Dólar sobe e Bolsa despenca com tensões entre Brasil e EUA no radar

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar apresenta forte alta nesta terça-feira (19) com os investidores atentos às tensões envolvendo Brasil e Estados Unidos e às incertezas geopolíticas envolvendo a Guerra da Ucrânia.

Às 13h11, a moeda norte-americana subia 0,71%, cotada a R$ 5,472. No mesmo horário, a Bolsa desabava 1,89%, a 134.723 pontos, impulsionada pela queda em bloco das ações do setor bancário.

A desvalorização dos papéis das instituições financeiras ocorre após o ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), sinalizar a possibilidade de punir bancos que aplicarem sanções contra Alexandre de Moraes, alvo da Lei Magnitsky.

Na última segunda (18), em decisão concedida em ação sobre o rompimento da barragem de Mariana (MG), o ministro Flávio Dino mencionou a possibilidade do STF punir instituições financeiras que aplicarem sanções contra Moraes.

Dino declarou que ordens judiciais e executivas de governos estrangeiros só têm validade no Brasil se confirmadas pelo Supremo, numa tentativa de blindar Alexandre de Moraes do impacto da Magnitsky.

A medida repercutiu nas ações de bancos no Ibovespa, com os papéis do BTG caindo 3,46%, do Bradesco, 3,60%, do Itaú, 3,28%, do Santander, 2,82%, e do Banco do Brasil, 4,17%.

Outro destaque do dia no Ibovespa são as ações da Raízen, que lideram a baixa do pregão com queda de 7,82%. Os papéis da empresa chegaram a disparar mais de 13% com notícia de que Petrobras estuda investir na companhia na véspera, mas passam por uma nova precificação.

Na última segunda, matéria da Reuters revelou que as avaliações preliminares da Petrobras para retomar investimentos em etanol estão mais propensas à rota do milho como matéria-prima, o que excluiria a Raízen.

Além disso, os investidores também continuam observando a tentativa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de negociar a tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre as importações do país.

As autoridades brasileiras, no entanto, parecem não estar encontrando canais de diálogo. Na segunda, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que a negociação tarifária entre os dois países não ocorre porque os EUA querem impor uma solução “constitucionalmente impossível”.

O ministro também afirmou que uma interlocução com os Estados Unidos depende da disposição da gestão Trump. “Para ter um canal, precisa ter um orifício aqui e um orifício ali”, afirmou.

Em paralelo, o governo brasileiro respondeu formalmente à investigação comercial do USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA), pedindo que a entidade volte atrás para não prejudicar a relação entre os dois países.

“O Brasil insta o USTR a reconsiderar a abertura desta investigação e a engajar-se em um diálogo construtivo. Medidas unilaterais ao amparo da Seção 301 correm o risco de enfraquecer o sistema multilateral de comércio e podem ter consequências adversas para as relações bilaterais”, diz o documento, assinado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Na cena internacional, as atenções continuam voltadas para a tentativa do presidente dos EUA, Donald Trump, de encontrar uma resolução para a Guerra na Ucrânia.

O mandatário americano reuniu-se com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, na sexta-feira (15), e com o mandatário ucraniano, Volodimir Zelenski, na última segunda (18).

Mesmo que os lados tenham relatado progressos nas discussões, o mercado se mostra pessimista com a falta de qualquer entendimento concreto, como um cessar-fogo, que deixe um acordo de paz mais próximo de ser alcançado.

Na última segunda (18), Trump afirmou que pretende reunir Zelenski e Putin. Nesta terça, porém, o republicano afirmou que talvez Vladimir Putin não queira fazer um acordo para acabar com Guerra da Ucrânia.

O presidente não detalhou, mas disse novamente que Putin enfrentará “uma situação difícil” se optar pela guerra. Anteriormente, o americano havia ameaçado impor sanções secundárias a países que compram petróleo e derivados russos, como China e Brasil —já o fez com a Índia.

Investidores também continuam acompanhando os movimentos do Fed. O simpósio de Jackson Hole, que será realizado a partir de quinta-feira (21) e terá um aguardado discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, promete sinalizar as próximas ações do banco central americano.

Operadores dizem ser provável um corte na próxima reunião da instituição em setembro, com boa parte das apostas apontando para uma redução de 0,25 ponto percentual e uma pequena porcentagem para 0,5 ponto.

A perspectiva de cortes de juros pelo Fed pode favorecer o real devido à percepção de que, com a taxa Selic em patamar alto por tempo prolongado, o diferencial de juros entre Brasil e EUA permanecerá favorável para o lado brasileiro.

Na última segunda, economistas ouvidos pelo Banco Central mantiveram as previsões da Selic para o final deste ano em 15%.

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