticos e fisioterapeutas estão entre as categorias cuja paralisação é quase total.
Bastante descentralizado, o movimento de protesto tem uma pauta de reivindicações vaga. Opõe-se, de forma geral, ao presidente Emmanuel Macron, ao recém-nomeado primeiro-ministro Sébastien Lecornu e às medidas de austeridade adotadas pelo governo, entre elas uma reforma de 2023 que adiou dos 62 para os 64 anos a idade da aposentadoria.
O dia de protesto recebeu apoio explícito das centrais sindicais e dos partidos de esquerda e ultraesquerda. Políticos de ultradireita, que também fazem oposição a Macron, dizem entender a ira da população, mas preferiram se manter à margem dos protestos.
O líder do maior partido de ultraesquerda, Jean-Luc Mélenchon, voltou a pedir a renúncia de Macron. “Ele é o responsável pelo caos”, afirmou.
Lecornu foi encarregado na semana passada por Macron de montar um novo gabinete, o quarto em apenas dois anos. A coalizão de centro-direita que o novo premiê comanda não tem maioria na Assembleia Nacional, mesmo problema enfrentado por seus dois antecessores. A oposição, tanto à esquerda quanto à direita, pede a dissolução da Assembleia e a convocação de novas eleições legislativas, ou a renúncia de Macron, o que anteciparia a eleição presidencial marcada para 2027.