Dólar e Bolsa caem com dados dos EUA e julgamento de Bolsonaro no radar

Uma image de notas de 20 reais

Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar cai nesta quarta-feira (3) com os investidores atentos ao segundo dia de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo envolvimento na trama golpista e atentos a dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos.

Às 15h13, a moeda norte-americana registrava baixa de 0,31%, cotada a R$ 5,457. No mesmo horário, a Bolsa caía 0,43%, a 139.726 pontos.

Assim como na véspera, o dólar acompanha o exterior. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente as mais importantes divisas do mundo, retrai 0,27%, a 98.126 nesta quarta após avançar na terça.

Nesta quarta, o mercado permanece atento ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal).

Na última terça, o ministro Alexandre de Moraes fez a leitura do relatório do caso. A PGR e as defesas do ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres, e do ex-ajudante de ordens Mauro Cid também se manifestaram.

A sessão nesta quarta foi aberta com a defesa do general da reserva Augusto Heleno, ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), e teve em seguida a manifestação do advogado do ex-presidente Bolsonaro.

As defesas do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e do ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Braga Netto, também se posicionaram.

A defesa de Bolsonaro alegou que não há prova do envolvimento dele no 8/1, atacou delação do ex-ajudante de ordens da Presidência da República Mauro Cid e refutou plano de assassinato.

Uma possível condenação promete intensificar as tensões comerciais entre Brasil e EUA. Quando Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros em julho, ele vinculou a decisão, entre outros pontos, a uma suposta “caça às bruxas” que o ex-presidente brasileiro seria vítima.

Ministros do STF dizem esperar uma escalada de ataques de Donald Trump contra eles por causa do julgamento. Vistos de sete magistrados para os EUA já foram suspensos.

Bancos brasileiros receberam na terça (2) uma carta do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos com questionamentos sobre a aplicação da Lei Magnitsky sobre o ministro Alexandre de Moraes.

As instituições notificadas, segundo pessoas a par do tema, foram: Itaú Unibanco, Santander, Bradesco, Banco do Brasil e BTG Pactual.

“O receio é de que uma eventual condenação sirva de justificativa para novas retaliações de Trump contra o Brasil, incluindo possíveis sanções adicionais ao Banco do Brasil e restrições comerciais, em meio ao já vigente tarifaço de 50%”, disse João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.

Na terça (2), as ações de bancos brasileiros caíram em bloco com o início do julgamento, puxando a Bolsa, que registrou queda de 0,67%, a 140.335 pontos, para baixo.

Na cena internacional, os investidores acompanham dados do mercado de trabalho dos EUA de julho.

As vagas de emprego em aberto caíram mais do que o esperado durante o mês, registrando 7,2 milhões em julho, ante 7,4 milhões em junho. Economistas consultados pela Reuters previam 7,4 milhões de postos não preenchidos.

O número de contratações se manteve em 5,3 milhões em julho, mesmo patamar do mês anterior.

Para Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, os dados reforçam as previsões de cortes de juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) na economia americana.

“A gente passa a ver um cenário mais saudável para a redução e consegue enxergar o corte nas próximas reuniões”, afirma.

No mês passado, o chair do Fed, Jerome Powell, sinalizou um possível corte na taxa de juros na reunião do banco central dos EUA em 16 e 17 de setembro, reconhecendo os riscos ao mercado de trabalho, mas defendendo o cuidado também com a inflação.

Analistas também monitoram as incertezas da política comercial de Trump e a ofensiva do republicano ao Fed.

Na última sexta-feira (29), um tribunal dos Estados Unidos decidiu que as tarifas recíprocas de Trump são ilegais. O tribunal também determinou que as tarifas podem permanecer em vigor até 14 de outubro para permitir recursos à Suprema Corte americana.

Trump, disse, na noite da última terça, que seu governo solicitará à Suprema Corte uma decisão rápida sobre as tarifas. “É uma decisão muito importante e, francamente, se eles tomarem a decisão errada, será uma devastação para o nosso país”, afirmou.

Enquanto isso, o presidente americano mantém sua pressão a autonomia do Federal Reserve, em busca de um maior controle sobre o banco central.

Trump anunciou a demissão da diretora do Fed Lisa Cook na última semana. Após dizer que o republicano não tinha autoridade para demiti-la, a diretora entrou com uma ação judicial contra Trump.

Quase 600 economistas assinaram uma carta aberta em defesa de Cook na terça, afirmando que a remoção de membros do conselho do Fed exige critérios rigorosos. O documento teve assinaturas de ganhadores do Nobel, como Claudia Goldin, Paul Romer e Christina Romer.

Acredita-se que a ação judicial movida por Cook seja o primeiro passo de uma longa batalha que deve ser resolvida pela Suprema Corte americana.

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