É melhor que as decisões do BC dependam menos de quem esteja lá, diz Galípolo

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sob pressão de setores do governo contrários ao atual nível de juros, Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, voltou a destacar que é benéfico que a autoridade monetária seja cada vez mais independente do governo federal, responsável por indicar membros da diretoria.

“Tão melhor será para o país quanto mais as decisões do Banco Central dependerem mais do arcabouço legal e institucional da política monetária do país e menos de quem é que está sentado lá”, disse o economista nesta segunda-feira (6), durante evento do Instituto Fernando Henrique Cardoso.

O economista defende a atualização do arcabouço institucional pretendido pela PEC (proposta de emenda à Constituição) que dá autonomia financeira e orçamentária à autoridade monetária.

Galípolo ressaltou que irá perseguir a meta inflacionária estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) de 3%.

“Eu tenho uma meta muito clara, que foi determinada por um comando legal. Não foi uma sugestão que me deram. E eu tenho muito apreço pelo estado democrático e direito, então o BC vai perseguir a sua meta e vai fazer o seu trabalho”, afirmou o presidente do BC.

O Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros para 15% ao ano, o maior patamar desde 2006, para conter a alta dos preços. Nos últimos 12 meses, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumula um ganho de 5,13%, acima da meta de 3% e do teto de tolerância de 4,5%.

“Se você vai receber gritos ou elogios, isso deveria ser cada vez menos relacionado com a personalidade. Quanto menos soubermos quem é o Copom e quem são as pessoas, mais evoluído vai ser para o país e melhor vai ser para o país”, completou Galípolo.

Diversos setores do governo Lula criticam o atual nível de juros, que pode acarretar em uma desaceleração do crescimento econômico.

“A meta é 3%. De maneira nenhuma, foi dado ao BC a liberdade de interpretar diferente o comando legal, e a banda é feita para absorver choques. Então, a gente persegue a meta de 3%, estamos em 5,1%, que é bastante acima, inclusive, da banda superior da meta”, afirmou Galípolo.

O presidente do BC mencionou que 45,1% de itens que compõem o IPCA estão com uma inflação acima de 3%. Porém, em abril, eram 78,4% dos itens.

“A dispersão que temos da inflação parece bastante evidente, mas ainda enxergamos uma inflação de serviços e de componentes mais cíclicos, que não conseguem se beneficiar de concorrência com o mercado internacional, num patamar que está incompatível com o atendimento da meta”, afirmou Galípolo.

Ele também citou a inflação de alimentos, que chegou a 16,5% em abril, segundo a média móvel trimestral ajustada sazonalmente e anualizada, e caiu para 3,9% em agosto.

Apesar da desaceleração na alta dos preços, Galípolo reforçou a mensagem do Copom de que juros permanecerá restritivo por um longo tempo.

“O papel do Banco Central é fazer com que a inflação não seja um tema na vida das pessoas. Para quem faz negócio, para quem compra, o ideal é que a inflação esteja num patamar tão baixo que ela não afete as decisões econômicas”, afirmou o economista.

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