Dólar fecha em leve queda e Bolsa avança, com agenda do Congresso e ata do Fed no radar

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou em leve queda de 0,14% nesta quarta-feira (8), cotado a R$ 5,342, com foco voltado à votação da MP (Medida Provisória) dos Impostos no Congresso Nacional.

Os investidores também repercutiram a ata da última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), que mostrou os dirigentes cautelosos em relação ao patamar da inflação americana.

Já a Bolsa subiu 0,55%, a 142.145 pontos, pegando carona no bom humor global.

A comissão mista da MP que aumenta impostos aprovou na terça uma versão desidratada do texto, que poupa as bets (casas de apostas) da alta na tributação e mantém a isenção sobre rendimentos de títulos imobiliários e do agronegócio. Mesmo com todas essas concessões, a medida foi aprovada por apenas um voto de diferença.

O placar de 13 a 12 na comissão se deu após dias de negociação entre deputados, senadores e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao fim da votação, o relator, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), reconheceu que as concessões não foram suficientes para garantir ao governo uma margem mais confortável de votos.

Um dos sintomas do cenário desafiador é a agenda do Congresso: a votação no plenário da Câmara estava inicialmente prevista para a noite de terça, mas foi adiada para esta quarta, último dia de vigência da MP.

O cronograma é arriscado: será preciso obter a aprovação dos deputados, concluir o trâmite burocrático para remeter o texto oficial ao Senado e realizar a votação entre senadores nesta quarta. Se alguma etapa der errado, o texto perde validade, e o governo fica sem uma medida importante para sustentar a arrecadação em 2026, ano eleitoral.

A MP visa garantir ganhos de R$ 35 bilhões no próximo ano, afastando o risco de uma crise nas contas públicas.

A votação da MP impôs novamente a questão fiscal nas mesas de operação. Ainda, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na terça que uma proposta de zerar a tarifa de ônibus deve integrar a campanha de reeleição do presidente Lula no próximo ano.

Um estudo técnico sobre a viabilidade da medida está em andamento. “Nós estamos fazendo, neste momento, uma radiografia do setor a pedido do presidente Lula. Ele sabe que esse tema é importante para os trabalhadores, para o meio ambiente e para a mobilidade urbana”, disse Haddad.

A concomitância da tarifa zero com a MP dos impostos gera mal-estar no mercado -e a dificuldade de aprovação da medida provisória adiciona mais duas preocupações aos investidores, segundo Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.

“O governo terá mais dificuldade em atingir as metas do arcabouço fiscal, mesmo se a MP for aprovada, já que o texto, desidratado, abre mão de fontes de receita, como a tributação das bets. E a segunda preocupação é: se não passar, o governo mostra que não tem força para avançar suas pautas econômicas no Congresso e vai ter uma dificuldade ainda maior para conseguir atingir as metas”, avalia.

À espera do resultado da votação, o mercado pesa a ata da última reunião do Fed. No encontro de setmebro, o comitê optou por cortar os juros em 0,25 ponto percentual, levando a taxa à banda de 4% e 4,25%, no que foi a primeira redução do ano.

O documento mostrou que os dirigentes viram riscos o suficiente no mercado de trabalho para justificar um corte, mas muitos continuaram cautelosos em relação à inflação alta.

“A maioria dos participantes observou que era apropriado mudar a taxa básica em direção a uma configuração mais neutra, porque eles julgaram que os riscos de baixa para o emprego haviam aumentado.”

Ao mesmo tempo, “a maioria também enfatizou os riscos de alta em suas perspectivas para a inflação, apontando para leituras de inflação que se afastam ainda mais de 2%, incerteza contínua sobre os efeitos das tarifas” e outros fatores.

O resultado foi que, embora “a maioria tenha julgado que provavelmente seria apropriado afrouxar ainda mais a política monetária durante o restante deste ano”, o cronograma e o ritmo de novos movimentos permaneceram em aberto.

A paralisação do governo dos Estados Unidos, porém, limita a visibilidade do Fed sobre o estado da economia, uma vez que as agências federais estão suspendendo as divulgações de relatórios até o financiamento normalizar.

O relatório de emprego “payroll”, por exemplo, é uma das métricas mais importantes para o Fed e teve sua divulgação, antes prevista para sexta-feira passada, adiada indefinidamente.

À medida que a reunião de política monetária no final do mês se aproxima, marcada para os próximos dias 28 e 29, as autoridades do Fed continuam sem acesso às estatísticas essenciais para tomar uma decisão.

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