CNDL: "Consumo baseado no endividamento tem limite, e alta da inadimplência mostra isso"

Uma image de notas de 20 reais
CNDL diz que endividamento em alta exigirá atenção maior de comerciantes com a gestão do cliente
(Imagem gerada por IA/Freepik)
  • Entidade dos dirigentes lojistas estima em 71,3 milhões o número de negativados no país, crescimento de 7,7% em um ano
  • Para especialista, varejistas precisarão "diversificar fornecedores e segmentar melhor os clientes"
Por Vitor Nuzzi

[AGÊNCIA DC NEWS]. Para a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o segundo semestre “deve ser marcado por ajustes e reavaliações de estratégias”. A entidade divulgou a edição de julho do boletim Panorama do Comércio. Apesar de o setor registrar indicadores positivos até agora, a entidade afirma que há “um limite para o avanço do consumo sustentado pelo endividamento, que já começa a aparecer nos dados de inadimplência”, afirmou a entidade em seu boletim. “Vai exigir atenção redobrada na concessão de crédito e na gestão financeira dos clientes.” Para a CNDL, os juros em nível elevado também devem frear o consumo.

Na questão do consumo, por exemplo, o número estimado de negativados chegou a 71,3 milhões em junho, segundo a CNDL e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), crescimento de 7,7% em relação a igual mês de 2024. “Essa taxa cresce ao longo dos últimos meses, o que significa que o fenômeno da inadimplência está acelerando no país”, afirmou a entidade dos lojistas. “Os dados ainda mostram que 66,9% dos negativados têm dívidas com o setor bancário.” A média nacional é de 42,9% da população adulta negativada. Apenas a região Sul está abaixo da média (37,6%). No Sudeste, vai a 43,1%. O valor médio da dívida em junho era de R$ 4.786,83.

Merula Borges, especialista em finanças da CNDL, disse no boletim da entidade que “o jeito vai ser apelar ainda mais para a criatividade do varejo brasileiro”. Será necessário “diversificar fornecedores, segmentar melhor os clientes, apostando em nichos menos sensíveis a preços”. Do ponto de vista do consumidor, a entidade considera um grande desafio o controle do orçamento das famílias. E cita dado de pesquisa CNDL-SPC, em parceria com a empresa Offerwise: mais da metade (54%) dos entrevistados não controla os gastos mensais com cartão de crédito.

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Por enquanto, A CNDL avalia que o mercado de trabalho mantém “robustez”, o que dá uma base de sustentação para o consumo. Pelo último dado disponível da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE, o volume de vendas no comércio varejista variaram -0,2% de abril para maio. Na comparação com igual mês de 2024, as vendas crescem 2,1%. Em 12 meses, sobem 3%. Para a CNDL, a economia brasileira está em um ponto crucial nesta segunda metade do ano, por fatores internos e externos. Aqui, “o embate em torno do aumento dos tributos expõe os limites de um ajuste fiscal concentrado na arrecadação”. Fora, o tarifaço anunciado pelos Estados Unidos “atinge parte importante do setor exportador, com efeitos sobre variáveis macroeconômicas importantes, como o câmbio e a inflação”.

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