Dólar abre próximo da estabilidade nesta quarta-feira após forte queda no dia anterior

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu próximo da estabilidade nesta quarta-feira, depois de uma forte queda de 1,02% no dia anterior. Os investidores esperam as medidas que podem ser anunciadas pelo governo para empresas afetadas pela tarifa comercial de 50% dos Estados Unidos.

Fora do Brasil, a expectativa está sobre o posicionamento do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) para a taxa de juros, com o aumento da pressão de Donald Trump, que ameaça processar o presidente do Fed, Jerome Powell, devido aos custos da reforma na sede da autarquia financeira.

Às 9h05, a moeda norte-americana subia 0,08%, cotada a R$ 5,3907. Na terça-feira (12), a divisa fechou em firme queda de 1,02%, cotado a R$ 5,387, com os investidores repercutindo dados da inflação brasileira e norte-americana. Foi o menor valor do fechamento desde 14 de junho de 2024, quando a moeda marcou R$ 5,381.

Durante o dia, a queda do dólar no Brasil seguiu o exterior. O índice DXY, que compara a moeda a uma cesta de outras seis divisas fortes, caiu 0,46%, a 98.054 pontos.

No cenário doméstico, a Bolsa fechou em alta de 1,66%, a 137.878 pontos. O desempenho do Ibovespa foi marcado por balanços positivos, com as ações da Sabesp e do BTG Pactual registrando altas de até 12% durante o dia, após as empresas registrarem lucros no segundo trimestre.

Na manhã desta terça, o Escritório de Estatísticas Trabalhistas do Departamento do Trabalho dos EUA informou que a inflação americana subiu 0,2% em julho, depois de ter registrado aumento de 0,3% em junho.

Em 12 meses, o índice de preços ao consumidor chegou a 2,7%, mesmo patamar de junho e ligeiramente abaixo da alta de 2,8% esperada na pesquisa da Reuters.

O resultado consolida as expectativas de que as autoridades do Fed (banco central dos EUA) poderão retomar os cortes de juros em seu próximo encontro, em setembro.

Analistas projetam quase 90% de chance de uma redução de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do banco central americano, de acordo com dados da LSEG.

Segundo Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a aposta de corte de juros pelo Fed enfraquece o dólar globalmente. “A perspectiva de taxas mais altas aqui e as apostas de cortes nos Estados Unidos reforçam o diferencial de juros brasileiros”, diz.

Também nesta manhã, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), foi de 0,26% em julho. É a menor taxa para julho desde 2023 (0,12%).

O novo resultado ficou abaixo do piso das projeções do mercado financeiro. A mediana das expectativas era de 0,36%, com intervalo de 0,30% a 0,39%.

O alívio foi gerado pelo grupo alimentação e bebidas, que caiu 0,27% em julho e voltou a aliviar o índice.

Com o novo resultado, o IPCA desacelerou a 5,23% nos 12 meses até julho —a taxa era de 5,35% até junho. Nesse sistema, perseguido pelo BC (Banco Central), o alvo é desobedecido quando o IPCA acumulado permanece por seis meses consecutivos de divulgação fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro é de 3%.

Para Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, apesar do resultado melhor do que o esperado, a inflação brasileira continua longe da meta do Banco Central, o que reforça juros mais altos. “As projeções de cortes de juros pelo BC continuam sendo apenas para o fim do ano, e a nossa taxa de juros deve continuar elevada”, afirma.

No cenário doméstico, os investidores também continuam atentos as negociações tarifárias entre Brasil e EUA —e ao plano de contingência brasileiro para empresas impactadas pelo tarifaço de Trump.

A expectativa é que o governo Lula anuncie o plano de ajuda para empresas afetadas pelo tarifaço nesta terça, como antecipado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Segundo apuração da Folha de S.Paulo, o Executivo avalia cobrar que as empresas que tomarem crédito via plano de contingência mantenham o emprego dos colaboradores. Ou seja, o empresário que tiver acesso a empréstimos a juros mais baratos não poderá demitir.

O pacote também deve conter o chamado diferimento de impostos federais, como é chamada a postergação do pagamento de tributos, para dar alívio de caixa nesse momento inicial de maior dificuldade após a entrada em vigor do tarifaço. A proposta é que o adiamento seja de no máximo de 90 dias para que o seu impacto seja concentrado neste ano. As tarifas entraram em vigor na última quarta-feira (6).

O governo aposta na via diplomática para tentar chegar a um acordo com os Estados Unidos, embora as iniciativas brasileiras não tenham tido sucesso até agora.

Nesta terça, o governo Trump fez novas críticas ao governo brasileiro e à atuação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O Departamento de Estado americano afirmou que o governo reprimiu “o debate democrático” e que a situação dos direitos humanos se “deteriorou” em 2024.

Na última segunda-feira (11), o ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse que a reunião que ele teria nesta quarta (13) com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para discutir a sobretaxa de 50% imposta ao Brasil foi cancelada.

O Departamento do Tesouro dos EUA chegou a enviar ao Ministério da Fazenda brasileiro um link do aplicativo Zoom para a conversa, mas voltou atrás.

Em entrevista à GloboNews, Haddad atribuiu o cancelamento à atuação de forças de extrema direita que mantêm interlocução com a Casa Branca e citou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA.

Em nota conjunta com o ex-comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo, Eduardo negou ser responsável pelo cancelamento da reunião.

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo tem liderado uma campanha de lobby em Washington por mais medidas contra o STF (Supremo Tribunal Federal), que tem julgado seu pai no âmbito da trama golpista de 2022.

Enquanto as negociações entre Brasil e EUA não avançam, o governo Lula busca estabelecer outras pontes na frente comercial.

Na segunda, Lula conversou por cerca de uma hora com o líder da China, Xi Jinping. Segundo comunicado do Planalto, os líderes falaram sobre a conjuntura internacional e os recentes esforços pela paz entre Rússia e Ucrânia

Eles também conversaram sobre o papel do G20 e do Brics (bloco formado atualmente por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã) na defesa do multilateralismo.

Xi Jinping teria dito ao presidente Lula que “a China está pronta para trabalhar com o Brasil para estabelecer um exemplo de unidade e autossuficiência entre os principais países do Sul Global”, de acordo com relatos chineses da conversa.

A potência asiática também acertou na última segunda-feira um acordo para prorrogar por mais 90 dias a pausa tarifária com os Estados Unidos.

Com isso, os produtos chineses seguem com tarifa de 30% para entrar nos EUA, enquanto os produtos norte-americanos continuam com cobrança de 10% ao serem importados para a China.

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