Dólar cai e Bolsa renova recorde intradiário com atenções voltadas a Haddad e Galípolo

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar está em queda nesta segunda-feira (29), com investidores repercutindo falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento em São Paulo.

Preocupações sobre uma possível paralisação do governo dos Estados Unidos na terça-feira também norteiam as negociações.

Às 14h20, a moeda norte-americana tinha perdas de 0,39%, cotada a R$ 5,316 na venda. Já a Bolsa avançava 0,7%, a 146.469 pontos. Endossado por bancos, commodities e companhias ligadas à economia doméstica, o Ibovespa chegou a 147.558 na máxima do pregão -novo recorde para o índice durante o período de negociações.

Haddad e Galípolo compareceram pela manhã à Conferência Itaú Macro Vision, em São Paulo, e endereçaram pautas macroeconômicas.

Primeiro a falar, o ministro da Fazenda afirmou que o ajuste nas contas públicas não será feito pela venda de patrimônio -como pela privatização de empresas estatais- e que o governo vai continuar perseguindo as metas fiscais estabelecidas, tanto para este ano quanto para o próximo.

“A meta da LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] está sendo perseguida com todo o esforço”, afirmou Haddad sobre o objetivo de 2025. “Para 2026 vai ser igual.”

A meta fiscal para 2025 é de resultado primário zero, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB (Produto Interno Bruto) para mais ou para menos. Isto é, até R$ 31 bilhões de resultado negativo são permitidos. Já o objetivo para 2026 é de superávit de 0,25% PIB, também com margem de 0,25 ponto percentual.

A margem, no entanto, tem sido alvo de questionamentos. Na quarta-feira passada, o plenário do TCU (Tribunal de Contas da União) acendeu uma luz amarela ao governo ao dizer que a busca pelo piso inferior da meta fiscal, em vez do centro, é uma irregularidade incompatível com as regras vigentes.

O governo vem perseguindo o limite inferior de até R$ 31 bilhões negativos e, no último relatório de avaliação do Orçamento, previu um déficit de R$ 30,2 bilhões, ou seja, dentro do intervalo da meta.

Se prevalecer a decisão do TCU, o governo precisará buscar mais R$ 30 bilhões em receitas para cobrir o déficit, fazer um contingenciamento nesse mesmo valor ou combinar as duas medidas.

Questionado sobre isso, Haddad lembrou que a interpretação do TCU conflita com a estabelecida pelo Congresso Nacional no momento de elaboração do Orçamento e acrescentou que a pasta está mais preocupada em atingir o centro da meta. “Ano passado eu poderia ter liberado R$ 20 milhões a mais de Orçamento, e fizemos questão de perseguir o centro da meta”, afirmou.

Haddad também disse não ter uma conversa agendada com os Estados Unidos para debater as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump a importações brasileiras. Ele, no entanto, considera marcar uma reunião com seu correspondente americano, Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA.

“Tenho uma ida para os EUA por causa do G20. Na pior das hipóteses, acredito que iremos nos falar lá. Mas, quem sabe antes disso, os dois gabinetes marquem antes disso uma reunião, que é possível também”, disse. O encontro entre ministros das finanças do G20 está previsto para 15 e 16 de outubro.

Haddad também foi questionado sobre sua presença na possível teleconferência entre Trump e Lula para discutir as sanções americanas esperada para essa semana. Depende da vontade do presidente, disse, mas ele poderá estar presente.

Discursando depois, Galípolo reiterou que há ainda “muito esforço” a ser feito pelo Banco Central em relação à meta de inflação e à política monetária. Nenhuma projeção de economistas ou do setor produtivo até agora aponta para uma inflação próxima a 3% em 2026, destacou ele.

No Boletim Focus desta segunda, porém, as projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2025 e de 2026 indicam uma convergência gradual ao teto da meta. O BC trabalha com o objetivo de levar a inflação a 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.

Para 2025, os economistas consultados pelo BC apontam um IPCA em 4,81% -ainda acima do limite máximo de 4,5%, mas aquém das projeções acima de 5% que compunham o relatório até agosto. Para 2026, a previsão é de 4,28%.

No evento, Galípolo afirmou que cabe ao BC levar a inflação a 3% e que a convergência dos preços para esse patamar tem sido lenta. Ele reiterou que o BC seguirá movido por dados para tomar as próximas decisões.

Já na cena internacional, o mercado monitora a possibilidade de uma paralisação do governo norte-americano.

O financiamento da máquina pública dos Estados Unidos expira à meia-noite desta terça-feira. Mas republicanos e democratas no Congresso não estão dando sinais de que concordarão com uma solução temporária para os gastos a fim de evitar a paralisação.

Em última tentativa de acabar com o impasse, o presidente Donald Trump convocou uma reunião com os líderes do Congresso nesta segunda-feira. Os democratas, no entanto, sinalizaram que não estão dispostos a simplesmente aprovar o plano de financiamento de curto prazo que os republicanos defendem sem alguns ajustes.

Se o Congresso não agir, milhares de funcionários do governo federal poderão ser dispensados, desde a Nasa até os parques nacionais, e uma ampla gama de serviços será interrompida. Os tribunais federais podem ter que fechar e os subsídios para pequenas empresas podem sofrer atrasos.

O impasse vai além do financiamento temporário e data desde a posse de Trump, em janeiro, quando ele se recusou a gastar bilhões de dólares que o Congresso já havia aprovado. Os democratas pretendem usar a ameaça de uma paralisação para restaurar parte desse financiamento e sustentar os subsídios para a saúde que expiram no final do ano.

Alguns analistas alertam que a paralisação poderia até atrasar a divulgação de dados econômicos importantes, incluindo o relatório de emprego esperado para sexta-feira, e afetar as perspectivas dos mercados.

Já na seara corporativa, o Ibovespa renovou o recorde intradiário com Eletrobras, Itaú e Vale entre os principais suportes, enquanto Braskem voltou a figurar como destaque negativo com preocupações sobre as alternativas para otimizar a sua estrutura de capital.

Petrobras também pressiona o índice no negativo, com o setor de energia sendo penalizado neste pregão em meio à desvalorização do petróleo no exterior.

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